Review: Call of Duty: WWII
Combates com a qualidade de sempre, mas sem inovação alguma
Após diversos experimentos futuristas, a série Call of Duty enfim deu a volta e olhou para o passado para inovar. Pena que nessa tentativa de buscar inspiração na nostalgia o resultado seja um jogo pra lá de acomodado.
Call of Duty: WWII leva a ação de volta à Segunda Guerra Mundial, como foram os primeiros títulos da série, e mostra a história de Ronald Daniels, um soldado novato no exército americano que participa de episódios icônicos do conflito global, como a Batalha da Normandia.
O roteiro joga seguro demais e traz pouca variedade à fórmula e até mesmo para histórias do gênero. Trata-se de um conto clichê de camaradagem e sacrifício, como explorado à exaustão por filmes, séries, livros e outras mídias.
Em essência, o jogo é uma experiência linear com inimigos pouco inteligentes para abater pelo caminho, como se fossem grandes galerias de tiro virtuais. Os adversários não oferecem lá muita criatividade ou desafio, assim como os cenários, com poucas opções de caminhos para explorar.
O roteiro joga seguro demais e traz pouca variedade até mesmo para histórias de guerra
É verdade que às vezes aparece uma situação diferente, como pilotar um jipe para perseguir um trem, usar um canhão antiaéreo para abater aviões inimigos ou até dar cobertura a um companheiro usando um rifle de franco-atirador, mas é tudo muito breve e sem profundidade.
Mesmo quando o jogo se permite alguma ousadia o resultado é um tanto quanto sem graça: em certo ponto o jogador encarna uma espiã que invade uma base alemã e deve procurar por um informante. O ritmo furtivo traz alguma variedade e ânimo ao jogo, mas é uma experiência stealth sem desafio ou refino algum - tudo se resume a andar de um ponto a outro dentro de um grande escritório.
- Desenvolvedora de CoD: WWII queria produzir sequência de Advanced Warfare
- CoD: WWII mal foi lançado e já superou as vendas de Infinite Warfare
- Em homenagem a CoD WWII, Activision recria moto da 2ª Guerra Mundial
- Brasil receberá Call of Duty World League em 2018
Call-of-Duty-WWII
Ao menos, todo o lado técnico de Call of Duty: WWII honra o legado da série e aparece de forma impecável, com cenários detalhadíssimos, animações críveis e um trabalho de som sensacional, que transmite bem o impacto de tiros, gritos e explosões nos campos de batalha.
A mesma qualidade vale para as outras partes do pacote, os sempre populares combates online e o modo zumbi.
O multiplayer online até ganha novos ares pela mudança de ambiente, já que traz armas mais simples e dispensa habilidades mirabolantes, como pulos duplos e outras traquitanas tecnológicas. É tudo mais simples e por isso mesmo mais desafiante e tenso, já que habilidade nos controles e reflexos rápidos ganham peso maior.
A principal novidade é o modo War, que vai soar bem familiar para fãs de Battlefield:duas equipes se enfrentam e objetivos específicos são definidos, como defender um ponto do mapa ou destruir um tanque, e isso vai mudando conforme os rounds avançam. A variedade é bem vinda, mas fica a impressão de que CoD está correndo atrás do prejuízo e oferecendo algo que já faz sucesso no rival da forma mais rápida possível.
Entra em cena também um espaço social, que por vezes lembra as áreas públicas de Destiny, mas que traz pouquíssima interação entre jogadores e serve mais como um menu disfarçado para gerenciar habilidades, missões ativas e a compra de loot boxes, com itens cosméticos e novos equipamentos para comprar - com dinheiro de verdade ou a moeda virtual do game.
A campanha temática de zumbis, por sua vez, não se esforça muito para se diferenciar do passado. Continua o esquema de ondas de mortos-vivos para enfrentar ao lado de amigos online. Derrote os monstros, ganhe dinheiro, compre novos equipamentos e armadilhas e assim sucessivamente. Simples, eficiente e divertido, mas um bocado repetitivo também.
A maior diferença aqui fica por conta da mudança de tom, mais sombrio do aquele estilo filme trash dos títulos anteriores.
A história mostra criaturas bizarras e assustadoras e aposta nos talentos de atores famosos (como David Tennant, Élodie Young e Ving Rhames) para dar algum carisma aos personagens, ainda que isso não faça lá muita diferença na ação.
Call of Duty: WWII consegue realizar o trabalho de colocar a popular série de tiro da Activision de volta aos trilhos rumo ao sucesso (como os números de venda já têm mostrado), mas faz ao isso custo da ousadia que justamente fez a franquia se destacar no passado.
O capricho técnico é notável nos gráficos e parte sonora impressionantes, mas a história é pra lá de batida e mesmo o multiplayer e o modo zumbi apostam em ideias consagradas que já apareceram do mesmo jeito, ou com até mais qualidade, em episódios anteriores.
Call of Duty: WWII está disponível para PlayStation 4, Xbox One e PC. O jogo foi testado em um PlaySation 4 padrão. Clique no nome das plataformas para conferir o preço em sua versão digital.