
Funcionários do Google pedem demissão por contrato com Pentágono
Project Maven pretende criar drones capazes de identificar locais e pessoas via inteligência artificial
Uma dúzia de funcionários do Google pediu demissão em protesto pela parceria entre a empresa e o Pentágono em um projeto controverso conhecido como Project Maven.
O projeto, divulgado em março, envolve a criação de sistemas de inteligência artificial para drones militares, com as máquinas sendo capazes de identificar automaticamente localizações e pessoas de interesse.
Segundo uma reportagem do Gizmodo, os funcionários que se demitiram indicam que não há mais a mesma transparência e discussão entre os objetivos e planos dos altos executivos da empresa com sua força de trabalho.
Os receios destas pessoas vão desde problemas éticos com a identificação de possíveis alvos por meio de máquinas, até a visão de que o Google não deveria estar envolvido de qualquer forma com o complexo industrial-militar.
“Não é como se o Google fosse esta startup de aprendizado de máquina tentando encontrar clientes em diferentes indústrias”, explicou um ex-funcionário para a Gizmodo. “Faz muito sentido a meu ver para o Google e sua reputação ficarem longe disso.”
“Em certo momento, eu percebi que não poderia, de boa fé, recomendar qualquer um a entrar para a Google, sabendo o que sabia”, declarou um antigo funcionário. “Percebi que, se não poderia recomendar pessoas a se juntarem aqui, então por que eu ainda estou aqui?”
“Eu tentei lembrar a mim mesmo de que as decisões do Google não são minhas decisões”, disse outros. “Eu não sou pessoalmente responsável por tudo o que eles fazem. Mas sinto que é minha responsabilidade quando vejo algo que deveria ser levantado.”
Além destes funcionários, outros 4 mil trabalhadores da empresa assinaram uma petição interna pedindo a saída do Project Maven e uma política contra qualquer tipo de contrato com organizações militares.
Já a Tech Workers Coalition lançou sua própria petição urgindo a empresas como Google, IBM e Amazon a negar contratos com o Departamento de Defesa dos EUA.
“Não podemos mais ignorar os vieses nocivos de nossa indústria e tecnologias, quebras de confiança em grande escala, e falta de barreiras éticas”, diz a petição. “Estamos falando de vida ou morte.”
Ao que tudo indica, porém, o Goole não tem planos de deixar de trabalhar com o Pentágono e outras instituições militares, sendo um dos principais candidatos a trabalhar no sistema de computação por nuvem Joint Enterprise Defense Infrastructure, ou JEDI.