Se você, como eu, joga shooters de Segunda Guerra desde os anos 1990, deve ter se acostumado com certos elementos comuns em suas campanhas, com o jogador controlando principalmente soldados das forças Aliadas - geralmente americanos ou britânicos, mas também ocasionalmente soviéticos - lutando contra a Alemanha Nazista em campos de batalha conhecidos, da Normandia até Stalingrado.
(Isso foi até, em parte, o que desgastou o gênero em meados dos anos 2000, já que em algum momento todos ficamos entediados de invadir a praia de Omaha pela enésima vez)
Por isso, se nada mais, a campanha de Battlefield V se destaca justamente por tentar fugir destes aspectos, dando ênfase a histórias menos conhecidas da Segunda Guerra, que vão desde resistência em territórios ocupados, passando por forças desconhecidas pelo grande público, e até mesmo a perspectiva de soldados da própria Alemanha na fase final do conflito.
The Enemy teve a oportunidade de jogar parte do modo War Stories, e conta abaixo as impressões.
O modo War Stories segue e expande o modelo apresentado em Battlefield 1, trazendo quatro novas campanhas independentes, mais um prólogo que serve como uma apresentação inicial, tanto da Guerra quanto do jogo em si.
O Prólogo, como no jogo anterior, nos faz tomar a perspectiva de diferentes personagens. Ao contrário de Battlefield 1, porém, o foco é menos na futilidade do conflito - que mostrava personagens morrendo constantemente até sobrarem dois de cada lado -, e mais na escala do conflito e suas diversas frentes de batalha.
Depois disso, tive a oportunidade de testar 3 das 4 narrativas principais de War Stories: Nordlys, Under No Flag e Tirailleur.
Nordlys mostra uma jovem combatente contra a ocupação nazista na Noruega, procurando outro membro da Resistência que está presa em uma instalação secreta - cujo trabalho pode resultar em uma arma poderosa para a Alemanha.
De acordo com o diretor de design Eric Holmes, que esteve no Brasil para mostrar o jogo, a produtora DICE procurou pegar ideias da campanha do predecessor - em especial Nada Está Escrito, que mostrava a jornada de Lawrence da Arábia contra os otomanos - e expandi-las para dar mais opções aos jogadores.
A protagonista de Nordlys, por agir sozinha, acaba sendo uma personagem muito mais voltada para a furtividade e ataques rápidos, mas há sempre a possibilidade de chutar o balde e tentar metralhar todos a sua frente.
Durante minha sessão, consegui me virar bem ao seguir pelo caminho furtivo e eliminando o máximo de inimigos antes que pudesse ser detectado, mas o curioso foi ver a tela de outras pessoas explorando áreas que eu nem vi ou encontrei durante minha própria experiência.
O combate mantém a qualidade de seus predecessores, com cada arma sendo significativamente diferente da outra, fazendo com que o jogador adapte suas táticas ao encontrar algum equipamento diferente.
Este foi o caso, por exemplo, de Tirailleur, que traz uma proposta de jogabilidade bem mais tradicional, ao jogar como um membro de um batalhão de soldados de colônias francesas na África lutando contra o Eixo.
Começando com uma arma que não me agradou, o melhor jeito de avançar pelo trecho que joguei era pegando as armas de soldados caídos e procurando por pontos de munição para não ser pego despreparado contra os alemães.
Incidentalmente, este foi de longe o capítulo em que eu mais morri durante a sessão de testes. E isso considerando que a dificuldade média parece ser bem leniente com erros do jogador, ao meu ver.
Tirailleur, inclusive, também ganha destaque por ser uma história essencialmente apagada da Guerra, já que os próprios franceses ignoraram os tirailleurs após a libertação do país.
A terceira campanha testada, Under No Flag, traz um pouco dos elementos das outras duas, com o jogador controlando um prisioneiro britânico que se envolve em missões suicidas para a frente de guerra do Reino Unido, servindo como um precursor para as operações de forças especiais.
Na sessão jogada da campanha, o início pode ser jogado de forma furtiva, atacando inimigos isolados e desativando alarmes para impedir reforços, antes de um ataque aéreo tornar a ação mais desenfreada. Holmes chegou até a comparar esta narrativa com a de filmes clássicos como Os Doze Condenados, o que certamente chamou atenção.
O Último Tigre
Infelizmente, a quarta campanha não estava disponível para testes, e ela talvez seja a mais curiosa das quatro: The Last Tiger, onde o jogador comandará um tanque alemão Tiger II durante a fase final da guerra.
O curioso é que não só os jogadores controlarão um personagem alemão, quanto os principais inimigos da narrativa serão o Exército Americano - que, curiosamente, não serão tema de nenhuma das War Stories, ao menos não como protagonistas.
“É como ter nitroglicerina nas mãos, você não brinca com isso”, explicou Eric Holmes. “Por isso, nos desafiamos para encontrar uma história que fosse… Valiosa, importante, que não fosse uma grande aventura alemã, o que seria o ângulo errado para se explorar.”
“Acho que temos algo bem engajante e significativo nela, e não tomamos o caminho mais fácil ao fazê-la”, continuou.
Para reforçar este engajamento, o game contará com um trabalho de dublagem diferente: no passado, a EA já havia falado que o game não ganharia dublagem em português. Isso é porque cada personagem usará sua língua local durante a campanha, como inglês, norueguês e alemão. Felizmente, o jogo será ao menos legendado em português do Brasil.
War Stories de Battlefield V parece uma boa evolução da campanha de Battlefield 1. Se você curtiu as narrativas daquele game, provavelmente apreciará as da sequência.
Battlefield V sai em 20 de novembro para o PlayStation 4, Xbox One e PC.