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Review: Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection

Uma grande viagem no tempo com nostalgia e documentação histórica

Por Rodrigo Guerra 30.08.2022 09H53

Nos anos 1990, eu era apenas um pré-adolescente, mas lembro muito bem da minha rotina. Lição de casa, brincar na rua da minha avó, jogar videogame. De vez em quando, sobrava um dinheirinho de troco do supermercado, que podia ser usado para comprar um doce de abóbora em formato de coração ou umas fichas de fliperama. Essas fichas eram a fonte de diversão de um jovem daquela época: Street Fighter, The King of Fighters, Metal Slug e, obviamente, Teenage Mutant Ninja Turtles: Turtles in Time (ou só Tartarugas Ninja).

30 anos depois, me vejo com memórias saudosistas, tentando reviver boas lembranças. Entretanto, tudo o que me vem à cabeça é que nunca consegui ver o final de Tartarugas Ninja no arcade. E olha que tentei de tudo: jogar com quatro amigos, pegar continue de alguém que tinha chegado longe. Todas tentativas frustradas. 

Konami / Digital Eclipse via The Enemy

Recentemente, isso mudou. Inclusive, quando tive a oportunidade de colocar minhas mãos em Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection, nem sequer comentei com a equipe do The Enemy. Era a minha chance de fazer o review e, com isso, relembrar esse tempo nostálgico.

Ao todo, são treze jogos no pacote, que tenta, justamente, pegar a galera mais velha no pulo do gato da nostalgia. Todos os jogos lançados nos tempos áureos dos arcades e dos consoles de 8 e 16 bits reunidos em um único compilado e a um clique de distância.

Konami / Digital Eclipse via The Enemy

Nem preciso dizer que Turtles in Time foi meu foco imediato. No entanto, o pacote inteiro está recheado de títulos muito bons e outros de cuja existência eu nem me lembrava, como era o caso de The Manhattan Project, lançado para o NES, e que nunca chegou ao Brasil de maneira oficial. Devo confessar, aliás, que alguns jogos mereciam ficar no passado mesmo. Seja em memórias ou em um museu.

A minha viagem no tempo (já peço desculpa pelo jogo de palavras), não ficou apenas em Turtles in Time. The Hyperstone Heist também gerou um calorzinho no meu coração. O jogo do Mega Drive é mais bonito e empolgante do que eu me lembrava enquanto Tournament Fighters era bem mais divertido em minha memória. 

Konami / Digital Eclipse via The Enemy

A lista completa inclui: Teenage Mutant Ninja Turtles (Arcade e NES, 1989), Turtles in Time (Arcade, 1991), TMNT II: The Arcade Game (NES, 1990), TMNT III: The Manhattan Project (NES, 1991), TMNT: The Hyperstone Heist (Mega Drive, 1992), TMNT: Tournament Fighters (NES, Super NES e Mega Drive, 1993, 1994), TMNT: Fall of The Foot Clan, TMNT: Back From The Sewers e TMNT: Radical Rescue (estes últimos para Game Boy entre 1990 e 1993).

Você deve ter reparado que existem alguns jogos, como Tournament Fighters, que aparecem em mais de uma versão e acabam inflando a lista. Porém, em defesa da Digital Eclipse, isso é necessário em termos de preservação histórica. Todas as versões são diferentes entre si, pois, naquela época, os sistemas eram bem diferentes, e os games precisavam passar por profundas adaptações, o que acabou fazendo com que as versões fossem igualmente diferentes.

Konami / Digital Eclipse via The Enemy

Os jogos estão bem emulados e contam com alguns recursos que garantem maior liberdade ao jogador, como os já manjados save states, formato de tela e filtros. Porém, uma coisa bem legal é “voltar no tempo”, corrigindo alguns erros de progressão. Esse elemento é bem legal para jogos mais antigos, como TMNT II: The Arcade Game, que era incrivelmente difícil. No lugar de fazer o save state, você pode apenas “rebobinar” e não morrer à toa — o Guerrinha de 12 anos iria adorar essa função.

The Cowabunga Collection também permite que você jogue todos os títulos com amigos ou outros jogadores ao redor do mundo de forma cooperativa online. Infelizmente, os servidores estavam vazios nos meus testes. Afinal, tive de jogar antes do lançamento. De qualquer forma, essa possibilidade emula o bom e velho fliperama de bairro, onde quatro amigos jogavam juntos — com a vantagem de não gastarmos rios de dinheiro com fichas.

Konami / Digital Eclipse via The Enemy

Mais do que a simples nostalgia, The Cowabunga Collection traz diversos materiais extras, como publicidade de revistas norte-americanas e japonesas, documentos de criação dos jogos, revistas em quadrinhos, músicas originais e mais uma série de conteúdos com os quais nunca teríamos contato se não fosse pela curadoria da Digital Eclipse.

Konami / Digital Eclipse via The Enemy

Preciso dizer que passei mais tempo do que deveria admirando esse conteúdo extra. Fiquei embasbacado com os detonados que foram criados para cada um dos jogos. Deu até com vontade de voltar ao início da minha carreira, quando eu fazia os guias para as revistas de videogames — mas juro que essa vontade passou rapidamente.

No final das contas, The Cowabunga Collection é uma das melhores coletâneas de jogos que vimos nos últimos tempos. A Digital Eclipse realmente se dedicou a não fazer apenas um apanhado de ROMs emuladas com uma telinha legal de seleção, mas um trabalho digno de levar esses conteúdos que estavam perdidos para um público mais amplo.

Konami / Digital Eclipse via The Enemy

Se você é uma pessoa que gosta do cheirinho de naftalina que a nostalgia traz e se lembra dos desenhos animados dos anos 1990, Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection é imperdível. É uma viagem no tempo em forma digital que vale a pena ser experimentada por todas as pessoas.

 

Nota do crítico