Depois de cinco anos e um desenvolvimento conturbado, e repleto de atrasos, Crackdown 3 finalmente chegou. O sandbox de pura destruição traz o carismático Terry Crews em seu elenco, e prometia ser um exclusivo de força para a Microsoft.

O início da campanha é bastante animador: uma cutscene esbanja toda a alegria do ator principal, que aproveita pra mostrar seus músculos definidos e dar uma aula de motivação aos outros Agentes.

Entretanto, o plano de ataque à Nova Providência dá muito errado, e apenas um Agente sobrevive. A partir desse momento, o jogador escolhe com qual herói quer seguir o jogo - naturalmente, minha escolha foi o Comandante Jaxon de Crews, já que queria ver sua renomada personalidade em ação, frente a perigosos inimigos.

Fui então apresentado de vez à Nova Providência, uma cidade que parece utópica à primeira vista; porém, é comandada pelos vilões da organização Terra Nova, que visam apenas seu benefício próprio. Como o último Agente restante, era a missão de Crews ajudar o povo local a se revoltar e tomar o poder de vez.

Quando a Campanha começa, começam a surgir os problemas: Crackdown não aproveita o talento de seu ator principal. Poucas cutscenes, que quando existem são bastante genéricas, e algumas frases soltas durante combates não fazem jus à expectativa criada com trailers focados apenas em Crews. No fim, o Comandante Jaxon torna-se apenas uma skin em meio a outros Agentes.

Em questões de gameplay, o combate é até empolgante. O game deixa claro que seu personagem é muito mais poderoso que os inimigos ao redor, o que facilita batalhas contra um alto número de inimigos. Ainda assim, alguns poucos combates exigem bastante do jogador, mantendo o caráter de desafio em missões específicas ou em lutas de boss.

Durante os intensos tiroteios, parte que mais me incomodou foi o sistema de mira. Um forte auto-aim facilita bastante acertar seus adversários, porém, quando há muitos inimigos próximos, é complicado acertar o alvo desejado - por vezes, a mira “cisma” com um alvo, mesmo que haja outro inimigo muito próximo, acabando com seu escudo.

Talvez, o grande problema da jogabilidade seja o formato adotado. Todas as missões possuem uma aura de side-quest: andando pelo mapa, você encontra bases inimigas que podem ter uma variedade de “formatos”, como de Indústria, Logística e Segurança de Nova Providência. Basta cumprir o objetivo daquela base - normalmente derrotar inimigos específicos ou atacar alguma construção - para dominar o local.

A cada local dominado, o jogador obtém mais informações sobre as autoridades da Terra Nova; e ao conquistar um número suficiente de bases de determinado tipo, um novo chefão fica exposto para batalha. O game repete essa cansativa receita até seu encerramento, inserindo apenas um ou outro evento extraordinário no caminho do jogador - inclusive, vale citar que os últimos confrontos contra chefões são muito exaustivos, e muito menos “épicos” do que poderiam ser.

Um elemento interessante é o sistema de evolução do seu Agente; suas habilidades são distribuídas em cinco atributos: agilidade, perícia com armas de fogo, granadas, combate corpo a corpo e condução de veículos. Para melhorar esses atributos, basta eliminar inimigos usando as táticas correspondentes - mate um soldado com granada, e você receberá orbes que aumentarão sua perícia com elas; atropele um vilão para melhorar sua habilidade com veículos e liberar novos carros.

A única exceção está nos orbes de agilidade, que estão espalhados por Nova Providência - cabe ao jogador usar o máximo de seus saltos para alcançá-los. Aos poucos, esses orbes vão melhorando sua velocidade, a distância de seus pulos e a capacidade física do Agente como um todo.

Há ainda outras atividades a serem realizados no mundo aberto. Com seu carro, é possível atravessar grandes anéis brilhantes para adquirir mais orbes; para quem quiser mais um desafio, existem algumas corridas automotivas espalhadas pelo mapa. Missões opcionais, como conquistar torres de comunicação e destruir barris de cachaça, por mais aleatório que esse último item pareça, também fazem parte do cenário de Terra Nova.

Mesmo com side-quests que variam um pouco a jogatina e gráficos bonitos, o formato de Crackdown 3 o condena a ser bastante repetitivo e, novamente, genérico. Sem cenários destrutivos e com batalhas longas, o game falha em criar uma identidade própria e passa a impressão de ser um jogo de ação comum. Para assinantes do Game Pass, o título pode render algumas horas de diversão, mas não existe um grande apelo em comprá-lo avulsamente.

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Crackdown 3
  • Lançamento

    15.02.2019

  • Publicadora

    Microsoft

  • Desenvolvedora

    Sumo Digital

  • Gênero

    Tiro

  • Plataformas

    PC Xbox One

Nota do crítico