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"Isso nunca foi feito", diz diretor sobre novidades de Black Ops 6

Miles Leslie falou sobre as dificuldades de adicionar algo inédito numa franquia consolidada

Por Breno Deolindo 30.08.2024 11H30

Entre jornalistas e criadores de conteúdos que estavam no COD NEXT 2024, evento da Activision para revelar e testar as novidades de Call of Duty: Black Ops 6, uma impressão era unânime: o jogo está bem mais rápido. A introdução do Omnimovement, tão divulgada pela Treyarch, realmente tem impacto grande na gameplay; em entrevista com Miles Leslie, diretor criativo do game com 16 anos de experiência na franquia, soubemos um pouco mais sobre a criação da nova mecânica.

"O DNA da Treyarch sempre foi movimentação, desde o Black Ops 2 com as armas para cima, até o BO3 com o Advanced Movement. Com o tempo que tivemos, queríamos reforçar que os jogadores desbloqueassem a movimentação para ter uma sensação de maestria", explica.

Antes do resultado final, foi necessário superar algumas barreiras — especialmente a dúvida de que essa ideia realmente funcionaria. Leslie conta que, em um primeiro momento, alguns dos recursos pareciam maluquice:

"Começou com 'Como fazemos os jogadores parecerem com heróis de ação?' [...] Uma vez que desbloqueamos isso, pensamos como seria se pudéssemos correr em todas as direções. Na primeira vez que isso foi dito, a reação foi de que era uma ideia louca. Mas quando testamos, pensamos o porquê de nunca termos feito isso antes. Testando o jogo sem essa função, é impossível voltar atrás", narra.

Claro, durante o desenvolvimento em si, vários testes foram feitos para ajustar todas as arestas — que continuarão sendo acertadas após o NEXT e durante o teste beta, que começa nesta sexta-feira (30). Nas palavras de Leslie, o Omnimovement é pioneiro dentro do gênero, e não havia um material prévio para se inspirar.

"Você falha muito e então encontra o caminho, porque esse é o processo iterativo de desenvolvimento. Você olha para fora e não encontra jogos que tenham Omnimovement; há alguns exemplos, mas dentro dos PFS mainstream, isso nunca foi feito. Parecia certo que fosse um jogo da Treyarch, de Black Ops, a desbloquear isso", esclarece.

Divulgação/Activision

No fim das contas, tudo isso deve tornar o "skill gap" mais definido. Jogadores de alto nível terão de extrair tudo que é possível do Omnimovement para obter sucesso, e aqueles que não se adaptarem aos pulos e slides frenéticos provavelmente não conseguirão contar apenas com a sua mira para vencer.

Mas nem tudo é a nova movimentação. Leslie mencionou, no início da entrevista, que a equipe teve um ciclo de desenvolvimento mais longo que o usual para o BO6, ganhando um ano extra para trabalhar no game. Por conta desse tempo adicional, os jogadores podem esperar um perfeccionismo maior em alguns detalhes que podem até passar despercebidos, mas fazem a diferença:

"Um exemplo está nos efeitos das granadas. Eu espero que, quando as pessoas usem o modo Theater, que é outra coisa que trouxemos de volta por conta desse tempo extra, elas diminuam a velocidade de reprodução e vejam que, quando a granada explode, há um efeito empurrando o ar para fora, e uma onda supersônica. Essas são nuances que os jogadores podem nem saber, mas vão sentir quando jogarem. Quando você vê essas coisas, você fica mais imerso", garante Leslie.

Divulgação/Activision

No fim, Black Ops 6 consegue arriscar a trazer novidades que complementam o núcleo que sustenta Call of Duty há mais de 20 anos. O gunplay divertido e satisfatório segue lá, mas é necessário trazer coisas inéditas e se reinventar para manter o jogo fresco e continuar cativando a comunidade. Para Leslie, esse desafio é o que mantém ele apaixonado pela franquia, mesmo depois de 16 anos:

"Call of Duty tem um núcleo que o torna no melhor de todos, e você não pode mexer nisso. Você faz pequenos ajustes, mas não pode quebrar isso. O desafio, a cada jogo, é como adicionar coisas a esse núcleo. Omnimovement é algo bem grande, a acessibilidade, os novos mapas. Nós começamos com o novo cenário: estamos em 1991, o que isso nos dá? É um desafio toda vez, e acho que o risco, para nós, internamente, quando testamos algo, nós sabemos imediatamente se é ruim, mas aprendemos com isso. O risco e o desafio é a parte divertida, e se não tivéssemos isso, não acho que seria um jogo de Black Ops", finaliza.

Call of Duty: Black Ops 6 chega em 25 de outubro para Xbox One e Series X|S, PC, PlayStation 4 e 5.