Poucos jogos representam tão bem o atual momento da marca Xbox quanto Sea of Thieves. O novo jogo da lendária produtora Rare oferece um vasto mundo online para explorar ao lado de amigos (estejam eles no Xbox One ou no PC, já que o título tem cross play), faz parte desde o dia de lançamento do catálogo do serviço Game Pass e também é um título Play Anywhere, com save compartilhado entre PC e Xbox - você joga na plataforma que quiser.

É também um título com sistema de jogo criativo, divertido e engenhoso, que bebe da fonte de títulos como Destiny e RPGs online, e exibe grande potencial para evoluir e crescer muito no futuro. Para alguns, fica a impressão de que Sea of Thieves oferece muito pouco para fazer neste início de vida, mas para outros o ciclo repetido de caça ao tesouro com trechos aleatórios de aventura pode ser envolvente o bastante para segurar a atenção até a chegada de novos conteúdos.

Sea of Thieves não tem um modo campanha ou história para seguir: você é jogado em uma taverna ao lado de companheiros piratas e deve pegar missões e partir com o barco em busca de baús, caveiras amaldiçoadas e itens para transportar. Na prática, são missões convencionais de coleta e entrega (as chamadas 'fetch quests'), mas o ingrediente especial de Sea of Thieves está justamente no meio da jornada.

Quando você sai com a tripulação em busca de um objetivo, o game se encarrega de colocar elementos diversos no caminho. Pode ser uma tempestade feroz que te tira do caminho, um terrível Kraken que afunda sua embarcação ou até... outros jogadores! Os momentos de interação entre pessoas reais são os mais tensos e divertidos de Sea of Thieves, intensificados pela imprevisibilidade do encontro.

Será que os outros marujos vão ajudar na caça ao tesouro? Será que vão tentar invadir outros barcos e pilhar tesouros? E se eles fingirem ajudar, mas alguém invadir o navio e roubar os tesouros? E depois ainda atirar nos barris de pólvora para fazer o barco afundar, claro...

O mar esconde perigos sinistros para os marujos virtuais

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Sea of Thieves cria um playground perfeito para que as interações entre jogadores assumam o papel central na brincadeira.

E tudo isso embalado por uma competência técnica com a assinatura da Rare. Os gráficos encontram um encantador meio termo entre realismo e estilo cartunesco, com personagens coloridos e expressivos, que parecem tirados de um filme da Pixar. Já os mares e tempestades exibem detalhes impressionantes, como o balançar das ondas e os reconfortantes efeitos de luz ao entardecer e aparecer o primeiro brilho das estrelas.

Por sua vez, a trilha sonora mescla canções fanfarronas de piratas com momentos mais singelos, especialmente nas longas - e às vezes tediosas - explorações marítimas. Brilham muito também os efeitos sonoros, ricos e variados, que proporcionam aventuras ainda mais envolventes.

Os melhores momentos de Sea of Thieves acontecem quando jogadores se encontram aleatoriamente pelos mares

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Dito isso, é fato também que o jogo chega com pouca variedade de missões e, principalmente, objetivos. A princípio, uma grande conquista - totalmente opcional - é se tornar um pirata lendário, com direito a acessar uma área secreta e encarar missões ainda mais complexas e regadas a tesouros especiais.

Algumas pessoas podem achar a proposta tentadora e embarcar (literalmente) em horas e horas de aventura, sozinho ou com amigos, para fazer missões e subir de nível o bastante com as facções para virar uma lenda. Mas outros podem se cansar mais rápido e abandonar os mares de Sea of Thieves ao primeiro sinal de jogo novo ou atualização mais robusta em algum título já lançado.

Ao menos, é justamente aí que reside a esperança para que o game da Rare continue brilhando no futuro. Já foi prometido que conteúdos adicionais chegarão ao game, ainda que datas ou detalhes mais específicos não tenham sido revelados.

Nota do crítico