A aquisição de US$ 69 bilhões da Activision Blizzard Inc. pela Microsoft Corp. foi negada pelo órgão regulador antitruste do Reino Unido, que vetou o maior acordo da história da indústria de jogos afirmando que prejudicaria a concorrência no mercado de jogos em nuvem. A Microsoft ainda pode recorrer sobre a decisão.

De acordo com o relatório publicado nesta quarta-feira (26) pela Comission and Market Autority (CMA), as preocupações sobre a criação de um mercado de monopólio neste ramo não poderiam ser resolvidas com a venda Call of Duty ou outros games da Activision ou da Blizzard e nem com as promessas de oferecer os títulos em outras plataformas concorrentes.

A pressão vinha aumentando sobre a Microsoft, já que ela faz uma campanha forte nos EUA e Europa para convencer os órgãos reguladores a aprovarem o acordo — uma das 30 maiores aquisições de todos os tempos. A decisão da CMA é apenas uma entre diversas outras que precisam ser aprovadas, como na União Europeia e na Federal Trade Commission, dos EUA.

Segundo o CMA, "A Microsoft já desfruta de uma posição poderosa e uma vantagem sobre outros concorrentes no mercado de jogos em nuvem e esse acordo fortaleceria essa vantagem, dando-lhe a capacidade de minar novos e inovadores concorrentes", disse Martin Coleman, presidente do painel independente de especialistas que produziram o relatório.

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A CMA entende que a fusão poderia resultar em preços mais altos, menos opções e menos inovação para os jogadores no Reino Unido. 

Brad Smith, vice-presidente e presidente da Microsoft, declarou ao Bloomberg que "Continuamos totalmente comprometidos com esta aquisição e vamos apelar. A decisão da CMA rejeita um caminho pragmático para lidar com preocupações de concorrência e desencoraja a inovação tecnológica e o investimento no Reino Unido".

"O relatório da CMA contradiz as ambições do Reino Unido de se tornar um país atraente para construir negócios de tecnologia. Vamos trabalhar agressivamente com a Microsoft para reverter isso em recurso", declarou a Activision para o Bloomberg.

A CMA entende que o acordo solidificaria a vantagem da Microsoft no mercado, dando-lhe o controle sobre os jogos de grande sucesso Call of Duty, Overwatch e World of Warcraft entre diversos outros games da Activision Blizzard e que estes títulos poderiam ser oferecidos no Xbox Gaming Cloud no futuro.

No início do ano, o CMA tinha sugerido uma lista possíveis formas de a transação ser aprovada no Reino Unido, o que inclui a venda da franquia Call of Duty ou desmembrar e vender empresas do grupo como a própria Activision e/ou Blizzard. Ao que tudo indica, o órgão regulador mudou de ideia.

Entenda o caso

Em janeiro a Microsoft anunciou a intenção de compra da Activision Blizzard por US$ 69 bilhões, a maior da indústria dos games. Uma fusão como essa precisa passar por aprovações em órgãos reguladores de diversos países, como o CADE no Brasil, o CMA do Reino Unido e o FTC nos EUA.

Inicialmente a Sony declarou ao Wall Street Journal que esperava que a Microsoft seguisse os contratos firmados. Porém a Sony mudou o discurso quando o CADE, órgão regulador brasileiro, revelou os bastidores do processo e mostrou que a japonesa foi a única empresa que se opôs à compra, dizendo que Call of Duty, que está no portfólio da Activision, é “um jogo essencial" para seus negócios por não existir um concorrente à sua altura.

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O processo brasileiro acabou revelando que o PlayStation 4 vendeu o dobro que Xbox One e que o Game Pass, que em 2021 gerou US$ 2.9 bilhões aos cofres da Microsoft. Apesar da oposição da Sony, o CADE aprovou a fusão da empresa.

O CMA, órgão regulador do Reino Unido, também está preocupado com a aquisição e ainda não divulgou sua decisão.

Em sua defesa, a Microsoft disse por diversas vezes que não vai barrar a chegada dos jogos da série no PlayStation e que o objetivo da aquisição é aumentar seu catálogo de jogos e presença no mercado mobile.

Recentemente foi revelado que a Microsoft e a Sony trabalham em uma acordo para impedir a chegada de Call of Duty no Game Pass por "um número de anos". Além disso, a empresa se comprometeu a levar jogos da série Call of Duty para os consoles da Nintendo após confirmada a fusão.

Nos EUA, a Microsoft enfrenta uma grande briga pois a Federal Trade Commission abriu um processo antitruste contra a Microsoft para tentar bloquear a compra da Activision, alegando que a fusão violaria a lei de concorrência de mercado nos EUA.

Vale ressaltar que a Microsoft já prometeu publicamente, em diversas ocasiões, que vai manter os jogos da Activision Blizzard disponível no PlayStation e que pensa em levar também ao Switch e consoles futuros da Nintendo.

Leia mais

Na Europa, a MLex procurou desenvolvedores para saber se a fusão da Microsoft e Activision poderia criar um monopólio ou uma disputa injusta com outros fabricantes de console. A Microsoft também foi processada por jogadores nos EUA que são contra a conclusão do negócio.


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