Entre jornalistas e criadores de conteúdos que estavam no COD NEXT 2024, evento da Activision para revelar e testar as novidades de Call of Duty: Black Ops 6, uma impressão era unânime: o jogo está bem mais rápido. A introdução do Omnimovement, tão divulgada pela Treyarch, realmente tem impacto grande na gameplay; em entrevista com Miles Leslie, diretor criativo do game com 16 anos de experiência na franquia, soubemos um pouco mais sobre a criação da nova mecânica.

"O DNA da Treyarch sempre foi movimentação, desde o Black Ops 2 com as armas para cima, até o BO3 com o Advanced Movement. Com o tempo que tivemos, queríamos reforçar que os jogadores desbloqueassem a movimentação para ter uma sensação de maestria", explica.

Antes do resultado final, foi necessário superar algumas barreiras — especialmente a dúvida de que essa ideia realmente funcionaria. Leslie conta que, em um primeiro momento, alguns dos recursos pareciam maluquice:

"Começou com 'Como fazemos os jogadores parecerem com heróis de ação?' [...] Uma vez que desbloqueamos isso, pensamos como seria se pudéssemos correr em todas as direções. Na primeira vez que isso foi dito, a reação foi de que era uma ideia louca. Mas quando testamos, pensamos o porquê de nunca termos feito isso antes. Testando o jogo sem essa função, é impossível voltar atrás", narra.

Claro, durante o desenvolvimento em si, vários testes foram feitos para ajustar todas as arestas — que continuarão sendo acertadas após o NEXT e durante o teste beta, que começa nesta sexta-feira (30). Nas palavras de Leslie, o Omnimovement é pioneiro dentro do gênero, e não havia um material prévio para se inspirar.

"Você falha muito e então encontra o caminho, porque esse é o processo iterativo de desenvolvimento. Você olha para fora e não encontra jogos que tenham Omnimovement; há alguns exemplos, mas dentro dos PFS mainstream, isso nunca foi feito. Parecia certo que fosse um jogo da Treyarch, de Black Ops, a desbloquear isso", esclarece.

Imagem de divulgação de Call of Duty: Black Ops 6
Divulgação/Activision

No fim das contas, tudo isso deve tornar o "skill gap" mais definido. Jogadores de alto nível terão de extrair tudo que é possível do Omnimovement para obter sucesso, e aqueles que não se adaptarem aos pulos e slides frenéticos provavelmente não conseguirão contar apenas com a sua mira para vencer.

Mas nem tudo é a nova movimentação. Leslie mencionou, no início da entrevista, que a equipe teve um ciclo de desenvolvimento mais longo que o usual para o BO6, ganhando um ano extra para trabalhar no game. Por conta desse tempo adicional, os jogadores podem esperar um perfeccionismo maior em alguns detalhes que podem até passar despercebidos, mas fazem a diferença:

"Um exemplo está nos efeitos das granadas. Eu espero que, quando as pessoas usem o modo Theater, que é outra coisa que trouxemos de volta por conta desse tempo extra, elas diminuam a velocidade de reprodução e vejam que, quando a granada explode, há um efeito empurrando o ar para fora, e uma onda supersônica. Essas são nuances que os jogadores podem nem saber, mas vão sentir quando jogarem. Quando você vê essas coisas, você fica mais imerso", garante Leslie.

Imagem de divulgação de Call of Duty: Black Ops 6
Divulgação/Activision

No fim, Black Ops 6 consegue arriscar a trazer novidades que complementam o núcleo que sustenta Call of Duty há mais de 20 anos. O gunplay divertido e satisfatório segue lá, mas é necessário trazer coisas inéditas e se reinventar para manter o jogo fresco e continuar cativando a comunidade. Para Leslie, esse desafio é o que mantém ele apaixonado pela franquia, mesmo depois de 16 anos:

"Call of Duty tem um núcleo que o torna no melhor de todos, e você não pode mexer nisso. Você faz pequenos ajustes, mas não pode quebrar isso. O desafio, a cada jogo, é como adicionar coisas a esse núcleo. Omnimovement é algo bem grande, a acessibilidade, os novos mapas. Nós começamos com o novo cenário: estamos em 1991, o que isso nos dá? É um desafio toda vez, e acho que o risco, para nós, internamente, quando testamos algo, nós sabemos imediatamente se é ruim, mas aprendemos com isso. O risco e o desafio é a parte divertida, e se não tivéssemos isso, não acho que seria um jogo de Black Ops", finaliza.

Call of Duty: Black Ops 6 chega em 25 de outubro para Xbox One e Series X|S, PC, PlayStation 4 e 5.