Setembro e outubro estão entre os meses mais agitados do ano em termos de lançamentos de smartphones: os dois meses tradicionalmente marcam a chegada de novos iPhones ao mercado e, do lado do Android, contam com a já tradicional linha Samsung Galaxy Note – o dispositivo premium da sul-coreana que aposta no tamanho e da caneta S Pen para atrair usuários interessados em um novo topo de linha para o final do ano.

Este ano não é diferente: setembro marcou a chegada do Galaxy Note 9 ao Brasil, o dispositivo mais superlativo da linha já lançado pela Samsung, com o maior display e bateria já embarcados na família Note.

Eu utilizei o Note 9 por cerca de três semanas para meu dia-a-dia pessoal e profissional e contamos nossas impressões abaixo.

Em termos de design, não há muitas críticas que podem ser feitas ao Galaxy Note 9 – o visual do dispositivo é um dos mais atraentes do mercado, com display curvo, laterais metálicas e traseira em vidro. O modelo herda elementos da linha Galaxy S e evoluiu em alguns aspectos quando comparado ao Note 8, lançado no ano passado.

A principal mudança é no posicionamento do sensor de digital, que saiu do lado das câmeras traseiras e foi para a parte de baixo do módulo de câmeras – a Samsung já havia consertado isso no Galaxy S9, aliás. Pessoalmente, o posicionamento continua não sendo o ideal – sempre preferi sensores de digitais na dianteira –, mas ao menos agora está mais acessível ao dedo.

Diego Queiroz/The Enemy

Deixando o visual do Note 9 de lado, a característica mais notável são suas dimensões: ele é um smartphone grande. Grande até demais. O display Super AMOLED tem resolução Quad HD+ e incríveis 6,4 polegadas, o que faz dele o maior já colocado na linha Note. O impacto disso é perceptível no cotidiano e manobrar o smartphone em uma só mão é um incômodo em alguns momentos – não ajuda o fato dele pesar 201 gramas, o que é um pequeno aumento em relação à geração anterior.

Há formas de se contornar isso, é claro, mas o fato é que o Note 9 não oferece uma operação confortável em uma só mão e o formato retangular não auxilia muito. Para mim, baixar a barra de notificações é algo que exige duas mãos, assim como boa parte da navegação por redes sociais.

O lado bom disso é que o Note 9 é um dos melhores dispositivos que já usei para consumo de conteúdo, com uma tela de ótimo brilho, contraste e cores para assistir vídeos ou ler textos – ou para operar dois aplicativos ao mesmo tempo com a tela dividida ao meio. Mesmo debaixo do Sol forte, o display também se garante e oferece uma boa experiência. E o dispositivo continua sem notch, o que significa que aqueles que não são entusiastas da moda iniciada pela Apple não têm nada a temer por aqui.

No caso de jogos, isso também é complementado pelo processamento veloz e pelos alto-falantes estéreos do modelo, que também oferecem uma boa experiência até em sessões de jogatina com game mobile mais exigentes – como o recém-lançado Fortnite para Android e PlayerUnkown’s Battlegrounds.

Para completar as características físicas, vale ressaltar também que o Galaxy Note 9 conta com certificação IP68, o que significa que pode ser mergulhado em até 1,5 metro de água por 30 minutos sem problemas, e mantém uma entrada P2 para fones de ouvido na parte inferior – o que é sempre um ponto positivo.

Hardware

Não é nenhuma surpresa que o Note 9 carregue o que há de mais avançado em termos de hardware na atualidade para um dispositivo Android: a Samsung costuma embarcar as principais tecnologias do ano no Galaxy S e levá-las também para o Note na sequência.

No Brasil, isso significa que o Note 9 conta com o processador Qualcomm Snapdragon 845, não o Exynos 9810, da própria Samsung. O 845 da conta de qualquer tarefa que você possa exigir no dia-a-dia, sem qualquer tipo de engasgo notável mesmo em aplicativos de jogos ou apps de edição que exigem algum processamento a mais. A unidade de testes que recebemos também conta com 6 GB de RAM, o que é o suficiente para garantir fluidez multitarefa, mesmo com múltiplos apps abertos.

Diego Queiroz/The Enemy

Em termos de armazenamento interno, o Note 9 também está em linha com o que é esperado: são 128 GB de memória nas versões Azul e Preta do aparelho, o que ainda pode ser combinado com um cartão microSD de até 512 GB. Na versão Cobre, que chega ao país com 512 GB internos, o total pode ser expandido para até 1 TB de armazenamento – um armazenamento que rivaliza notebooks e dificilmente vai ser completamente preenchido por um usuário.

Com capacidade de 4.000 mAh, a bateria do Note 9 é outra área em que o smartphone mostra sua face superlativa.

Depois de fazer uma redução de bateria do Galaxy Note 7 para o Galaxy Note 8, que veio com 3.300 mAh contra os 3.500 mAh da geração anterior – na rasteira dos incidentes explosivos do Note 7 –, a Samsung voltou a aumentar a célula no modelo atual.

O resultado é um dispositivo capaz de durar o dia inteiro com tranquilidade, mesmo em situações de uso intensivo, com navegação de redes sociais, consumo de vídeo e músicas por streaming e algumas sessões de jogos. Em situações cotidianas de uso, o Note 9 chegava em casa à noite com bateria próxima aos 40%.

Reproduzir um vídeo Full HD pelo Wi-Fi, com brilho no máximo e em loop esgotou a energia do smartphone em um ritmo de cerca de 10% por hora. No teste de recarga, por conta da tecnologia de Fast Charging embarcada, foi possível reabastecer a bateria de 5% a 100% em pouco menos de duas horas.

Software: S Pen e Bixby

Além do display extensivo, outra característica marcante da linha Galaxy Note é a S Pen – caneta stylus que recebeu novas funções nesta geração com conectividade Bluetooth. Logo de cara, há uma mudança estética: no Note 9 azul, a S Pen vem agora em uma simpática cor amarela, o que cria um contraste de cores bem agradável.

A S Pen continua bastante confortável e responsiva para se rabiscar no display, sem qualquer tipo de lag entre a escrita e as linhas que aparecem na tela. Entre os destaques em termos de usabilidade está a função de criar notas com a tela ainda bloqueada – é só remover a S Pen e sair anotando. É possível também salvar a nota para acessá-la novamente com apenas um clique na tela.

O recurso que acaba não sendo tão útil quando esperado é a possibilidade de se clicar fotos sem encostar no smartphones usando a S Pen como controle remoto. O sistema em si funciona bem – em uma distância de até 10 metros –, mas as situações em que ele é útil não estão sempre presentes – afinal, é preciso deixar o Note 9 apoiado sobre uma superfície ideal e que enquadre tudo o que você deseja dentro da foto, o que não é sempre possível. Também preferi não me arriscar muito e me afastar do Note 9 em lugares públicos para tirar um foto.

Diego Queiroz/The Enemy

O já tradicional botão dedicado ao assistente virtual Bixby continua presente e continua sendo um incômodo, uma vez que ainda é impossível colocar outra funcionalidade em seu lugar. Desativá-lo é uma opção, mas isso só faz com que o dispositivo acabe com um botão inútil em seu lado esquerdo.

O assistente, ao menos, está mais útil que em versões anteriores e inclui agora mais integração com aplicativos terceiros – eu acabei usando bastante sua interface Hello Bixby para chamar um Uber, por exemplo. Ainda assim, o Google Assistente, nativo do Android e em português, continua sendo a melhor opção.

No mais, a interface customizada da Samsung para o Android Oreo continua sendo uma das melhores do mercado, com um bem visual diferente do Android “Puro”, mas ainda assim fluida e agradável.

A Samsung também continua apostando na oferta de aplicativos próprios que concorrem com serviços do Google para o Android, que acabam sendo redundantes para quem está mais acostumado com os apps nativos.

Câmeras

Assim como no caso do processador, a Samsung optou por mexer na câmeras do Note 9, que são as mesmas embarcadas no Galaxy S9+. O módulo traseiro conta com duas lentes de 12 megapixels, com abertura variável de f/1.5 e f/2.4, de acordo com a iluminação do local. E, assim como no S9+, o conjunto cria fotos excelentes, com boas cores e nitidez.

A câmera de selfies conta com 8 megapixels e inclui autofoco, além de uma série de funcionalidades que deixam as fotos mais "compartilháveis", como stickers e um filtro de embelezamento que deixa as imagens um pouco artificiais.

Lançados com o Galaxy S9 e S9+, os AR Emojis continuam presentes no Galaxy Note 9, mas também continuam completamente esquecíveis e bizarros.

O destaque fica por conta das capacidades de inteligência artificial das câmeras, algo que tem ficado mais comum em dispositivos a partir deste ano. As câmeras são capazes de entender o 20 tipos de conteúdo diferentes, como paisagens ou um pôr-do-Sol, promovendo pequenos ajustes de software – como balanceamento de branco e de cor – que melhoram o resultado final da foto.

Diego Queiroz/The Enemy

Vale a pena?

O Galaxy Note 9 é um modelo superlativo, combinando o que há de mais avançado em termos de hardware na atualidade, com uma série de boas funções de software e produtividade, como a S Pen e o amplo display para consumo e produção de conteúdo. Tudo isso, no entanto, chega por um preço nada camarada.

Olhando apenas para o hardware embarcado, existem opções semelhantes no Brasil que oferecem um desempenho no mesmo nível, por um valor menor do que os R$ 5.499 pelos quais as versões Azul e Preta do Galaxy Note 9. Inclusive, o próprio Galaxy S9+, que já está bem mais barato desde que chegou ao país no primeiro semestre.

A recomendação, portanto, só pode ficar para quem considera as características únicas do Note 9 um diferencial bom o suficiente para justificar seu valor – afinal, não há uma alternativa a ele hoje no mercado que combine uma stylus e display de 6,4 polegadas.

Diego Queiroz/The Enemy
Nota do crítico