Quando o assunto é smartphones, talvez poucas empresas tenham tanto motivo para sorrir neste ano quanto a Samsung.

A companhia deixou 2016 com uma – quase que literal – bomba na mão, tendo que se explicar para o mercado e para consumidores por conta do fiasco do Galaxy Note 7, dispositivo que teve unidades que sofriam de combustão espontânea.

O episódio gerou dois recalls do produto e trouxe perdas de cerca de US$ 3,1 bilhões à companhia ente o último trimestre do ano passado e o primeiro de 2017.

A companhia, no entanto, logo deixou tudo isso para trás.

Em março, a companhia revelou a nova geração de dois modelos de topo de linha, o Galaxy S8 e Galaxy S8+, que trouxeram um completo redesign dos dispositivos e apagaram qualquer mancha que o dispositivo anterior poderia ter deixado.

Evoluindo o conceito dos modelos Edge para o que a companhia chamou de "display infinito", na nova proporção de 18:9, a sul-coreana apresentou dois belos dispositivos, com hardware de ponta, uma ótima câmera e um sistema operacional de interface renovada.

E empresa estava pronta para a briga e mostrou resultados: em apenas 37 dias após o lançamento, o smartphone bateu a meta de um milhão de unidades vendidas na Coreia do Sul – metade do tempo que o Galaxy S7 precisou para atingir o feito. Na sequência, a empresa afirmou que o dispositivo chegou a ultrapassar as vendas do S7 em 15%

Mas talvez, de um ponto de vista estratégico, a venda do hardware não foi o aspecto mais importante dos S8 e S8+ – afinal, a Samsung deve ganhar mais com a fabricação de displays OLED para a Apple do que com o dispositivo.

Os dois modelos foram os primeiros da Samsung a embarcar o assistente virtual inteligente Bixby – colocando oficialmente a sul-coreana na disputa pelo mercado de AI com empresas como Apple, Google e até Amazon.

É verdade, o assistente sofreu com alguns bons engasgos logo após seu lançamento, com dificuldades para aprender inglês e sem suporte para nenhuma outra língua que não fosse o idioma anglo-saxão o o coreano.

Mas isso parece estar mudando.

O Bixby já vem se tornando mais inteligente com novas atualizações, agora fala chinês e logo deve crescer ainda mais. Em entrevista ao MobileTime, Renato Citrini, gerente sênior da divisão de dispositivos móveis da fabricante, chegou a confirmar que a versão em português do serviço já está em desenvolvimento em Campinas e chegaria "em breve".

Em 2018, a expectativa é que o Bixby passe a ter uma importância ainda maior para a Samsung. O assistente já conversa com os fones de ouvido Gear IconX, está no Galaxy Note 8 (falaremos dele logo menos) e também deve chegar em dispositivos intermediários da linha, como sugerem vazamentos do A8 e A8+. Tudo isso, em linha com o plano da companhia de ter um ecossistema completamente conectado até 2020.

Em agosto, a empresa teve o segundo grande lançamento do ano, que ajudou a comprovar que os problemas da linha Note definitivamente ficaram para trás.

Sem mudanças no nome da linha ou nada semelhante, a companhia oficializou o Galaxy Note 8, primeiro dispositivo da sul-coreana a chegar com duas câmeras na parte traseira e herdeiro de uma boa quantidade de avanços do Galaxy S8 e S8+.

Consolidado o espaço como um dos melhores dispositivos Android no mercado, o Note 8 logo conquistou o público e se mostrou um novo caso de sucesso de vendas para a empresa – com mais de 650 mil unidades comercializadas na pré-venda em apenas cinco dias.

Ao mesmo tempo, a companhia lançava, aqui no Brasil, os Galaxy J5 Pro e J7 Neo, maior linha da Samsung no país e grandes responsáveis por manter a empresa na liderança do mercado nacional. Número precisos sobre a participação da companhia por aqui são escassos, mas, ao menos no setor premium, a companhia cita uma participação de 50.1% do mercado, de acordo com a consultoria GfK.

E 2018?

A Samsung entra em 2018 cheia de belos resultados: com dois ótimos dispositivos de topo de linha, a companhia conquistou boas vendas e fortaleceu presença no mercado, apesar dos problemas do ano anterior.

O fim do ano, como era de se esperar, foi ofuscado pela chegada dos novos iPhone X, iPhone 8 e iPhone 8 Plus, mas isso não diminuiu os smartphones da empresa, que ainda têm capacidade de brigar com a rival Apple.

Os rumores para a próxima geração de smartphones, os Galaxy S9 e S9+ (além dos A8 e A8+), já estão entre nós, aliás. E, se confirmados, podem significar até que a Samsung será a primeira a trazer um modelo con sensor de digitais sob o display – mostrando que a empresa pode ter planos de manter o mesmo ritmo de inovação de 2017 e, possivelmente, repetir o ano de sucesso.