Review: Tony Hawk's Pro Skater 1 + 2
Remake impecável marca retorno da era de ouro dos games de skate
Jogar Tony Hawk's Pro Skater 1 + 2 me deixou bem confuso. O remake faz tudo tão bem e com tanta leveza que é impossível não se questionar sobre a última década e meia da franquia. Se eles tinham a fórmula do sucesso em mãos, por que fomos obrigados a sofrer com a tosqueira de Tony Hawk's 5 e Tony Hawk's HD?
Ele faz tudo o que o fã de game de skate gosta de desfrutar. Deve ser por isso que eu não paro de jogar.
Assim como fizeram com o recente remake de Crash Team Racing, a Activision encontrou uma maneira de reproduzir com fidelidade a mecânica clássica de Tony Hawk's ao mesmo tempo em que incrementa a experiência com extras, como mais itens cosméticos e novos desafios.
O resultado é um game que oferece, ao mesmo tempo, uma viagem nostálgica pelo túnel do tempo e um vislumbre animador do que pode ser o futuro da franquia.
Como o nome do game indica, Tony Hawk's 1 + 2 combina o conteúdo dos dois primeiros títulos da série em um único pacote. Jogadores podem optar por enfrentar as duas campanhas na ordem que desejar, sabendo que a mecânica de jogo é a mesma em todas as fases.
Os controles e a física do jogo remetem diretamente aos capítulos originais, ainda que contem com mudanças que modernizam a experiência. A inclusão de reverts e wall plants, por exemplo, expande o leque de opções que o jogador tem na hora de montar combos, e aproximam a mecânica daquela vista em títulos posteriores da franquia, como Tony Hawk's Underground.
Na medida em que progride pelas campanhas, o jogador consegue desbloquear novos skatistas ou até mesmo criar seu próprio avatar, e em seguida utilizar pontos de atributos para incrementar suas capacidades atléticas. Certos atletas tem habilidades específicas padrões, mas até mesmo seus pontos fracos podem ser melhorados com pontos bem colocados.
Quando os controles fluem tão bem quanto neste remake, o trunfo da série Tony Hawk's fica evidente: andar de skate nesses mapas sempre é divertido. Até mesmo quando você ainda está aprendendo os comandos básicos. Cada queda custa apenas alguns segundos, e logo você já pode tentar aquele combo absurdo de novo. E como os comandos são interpretados com precisão pelo jogo, a frustração de errar é minúscula em comparação com a satisfação de acertar.
A maior mudança para a jogabilidade é a animação de 'glitch', que recoloca o jogador de volta na shape com grande agilidade após uma queda. O artifício visual pode incomodar alguns por parecer fora de contexto, mas a novidade acelera a ação de uma maneira muito positiva.
Em cada nova fase, o jogador tem duas missões importantes: realizar sequências mirabolantes de manobras para pontuar, e encontrar itens colecionáveis e saltos difíceis que servem para liberar mais pistas.
Assim que um novo mapa é desbloqueado, ele fica disponível também para o modo de acesso livre e para competições multiplayer, que podem ser online ou locais via tela dividida.
Desbloquear todos os mapas do jogo não é um processo demorado. Mas Tony Hawk’s 1 + 2 incrementa sua longevidade com centenas de desafios opcionais, que premiam os jogadores com pontos de experiência e dinheiro para a compra de cosméticos a todo o momento. Existem objetivos específicos para cada skatista, missões envolvendo tipos de manobras e combos, e até mesmo tarefas que só podem ser cumpridas no modo Criar-Sua-Pista.
Esta última opção, inclusive, também complementa a vida útil do game: a ferramenta criativa já existia nos games originais, mas foi expandida em 1 + 2 com uma interface muito mais simples e com as impressionantes rampas inteligentes. Com elas, o jogador pode criar half-pipes e outras formas e alterar livremente suas propriedades e aparência, tudo de uma maneira bem intuitiva.
O modo Criar-Sua-Pista deve ser visto com bons olhos até mesmo por jogadores que não têm uma veia criativa, já que as novas opções de compartilhamento online permitem que fases criadas por todos os jogadores sejam baixadas a qualquer momento. Há ainda pistas especiais criadas pelos próprios desenvolvedores da Vicarious Visions usando exclusivamente a ferramenta disponível para os jogadores.
Em termos de apresentação, Tony Hawk's 1 + 2 também acerta no equilíbrio entre ontem e hoje. O estilo gráfico é o mesmo 'realismo cartunesco' de antes, e skatistas das antigas como o próprio Tony aparecem no jogo com seus visuais atuais, mais experientes. Já a parte musical consegue reunir clássicos das trilhas originais com bem-vindas adições, além de outras canções que claramente já deviam estar lá desde os anos 2000, como Charlie Brown Jr. com "Confisco."
Jogar um Tony Hawk’s clássico com os visuais de um jogo de 2020, da mesma maneira que a coletânea de remakes de Crash Bandicoot, faz com que qualquer fã vislumbre um futuro promissor para a marca. Até mesmo o fato de como a lista de skatistas disponíveis reúne medalhões, como Bob Burnquist, e atletas da nova geração, como Leticia Bufoni, parece indicar que a Activision quer dar prosseguimento a esta que já foi uma de suas maiores franquias.
Em todo caso: vivemos novamente em um mundo em que jogar Tony Hawk’s Pro Skater é legal. Com Skate 4 no horizonte, a era de ouro do gênero definitivamente está de volta.