5 anos de Overwatch: Ascensão, queda e ressurgimento
Hero Shooter da Blizzard passou por péssimas decisões e perdeu o brilho. Há esperança para seu futuro?
Cinco anos de Overwatch: o jogo que teve uma ascensão meteórica no período de lançamento, ganhou muitos conteúdos, mas perdeu o gás e acabou sendo engolido pelos concorrentes gratuitos. Desde 2016, o hero shooter da Blizzard gerou burburinho, comoção em diversas mídias e até virou um grande esporte.
Na semana em que completa meia década de existência, vamos relembrar como o jogo, que surgiu dos restos mortais do MMO futurista Titan, alcançou tanto e, eventualmente, ficou tão para trás.
Lançado inicialmente para PlayStation 4, Xbox One e PC (posteriormente, também no Nintendo Switch), Overwatch é totalmente multiplayer. Com personagens carismáticos, a Blizzard conseguiu criar uma comunidade, sobretudo com os fãs mais fiéis, que vão desde artistas e cosplayers até os pro-players.
Um início meteórico
Overwatch chegou trazendo muita diversão e partidas imprevisíveis. Recheado de personagens carismáticos com mecânicas bem distintas, alguns mais fáceis de jogar (como Soldado-76, Reinhardt, Mercy) e outros mais difíceis de dominar (Hanzo, Genji), o jogo abriu os olhos da comunidade com diferentes opções para cada perfil de jogador.
Além disso, Overwatch trouxe uma quantidade enorme de cosméticos que os jogadores ganhavam ao disputar partidas e subir de nível, o que garante as famigeradas caixas de itens, também conhecidas como lootboxes. É claro que era possível comprar os cosméticos separadamente usando uma rara moeda in-game, mas essa estrutura para aquisição de itens apenas aumentava a vontade de continuar jogando.
A Blizzard também começou a adicionar novos conteúdos e eventos para manter a comunidade engajada. Partidas ranqueadas, novos personagens (que ganharam HQs e curtas animados) e até mesmo os personagens aparecendo em outros jogos da empresa. Diablo III, por exemplo, recebeu diversos itens inspirados em OW, como Mercy, ou a aparição de Tracer em Heroes of The Storm. Com todos esses incentivos, em pouco tempo a base de jogadores ultrapassou 10 milhões e continuou crescendo.
Outro fator importante para manter o interesse em um game de desenvolvimento contínuo são os esports, e a Liga Overwatch veio com bastante investimento da Blizzard, trazendo o inédito modelo de franquias e que acabou sendo adotado por outros jogos, como League of Legends.
Nesse meio tempo, a produtora organizava, de vez em quando, finais de semana gratuitos para os jogadores conhecerem o jogo e jogarem com mais amigos. Esses eventos ajudaram a aumentar a base instalada e, então, os desenvolvedores começaram a implementar os “eventos sazonais”.
Trazendo a experiência já adquirida em World of Warcraft, Overwatch recebeu diversos eventos temporários com muitos cosméticos como recompensas: Halloween, Evento de Natal, Evento de verão, Ano Novo Lunar e tantos outros. Depois, foi adicionado o evento de Arquivos, atendendo a um desejo antigo da comunidade de ter “conteúdos de história” dentro do próprio jogo.
O tempo provou que todas essas ações não foram fortes e constantes o suficiente para manter os usuários ativos e, logo, a falta de recompensas mais parrudas acabou se mostrando uma pedra no sapato da Blizzard.
Perda de popularidade
Contra dados não há argumentos: Overwatch passou por uma queda na quantidade de usuários ativos. Em 2019, o jogo chegou a registrar “apenas” 4 milhões de jogadores ativos mensalmente. Contudo, os números voltaram a crescer em abril de 2021, quando o game chegou a ter 6.5 milhões de jogadores — porém, ainda longe dos tempos áureos.
O número de jogadores ativos pode parecer alto. Porém, ao colocar lado a lado com a quantidade de cópias vendidas, percebe-se que as coisas não são o que parecem. Segundo o último relatório fiscal, 60 milhões de pessoas já compraram Overwatch. Ou seja, apenas 10% da base continua investindo tempo no jogo.
Os motivos para isso são os mais diversos: concorrentes de peso chegaram ao mercado e souberam lidar muito melhor com a maneira de manter jogadores ativos em seus jogos. Quando a Blizzard percebeu esse ponto fraco e conseguiu encontrar sua “fórmula” para manter o engajamento da comunidade (com os eventos sazonais e os desafios únicos e temporários com itens cosméticos e skins), já era tarde: muitos jogadores veteranos tinham abandonado o jogo.
Outro fator que irritou parte da comunidade foram as fortes mudanças e balanceamento de personagens, como habilidades que foram refeitas e as “supremas” (habilidades mais poderosas) alteradas de forma drástica. A Mercy foi quem recebeu o pior nerf: sua Suprema ressuscitava toda a equipe e passou a ser uma habilidade que a permitia voar pelo cenário.
Em julho de 2019, a empresa foi duramente criticada quando incluiu no jogo a fila ranqueada dividida por funções, forçando a estrutura do time a ser composta por 2 Tanques, 2 Atacantes e 2 Suportes. Isso gerou uma intensa discussão na comunidade e as filas ficaram ainda mais demoradas para encontrar jogadores, chegando a até 10 minutos de espera.
A Blizzard só foi remediar esse problema em novembro de 2020, quando adicionou o passe prioritário, que incentiva os jogadores a irem no “Modo Flexível”, que se tornou um dos modos mais populares nas filas ranqueadas.
Voltando aos eixos
Ao ver o crescimento de concorrentes como Fortnite, os desenvolvedores fizeram alguns eventos experimentais e únicos com itens cosméticos. Os primeiros que ganharam popularidade foram da D.Va Nano Cola e da Mercy Rosa. Essa última arrecadou mais de 12 milhões para as pesquisas no tratamento de câncer de mama — e, depois, os eventos começaram a aparecer com frequência.
Cada evento engaja a comunidade de 2 maneiras: pessoas assistindo as lives dos criadores de conteúdo (na Twitch com o sistema da Twitch Drops) e vencendo as partidas. Anteriormente, os eventos eram isolados, mas depois foram “incorporados” nos eventos sazonais: a cada evento sazonal, 3 personagens ganhavam conjuntos cosméticos únicos e era necessário garantir eles na semana em que estavam disponíveis.
O modelo começou a sofrer mudanças nos eventos mais recentes: no evento de Arquivos, foi implantado um modelo de estrelas, que incentivava a escolher uma das contendas para ganhar estrelas em dobro — e, consequentemente, reduzir o tempo para conseguir os cosméticos. Cada semana foi uma contenda escolhida.
Para a edição deste ano do evento de aniversário foi usada a quantidade de partidas: será necessário jogar 9, 18 e 27 partidas a cada semana para conseguir um ícone, spray e skin (respectivamente).
Mas ainda é difícil concorrer com Fortnite, que, além de ser gratuito, traz a força dos personagens da cultura pop e dos esportes tradicionais, além de temporadas recheadas de skins e mudanças estruturais no jogo.
Ainda existe uma luz no fim do túnel — ou assim esperamos.
Overwatch 2
Em 2019, a Blizzard anunciou Overwatch 2, o que já era esperado pela comunidade devido a diversos vazamentos que antecederam a revelação oficial na Blizzcon daquele ano. O novo jogo terá como principal pilar as batalhas PVE e será mais focado em contar histórias dentro de seu universo.
Após passar por diversos meses sem conteúdos originais, Overwatch recebeu, no dia 18 de maio, um grande anúncio com diversas skins originais e um novo evento em comemoração aos seus cinco anos de existência. A empresa promete revelar mais novidades sobre Overwatch 2 nesta quinta (20).
Talvez estejamos vendo um novo futuro para a série. Talvez seja apenas uma sinalização para os fãs esperarem uma guinada na forma com a qual a Blizzard encara sua quarta franquia. Porém, é uma sinalização de que as coisas podem mudar para melhor.