Os grandes inimigos dos games: Pyramid Head, de Silent Hill
E o medo forjado pelo inconsciente
Era como entrar no inferno e não conseguir gritar.
A cidade de Silent Hill nem sempre foi assim, sabe. Nem todo vão na porta escondia uma realidade agonizante. Algumas salas até afogavam lágrimas sinceras de arrependimento em meio ao mundo perdido nas trevas. Mas talvez nada disso importava quando o sino tocava. Era quando o medo trancava você em seu próprio labirinto de pavores.
E Pyramid Head era quem te esperava na última esquina.
Silent Hill tem um charme especial na hora de lidar com o terror. Nem sempre é preciso fazer isso com monstros distorcidos e rostos horrendos que pulam na tela — afinal, o medo nem sempre é algo que temos o luxo de simplesmente acabar com um susto. A cidade presa na névoa é um exemplo fiel disso: seus temores vão e voltam para te assombar. Você precisa estar pronto para isso.
E eles tomam diferentes formas. Com James Sunderland, Pyramid Head é a manifestação turbulenta dos seus piores pecados. O elmo que sufoca a lembrança da sua esposa talvez seja o símbolo mais marcante disso. O monstro é único e intrigante, e não é à toa que virou um ícone da franquia a partir daí. Diferente de demônios e fantasmas, Silent Hill se tornou mística por forjar pesadelos com a bigorna do inconsciente.
Fato é que, na lista dos inimigos sombrios dos games, Pyramid Head facilmente seria a estrela de um dos seus piores pesadelos. Ou, pelo menos, já te deixou perturbado com o movimento grotesco ou a sua figura simbólica de carrasco. A primeira aparição, inclusive, é chocante: o que é ele, exatamente? O que esconde debaixo da máscara metálica? Qual seu real objetivo?
O simbolismo e o mistério sempre conduziram a cidade silenciosa em direção ao imaginário efervescente dos fãs de terror. O ápice de tudo isso provavelmente está na demonstração de Silent Hills — aquela mesma, cancelada pela Konami. Não há corredores que seguram a imaginação de quem já se aventurou por P.T.
E se Pyramid Head entrasse em Silent Hills para você nunca mais abrir as portas?
Para mim, ele sempre representou uma dor claustrofóbica que você não estava pronto para sair. Era como entrar no inferno e não conseguir gritar. Era quando o medo trancava você em seu próprio labirinto de pavores.
Sair de tudo isso seria o verdadeiro desafio.