Review: Diablo IV é a prova de que a Blizzard ainda sabe fazer games incríveis
Diablo IV é um jogo sensacional que mostra que a Blizzard sabe ouvir os fãs
O Santuário nunca terá paz. Não importa quantos heróis, Horadrins, anjos e demônios sejam sacrificados nesta terra desolada e esquecida pelos criadores. O mal e o bem sempre vão usar este lugar como palco desta guerra interminável que, por eras, vem sendo travada e não tem um vislumbre de seu fim. É neste ambiente que vamos viver nos próximos anos enquanto nos preparamos para a guerra final entre o céu e inferno, caso um dia ela aconteça.
Lilith, a Filha do Ódio, retornou e trouxe consigo as crias do inferno para acabar com a influência do anjo Inário e da Catedral nesta terra maldita. Porém, um grupo de guerreiros vai tentar acabar com esta batalha de uma vez por todas e, quem sabe, salvar o mundo dos homens do sofrimento eterno.
É neste cenário que somos apresentados a Diablo IV, o jogo da série de RPG de ação que revolucionou o gênero, criou uma legião de seguidores e tem a difícil missão de resgatar a reputação da Blizzard, que há anos vem sendo criticada por não ouvir os fãs e por ter sido engolida pela política mercadológica predatória da Activision.
De volta à boa forma
Diablo IV resgata a aura mágica que existe atrás dos portões do Campus de Irvine, adicionando não apenas toques especiais, mas mostrando-se aberto a aprender com aqueles que um dia foram seus pupilos.
Com uma história potente, visceral e pulsante, Diablo IV reuniu os melhores autores da Blizzard para fazer deste conto uma experiência comovente e instigante, apresentando personagens críveis com histórias representadas por diálogos inteligentes e ambições próprias. Você sente que cada personagem principal existe por um motivo e que suas ações são fundamentadas e coerentes.
Não vamos dar spoilers da história em si, mas é revigorante ver que a trama principal e seu desfecho foram tratados com o mesmo cuidado que a Blizzard tem por World of Warcraft, tornando a sua jornada por Santuário ainda mais satisfatória e empolgante. Lorath, o Horadrim eremita, se une a você na busca de impedir que Lilith consiga se apoderar das forças do Inferno.
No caminho, vocês vão descobrir outros personagens que também desejam acabar com o mal, cada um com suas próprias ambições e métodos. Durante sua busca, você conhecerá pessoas que apenas querem viver suas vidas e sentir-se seguras na medida do possível nesta terra desgraçada. Além disso, Diablo IV se preocupa em não apenas criar um conto visceral, mas também tornar as missões secundárias tão envolventes quanto a história principal. E é claro, há muitas histórias engraçadas para aliviar o clima tenso.
O mesmo pode ser dito do mundo, rico e intenso, como os vales nevados das Cimeiras Fraturadas, os pântanos de Hawezar e os desertos do Kehjistão. Esses cenários contam histórias de séculos de guerras e desolação, civilizações que foram destruídas e abandonadas, impérios constituídos pela fé esacrifício dos plebeus.
Ao abandonar os cenários gerados dinamicamente e se esforçar para criar um mapa detalhadamente projetado, a Blizzard conseguiu fazer com que suas aventuras em Santuário sejam desfrutadas e se tornem memoráveis.
A Evolução do RPG de Ação
Sólido e refinando tudo o que a série construiu desde sua fundação, Diablo IV também se aproveita das adições que foram implementadas nos jogos do gênero, como Torchlight e Path of Exile, trazendo dinamismo ao jogo com sistemas de combos de habilidades que dão ao jogador a liberdade de superar seus desafios pessoais.
O sistema de evolução de personagem, por exemplo, remonta aos tempos áureos de Diablo II, permitindo que você crie seu herói à sua maneira, com suas escolhas de habilidades para evoluir e melhorar. Mas esse sistema também é moderno, permitindo que o jogador altere sua "build" para experimentar novas formas de combater o mal em Santuário.
Em outras palavras, você só vai querer criar um novo personagem principal caso seja iniciada uma nova temporada, revisitar a história ou qualquer que seja o seu motivo. Mas nunca será porque tomou uma péssima decisão na hora de escolher onde gastar pontos de habilidade.
Cada classe tem seu charme e apelo, como você deve ter percebido durante os diversos testes públicos disponibilizados pela Blizzard nos últimos anos. Os Renegados são ágeis e traiçoeiros, os Necromantes são temidos por seus exércitos de abominações, os Druidas dominam as forças da natureza e assim por diante.
Vale ressaltar, no entanto, que as classes de Diablo IV só começam a mostrar seu potencial completo após o fim da história, no "end game". Isso sempre foi verdade em todos os jogos da série, mas Diablo IV deixa isso mais evidente, principalmente pela quantidade de novas mecânicas e sistemas que são apresentados após o confronto final.
Um exemplo claro disso são as Masmorras do Pesadelo, que trazem desafios poderosos e tesouros igualmente valiosos. Essas dungeons exigirão que você utilize toda a sua habilidade para destruir os monstros e adversários que preenchem seus corredores.
Claro, a grande maioria dos itens que você coletar se transformará em lixo ou em materiais para evoluir os equipamentos do seu personagem, mas isso é esperado em um jogo desse gênero. No entanto, a cada evolução de suas armas, você se sentirá mais poderoso e mais capaz de enfrentar desafios maiores.
Existem também as Masmorras "comuns", espalhadas pelo jogo, que podem ser experimentadas a qualquer momento e concedem poderes para seus equipamentos. São mais de 120 masmorras espalhadas pelo cenário, onde você poderá pilhar e destruir os exércitos nefastos.
Para se deslocar de um lugar para outro, você precisará caminhar bastante. Diablo IV é bastante econômico na quantidade de Marcos de Senda (os pontos de teletransporte), e o mapa é gigantesco, talvez o maior mapa de toda a história da franquia. Existem áreas enormes sem atalhos, mas isso é proposital para fazer o jogador batalhar para chegar ao seu destino desejado ou, simplesmente, sair correndo deixando todos os inimigos para trás.
No início, isso pode ser um tanto frustrante, principalmente para quem está apressado para avançar na história e escrever uma análise. Porém, quando você consegue realizar a missão para obter sua montaria, a navegação muda completamente.
Montado em um cavalo, você poderá percorrer os campos de Santuário tranquilamente, pois a maioria dos adversários não atacará seu personagem enquanto ele estiver a cavalo. Além disso, você poderá literalmente saltar do seu companheiro, desferindo um golpe poderosíssimo em seus inimigos, e essas animações são simplesmente fantásticas.
É preciso dar crédito à Blizzard, que não desperdiçou os ensinamentos adquiridos com Diablo III. Diablo IV traz de volta o sistema de Excelência, expandindo ainda mais as formas dos jogadores se tornarem mais poderosos. Os Glifos de Excelência, por exemplo, acrescentam mais variedade para os jogadores no end game, pois eles fornecem bônus específicos para sua especialização.
O futuro
No entanto, gostaria de ressaltar que a Blizzard precisa ser mais ágil com as atualizações de Diablo IV do que foi com Diablo III. Ao que tudo indica, a empresa aprendeu com outros jogos "vivos", como Genshin Impact e Destiny, e prometeu novidades de jogabilidade e continuação da história com as temporadas que chegarão no futuro. Esse também foi um problema enfrentado por Overwatch, mas parece estar sendo corrigido com Overwatch 2.
Diablo voltou, e a sensação é de que esse é um jogo fruto daquela Blizzard que aprendemos a admirar. Há muito mais coisas que eu gostaria de mencionar, mas a jornada do end game ainda tem muito a ser percorrida. No entanto, tenha certeza de que Diablo IV é um dos melhores jogos da série, e o tempo dirá se será o melhor.