Review: Genshin Impact

RPG grátis, 'clone de Zelda' é uma das surpresas mais agradáveis do ano

Por Pedro Henrique Lutti Lippe 08.10.2020 13H46

O jogo que antes de ser lançado era descartado por muitos como "aquele clone de Zelda" agora é um fenômeno.

Genshin Impact é, sim, um clone de Zelda: Breath of the Wild. Mas ele também é várias outras coisas: uma história mais profunda do que parece, um RPG de ação com combate inteligente, um mundo aberto lindo e envolvente, e, acima de tudo, gratuito para jogar.

Reprodução/miHoYo

Depois de provar o valor de seus sistemas de combate estilosos em Honkai Impact 3rd (que é basicamente Bayonetta para celulares), os chineses da miHoYo decidiram aplicar seus talentos em um projeto mais ambicioso. E bem na época que o projeto começou, o que vinha à mente quando se pensava em 'jogo ambicioso' era Breath of the Wild.

Toda a estrutura básica de Genshin Impact se apoia de maneira evidente no game de mundo aberto da Nintendo.

Utilizando um sistema de fôlego como o de Link, o game permite que jogadores escalem muralhas e cubram longas distâncias com a ajuda de um planador. E também como em Zelda, o mundo é muito reativo: uma flecha de fogo pode causar um incêndio que se alastra pela planície verde, e um ataque de gelo acaba congelando a superfície de um lago, por exemplo.

Mas o elemento de Breath of the Wild mais importante que Genshin Impact consegue recriar é o prazer da exploração. Há segredos por todos os lados: colecionáveis, baús valiosos, acampamentos de inimigos, calabouços ocultos, quebra-cabeças a céu aberto e mais. O jogador que escolhe um ponto cardeal no mapa e parte naquela direção sempre encontrará inúmeras pequenas surpresas no caminho. Ainda que a natureza do jogo seja repetitiva, a soma de todos os fatores faz com que ele pareça variado.

Reprodução/miHoYo

Antes de falar sobre como a ação do jogo funciona, porém, cabe elucidar o fator que separa Genshin Impact de todo o resto: seu formato.

Apesar de parecer, Genshin não é um RPG online, mas sim uma aventura para um único jogador com um modo cooperativo opcional. É uma proposta bem peculiar, especialmente se tratando de um jogo gratuito que é monetizado através de uma roleta 'gacha', comum em títulos como Summoners War e Fate/Grand Order.

Você pode enfrentar a jornada do início ao fim sem colocar a mão na carteira, mas dependerá de itens raros obtidos ao longo da aventura para ter a chance de invocar os melhores itens e personagens do jogo. Ou você pode aumentar suas chances ao desembolsar uma grana para girar a roleta quantas vezes quiser.

É um sistema que pode parecer bem nocivo, mas que não tem um impacto negativo na experiência. Afinal, Genshin não tem elementos competitivos - o que elimina a possibilidade dele ser 'pay to win'. Todas as missões de história e chefes opcionais que existem no jogo atualmente podem ser enfrentados tranquilamente com os recursos gratuitos que o jogo oferece, como personagens '4 estrelas' e armas e artefatos que são encontrados em baús pelo mundo.

Reprodução/miHoYo

A qualquer momento, o jogador tem o comando de uma equipe de quatro guerreiros. Mas eles não aparecem no campo de batalha ao mesmo tempo. Em vez disso, o jogador consegue alternar o controle livremente entre os personagens com o pressionar de um botão.

Cada guerreiro tem habilidades e um elemento diferente - alguns exemplos são Anemo (vento), Geo (terra), Pyro (fogo) e Cryo (gelo). A estratégia de batalha ideal envolve combinar esses elementos de maneira inteligente para dar cabo dos oponentes com eficiência. Um exemplo: você pode utilizar um personagem para encharcar o corpo de um inimigo, e em seguida trocar o controle para um outro personagem que seja capaz de eletrocutá-lo.

É um sistema de batalha dinâmico, que faz com que até mesmo enfrentamentos contra inimigos fracos sejam envolventes. Encontrar as combinações de magias que mais fazem estrago com cada configuração possível de personagens é um processo muito divertido.

Reprodução/miHoYo

O maior problema do jogo em seu estado atual é o multiplayer burocrático. Demora horas e horas para que o modo cooperativo seja desbloqueado, e ele limita muito a ação - impedindo, por exemplo, que jogadores visitantes consigam abrir baús ou progredir na história nos mundos de seus amigos.

O desinteresse do próprio game no modo multiplayer deixa claro que a experiência narrativa solitária é o foco. O jogador controla o Viajante (ou a Viajante), um ser misterioso que atravessava diversos mundos, mas acabou ficando preso em Teyvat após ser interrompido por um deus. Com a promessa de mais missões de história e expansões para o cenário, porém, a história ainda tem ares de prólogo para algo maior.

Genshin Impact já é uma experiência muito proveitosa, mesmo que ainda esteja apenas em sua infância. O mundo aberto do jogo só tem duas das sete áreas planejadas - o resto chegará via atualizações gratuitas -, mas já é gigantesco e repleto de surpresas. Sendo ele grátis, a recomendação é clara: baixe e descubra se o game é ou não para você em primeira mão.

Já disponível para PC, iOS, Android e PlayStation 4, Genshin Impact também já tem uma versão de Nintendo Switch anunciada, mas que ainda não tem data de estreia confirmada.

Nota do crítico