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Review: Devil May Cry 5

Excelência e variedade marcam o retorno triunfal de Dante e companhia

Por Claudio Prandoni 07.03.2019 12H02

Quem estava com saudades de Devil May Cry pode comemorar: DMC5 é um jogo caprichadíssimo, que respeita todo o legado da série, mas também não tem vergonha de ousar, inovar e fazer diferente em alguns aspectos.

Para quem nunca jogou (e isso é compreensível, já que se passaram seis anos desde o excelente e controverso DmC e onze anos desde DMC4), a obra dirigida por Hideaki Itsuno é uma excelente aventura, uma história fechada que não exige conhecimento prévio para ser aproveitada e um hack’n slash de primeira categoria.

Devil May Cry 5 se destaca pela excelência na variedade. Ao longo de pouco mais vinte missões e cerca de doze horas de partida você tem à disposição três personagens com estilos bem diferentes de jogo - sendo que cada um também conta com enorme cardápio de habilidades e golpes para utilizar.

Nero desponta como o personagem principal da trama e traz uma jogabilidade mais equilibrada, conciliando os golpes de espada e tiros de pistola clássicos da série (e do gênero, como a gente vê tão bem em Bayonetta, por exemplo) com a novidade dos Devil Breakers, braços mecânicos dotados de poderes especiais que quebram conforme são usados.

Aqui chama atenção mais uma vez a enorme seleção e versatilidade dos Devil Breakers: há braços que atiram projéteis, para fazer esquivas, para atacar grupos grandes de inimigos e assim por diante. Pessoalmente, fiquei incomodado no começo ao perceber que os braços eram facilmente descartáveis, já que quebram com golpes de inimigos e para trocar o Devil Breaker é necessário se desfazer do que está em uso, mas há tantos outros que aparecem pelo cenário que a situação toda é mais um incentivo à experimentação do que uma limitação.

Dante aparece só lá pela metade do jogo e aperfeiçoa o que foi visto em Devil May Cry 3. O caçador de demônios veterano pode alternar entre quatro estilos de luta diferentes ao simples toque de um botão e conta com um arsenal variado de armas brancas e de fogo.

Por fim, a adição de V é uma excelente surpresa e uma maneira realmente empolgante para inovar o gênero. O novato dá ordens a um pássaro e uma pantera que atacam por ele, à distância. Ao encher parte da barra de especial é possível invocar um enorme monstro, com ataques fortes e lentos. Há um detalhe: para finalizar os inimigos é necessário tirar toda a barra de vida atacando com as criaturas e finalizar com um golpe do próprio V, um esquema que dá uma dinâmica muito diferente, empolgante e estratégica às fases e batalhas contra chefes com o novo personagem.

Esses três estilos diferentes encontram cenário perfeito para crescer e brilhar graças ao clássico sistema de combate de Devil May Cry, que incentiva variedade, precisão e estilo para ganhar mais pontos e assim poder desbloquear ainda mais poderes para os personagens - e acredite, DMC5 reserva algumas paradas muito loucas pelo caminho.

Não bastasse o desafio de enfrentar os inimigos, a busca pela pancadaria mais estilosa vira um desafio particular para quem joga, servindo de estímulo a testar todos os Devil Breakers, mudar os estilos de Dante no meio do combo e buscar as melhores maneiras de conectar os ataques das sombras de V e como melhor posicionar ele nas arenas para finalizar de forma certeira.

Quem curte este tipo de jogo provavelmente vai se divertir bastante refazendo as fases com mais skills e equipamentos para buscar notas melhores - e achar alguns itens e missões secretas pelo caminho.

Em termos técnicos, elogiar a RE Engine já virou chover no molhado: assim como em Resident Evil 7 e no remake de RE2 os gráficos são impressionantes, com expressões faciais impressionantes, cenários cheios de detalhes e efeitos e uma fluidez de encher os olhos. Qualquer Devil May Cry exige movimentos rápidos e respostas precisas nos controles e o motor gráfico da Capcom entrega tudo isso em DMC5.

Ainda assim, eu me incomodei um pouco em alguns trechos de aventura, que exigem saltos em plataformas ou travessias por corredores apertados, que muitas vezes me foram incômodos e pareciam desnecessários, quebrando um pouco o ritmo. O ponto forte do jogo está nos combates em grandes ambientes e tudo parece construído em torno disso, desde os golpes dos personagens até a maneira como eles se movimentam. Mera questão pessoal que certamente não vai incomodar outras pessoas.

Em todo o restante o jogo é puro delírio: a trilha sonora fenomenal pontua os combates de forma intensa, especialmente quandos os temas dos personagens começam a tocar plenamente, com vocal e tudo - muita gente ainda deve estar com a empolgante Devil Trigger na cabeça e garanto que isso vai continuar ao jogar. Sem reviravoltas lá muito surpreendentes, a história é bem contada e traz momentos emocionantes e empolgantes, além de mexer bastante com a mitologia da franquia.

Demorou, mas valeu a espera. Devil May Cry 5 mantém a excelente fase da Capcom dos últimos dois anos e traz de volta em pleno esplendor a clássica série que lançou e consolidou o gênero hack’n slash com a qualidade que se espera de um título deste calibre e novidades na mecânica que devem influenciar outros jogos do tipo nos anos por vir.

Nota do crítico