EA não forçou Bioware a usar a Frostbite em seus jogos, diz ex-chefe
Aaryn Flynn deixou a companhia em 2017
Durante a GDC 2018, o antigo gerente geral da Bioware, Aaryn Flynn - que deixou os estúdios em julho do ano passado - fez uma entrevista com o podcast Splitscreen, do Kotaku, onde revelou que, ao contrário do que se imagina, a Electronic Arts não forçou a produtora a usar o motor gráfico Frostbite Engine, da DICE, em seus jogos.
“A decisão foi nossa”, declarou. “Estávamos finalizando Mass Effect 3 e tínhamos acabado de lançar Dragon Age II e sabíamos que nossa engine Eclipse, que usamos para trabalhar em DA II, não iria aguentar para futuras iterações de Dragon Age.”
“Ela não era capaz de fazer mundos abertos, o renderizador não era forte o suficiente, este eram os dois grandes [problemas]. Pensamos no multiplayer também, já que a Eclipse era só single-player.”
“Conversamos internamente sobre três opções: poderíamos ter acabado com a Eclipse e começado a trabalhar em algo novo por conta própria, poderíamos seguir com a Unreal Engine, ou poderíamos pegar a Frostbite que tinha mostrado resultados promissores na renderização das coisas e havia compatibilidade com multiplayer.”
“No fim das contas, falamos com as pessoas e eles gostaram muito da opção da Frostbite e, voltando à ideia de ser parte de uma comunidade, havia mais e mais equipes [na EA] que estavam considerando a Frostbite. Foi uma decisão que eu fiz depois de todos os mergulhos técnicos, provavelmente no fim de 2011.”
A Frostbite foi utilizada tanto para Dragon Age Inquisition quanto para Mass Effect Andromeda, além do próximo grande lançamento da Bioware, Anthem.
O problema é que, embora seja ideal para jogos de tiro e ambientes mais controlados, o motor gráfico não é tão bom para lidar com elementos mais expansivos e diversos de um RPG, o que levou os desenvolvedores e programadores a quebrar a cabeça para criar um sistema de animações e inventário próprios - e fonte de muitas críticas em Inquisition e principalmente em Mass Effect Andromeda.
Flynn, por outro lado, acredita que apesar disso, a decisão de adotar a Frostbite foi acertada.
“Ser parte de uma comunidade - todo mundo na EA usa ela agora - é poderoso, é um bom lugar de se estar. É um crédito para a equipe da Frostbite que eles conseguem manter uma variedade tão grande de títulos em uma única engine, de FIFA a Anthem.”
“Eu tenho escutado, e certamente olhávamos para algumas coisas e dizíamos ‘nossa, vamos ter que trabalhar muito nisso’, mas é difícil porque também é verdade que os títulos são ambiciosos. Então será que é a ambição ou algum problema técnico específico [que causa estes problemas].”
Por enquanto, ainda não há uma data de lançamento prevista para Anthem, que terá versões para PC, PS4 e Xbox One.