Review: Hi-Fi Rush não prometeu nada e entregou tudo
Jogo da Bethesda é uma surpresa que pede bis
Hi-Fi Rush surpreendeu a todos quando foi mostrado pela primeira vez durante o último showcase de Xbox e Bethesda. No momento, o jogo pareceu um lançamento menor da empresa (embora imagens tenham vazado dias antes), porém, ninguém esperava por uma aposta tão singular da Tango Networks, responsável por Ghostwire: Tokyo.
De fato, o jogo é diferente de muito o que é visto no mercado recentemente e, em um cenário no qual muitos títulos ganham com boas propagandas, Hi-Fi Rush prova que capricho e paixão por uma ideia quase original rendem a um jogo despretensioso também o adjetivo indispensável.
História de rockstar
Em Hi-Fi Rush, o jogador controla Chai, um jovem pateta que sonha em se tornar um astro do rock e se voluntaria para um experimento que substituirá um de seus membros por uma prótese robótica. Devido a um problema na cirurgia, um aparelho de som é ligado ao protagonista, que passa a executar atividades apenas no ritmo de músicas, e é isso.
Não há muitas pretensões na história a ser contada em Hi-Fi Rush e, talvez, isso seja o maior brilho do game, que não se esforça para impactar o jogador com seu enredo e, ainda assim, promove uma experiência narrativa interessante, com personagens memoráveis e direito até a algumas reviravoltas (por mais previsíveis que sejam).
Devido ao problema ocorrido em seu procedimento, Chai passa a ser perseguido pela empresa Vandelay por ser considerado um “defeito” e, ao ser resgatado, conhece a personagem misteriosa Peppermint, que revela diversos segredos envolvendo controle mental, dominação global e mais clichês.
Obviamente, o plot não é o mais revolucionário da história, mas o segredo está no “como” ele é apresentado e não no “o que” é mostrado. Basicamente, Chai aceita a missão de derrotar cada um dos líderes da empresa maligna e, neste meio tempo, o jogador conhece diversos personagens, um com mais personalidade que o outro, desde vilões referenciando obras como JoJo’s Bizarre Adventure até um robô que rabisca sobrancelhas e sua cabeça para “ser mais expressivo”.
O visual que lembra um desenho animado ao melhor estilo Homem-Aranha no Aranhaverso também contribui para a façanha do estúdio, que desenvolveu uma história simples, porém que esbanja criatividade, personalidade e exageros nos momentos certos com ação, humor, pitadas de drama e muita galhofa.
Entre no ritmo
O real chamariz de Hi-Fi Rush não é a história e sim o combate. Usando um apanhado de sucata em formato de guitarra, Chai acerta inimigos com combos variados dos tradicionais botões “golpe fraco” e “golpe forte”, mas com um porém, o jogador deve seguir o ritmo da música que está tocando para garantir bônus de dano e conseguir executar alguns movimentos especiais.
Como um pseudo-rockstar, é papel do jogador sentir o ritmo e o acompanhar até o final das fases. Após tutoriais breves, mas certeiros, faz-se entender o sistema de batidas, com golpes fracos representando uma, golpes fortes representando duas, combos que exigem pausas e afins. Depois de algumas horas de jogo, é absoluta a certeza de estar jogando com o pé batendo no chão e curtindo as músicas originais criadas para o jogo, assim como algumas outras licenciadas como Lonely Boy da banda The Black Keys.
Como a melhor maneira de aproveitar o jogo é se desafiar a acertar o ritmo, o game oferece diversos tipos de assistência e até upgrades que facilitam na hora de não errar a batida. Com isso, sair por aí dando ataques especiais sincronizados com a música e ver os "batidões" acertando inimigos na mesma hora em que começa aquele riff memorável será cada vez mais fácil e gratificante.
Não pense que seguir o ritmo será o único desafio. Embora breve em suas quase 9 horas de conteúdo principal, o jogo faz um bom trabalho ao introduzir tipos diferentes de inimigos, cada um com uma exigência no combate, desde usar um escudo para defender ataques rítmicos, até barreiras que só podem ser destruídas com a ajuda de companheiros específicos, fazendo a experiência passar longe de ser maçante ou repetitiva.
Batalhas contra chefes ao final de cada fase também chamam atenção, embora sejam os duelos menos desafiadores. Aqui, claramente o estúdio deixou de lado mecânicas mais complexas para promover ainda mais um show de rock tanto do protagonista quanto dos líderes da Vandelay, mas depois do que são as fases em si, a maioria das lutas parece estar ali apenas para ocupar o espaço de uma conclusão.
Você faz seu som
Personalização também é um aspecto em Hi-Fi Rush. Além de desbloquear a opção de mudar acessórios dos personagens como dar a Chai guitarras diferentes, o game também oferece combos e ataques especiais como upgrades e dá a plena escolha de qual caminho seguir.
Por exemplo, se enjoou das batidas dos golpes atuais, é possível adquirir novos combos e “praticar suas novas músicas”, ou gastar tudo em ataques especiais para acabar com inimigos com cada vez mais estilo, ou até gastar tudo aumentando a barra de vida e energia de Chai.
Com exceção dos momentos em que introduz novas mecânicas ao jogador, o game não obriga a fazer nada em nenhum momento. Embora, na opinião deste que vos escreve, isso seja necessário para oferecer desafios, este não é o caso em um jogo que busca dar ao jogador tantas maneiras de expressar como Hi-Fi Rush e se transforma em um ponto extremamente positivo. Assim sendo, é normal decidir extensos combates apenas com um combo só por gostar do ritmo dos golpes.
“I got a love that keeps me waiting'”
Hi-Fi Rush chegou de surpresa, despretensiosamente, sem muitos compromissos, e, assim como um astro do rock, usa a personalidade para tirar o público do chão e marcar a todos com uma experiência memorável.
Embora ainda tenha um ar de “experimento” com jogabilidade ousada mas que sabe “pisar no freio”, a aventura de Chai pode ser considerada tranquilamente uma das melhores surpresas dos últimos tempos e, provavelmente, é o que muitos gamers precisavam mas ainda não sabiam.
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