O aplicativo Sarahah monopolizou grande parte das discussões em redes sociais nos últimos dias, atraindo a atenção do público com a proposta simples de permitir o envio de comentários anônimos para usuários da plataforma.

E sociáveis como são os brasileiros, não seria nenhuma surpresa imaginar que o país foi um dos maiores adeptos do serviço. Segundo Zain al-Abidin Tawfiq (foto), desenvolvedor do aplicativo, mais de 23 milhões de usuários únicos do Brasil visitaram o site e aplicativo da plataforma nos últimos 30 dias.

Eu adoro os usuários brasileiros, eles já me mandaram várias mensagens sugerindo que eu traduzisse o Sarahah para português”, afirmou Tawfiq ao The Enemy. "Assim que pudermos, traduziremos o app para várias línguas, e português é uma delas".

Com o resultado, o Brasil fica atrás apenas dos Estados Unidos (136,83 milhões) e do Reino Unido (28 milhões) no número total de visitantes únicos do serviço. Só no último mês, o Sarahah registrou 250,83 milhões de visitante em sua página – que enviaram mais de 286 milhões de mensagens no período.

Formado em ciência da computação e morador de Dhahran, na Arábia Saudita, o desenvolvedor de 29 anos afirma que teve a ideia para o aplicativo quando começou a trabalhar no setor corporativo, um ambiente no qual a comunicação entre pessoas tende a ser truncada por conta de barreiras como hierarquia e diferenças de idade entre pessoas.

Reprodução/Zain al-Abidin Tawfiq

No setor corporativo, uma necessidade por feedback construtivo e comunicação aberta entre pessoas, construtivo entre pessoas, mas há barreiras”, comentou o desenvolvedor.  “Então pensei em como poderíamos quebrar essas barreiras e imaginei que a comunicação anônima poderia ser uma boa ferramenta, então construí o Sarahah e pensei em abri-lo para todas as pessoas”.

Apesar de convidar os usuários a deixarem “comentários construtivos” para outras pessoas, o aplicativo não demorou muito tempo para começar a ser criticado pelo seu potencial de rapidamente se tornar um ambiente tóxico – no qual críticas e ofensas poderiam ser distribuídas livremente e sem consequências.

Se essa história te parece familiar, é porque realmente não é a primeira vez que vimos algo do tipo acontecendo: no passado, aplicativos semelhantes para envio de mensagens anônimas como o Secret e Yik Yak já foram pesadamente criticados e até processador por permitirem cyberbullying. Ambos apps, aliás, já foram desativados.

Nós tomamos algumas medidas para evitar ambientes tóxicos, criar um ambiente positivo e estamos nos esforçando para evitar o mau uso”, comentou Tawfiq, sem abrir detalhes sobre quais serão as medidas adotadas.