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Review: EA FC 25 é evolução incompleta dos antecessores

Modo Rush é o maior acerto da EA em anos mas ainda falta algo

Por Angelo Sarmiento 26.09.2024 11H43

Na vida existem diversos acontecimentos que são imutáveis. Um deles é o lançamento de mais um jogo de futebol da EA.

E como em todo lançamento, as discussões na internet sempre giram em torno de que é “o mesmo jogo do ano passado”, para aqueles que não gostaram do game, ou então a famosa frase de “é o melhor FIFA de todos os tempos” — que agora se chama EA Sports FC 25 — são proferidas para todos os lados nas redes sociais.

Mas o novo game da franquia é realmente algum desses polos? Não existe um meio termo? Vou adiantar e responder essa pergunta falando que sim, existe um meio termo, e o EA FC 25 é exatamente isso, apesar de todas as novidades.

MODO RUSH

Reprodução / EA Sports

De cara vamos falar sobre a grande novidade que é o Modo Rush. Essa foi a primeira coisa que testei assim que abri o game. De início e jogando contra a CPU, tive a impressão de que não seria nada demais — além de ser o caminho para termos a Kings League no próximo game.

Porém, o uso do Rush dentro dos outros modos é onde a mágica acontece. 

No Ultimate Team, você escolhe um jogador que você tenha dentro do seu clube para controlar. As outras três pessoas, sejam seus amigos ou matchmaking aleatório, escolhem o restante, sendo o goleiro CPU. 

Para mim, esse já é o principal problema do Rush: os goleiros não são os melhores do mundo e acabam tomando alguns gols extremamente bobos. No quesito online, quando quatro jogadores tentam, ao mesmo tempo, controlar a movimentação dele, as coisas acabam dando um pouco errado.

Mas nada que deixe o modo ruim. Ele é extremamente divertido, principalmente se você jogar com seus amigos. Um grande acerto do EA FC 25.

Já no Modo Carreira, ele aparece como um campeonato para a categoria de base, que é uma bela adição que aumenta a imersão, já que você cria um vínculo com seus jogadores desde o início das suas jornadas individuais.

Porém, senti que o Rush é algo que ainda está em construção. Como citei anteriormente, eu vejo esse modo sendo a grande porta de entrada para uma parceria com a Kings League, que vem crescendo cada vez mais e por ter pessoas influentes no meio digital e do futebol. Além de quê, a EA não tem mais amarras com a FIFA.

MODO CARREIRA JOGADOR

Divulgação / EA Sports

Uma das grandes mudanças — e provavelmente a que mais me agradou — foi a quantidade de opções de customização disponíveis para o modo Carreira, e não falo só visualmente. 

Com a adição das Histórias de Origem, já abrimos margem para muita coisa. Agora você pode escolher um passado que altera o seu início de jogo, podendo começar por baixo, como sempre, ou então ser um veterano que está em busca de redenção na carreira. Sem falar em todas as configurações de jogabilidade que você pode selecionar antes de iniciar.

Outra novidade muito pedida era de um modo Carreira controlando os Ídolos. A ideia é boa, mas imagino que por conta de direitos, eles não conseguiram usá-la da melhor maneira possível.

Infelizmente, você já começa com o jogador no seu auge, ou seja, você não vai evoluí-lo de baixo, e sim mantê-lo na melhor forma possível. Você também não pode transformar esse jogador em um treinador após a aposentadoria; caso você tente, a sua carreira automaticamente acaba. Mas é divertido poder jogar com Ronaldo Fenômeno fora do Ultimate Team.

Se você estiver pensando que você já pode jogar com qualquer ídolo do jogo, está muito enganado. A EA fez uma seleção de alguns jogadores disponíveis e eles irão atualizando aos poucos. Nesta semana de acesso antecipado além do Ronaldo temos disponível Henry, Zidane, Beckham, Pirlo, Van Nistelrooy e Smith.

As grandes mudanças de customização e as diferentes formas de iniciar são legais, mas ainda falta um tempero pra deixar mais interessante.

MODO CARREIRA TREINADOR

Divulgação / EA Sports

O espaço que a EA mais deixou de lado nos últimos anos finalmente teve grandes novidades — e boas novidades. Uma delas, que até demorou para acontecer, é poder realizar um modo Carreira com os times femininos. Algo básico, mas que agrega muito.

Agora, temos a opção de iniciar a carreira do ponto em que estamos na vida real. Por exemplo: neste exato momento, o Everton está em penúltimo colocado na Premier League e é possível entrar neste ponto para tentar reverter a situação do time, dando outro rumo para a liga, o que dá outras formas de explorar o modo por completo.

Ao iniciar uma nova jornada, você dá cara com os novos menus, que ficaram mais minimalistas, porém dando destaque a muitas informações desnecessárias. Algumas até que você não consegue tirar de lá de jeito nenhum, e são claramente bugs.

Divulgação / EA Sports

Infelizmente, tive muitos problemas com travamentos nesses menus que me forçaram a sair para o menu inicial, seja um travamento completo ou então um soft block que não me deixava acessar nada além da página inicial do menu da Carreira, sem conseguir clicar em transferências, categoria de base ou até mesmo o calendário.

Outra grande mudança é nas notícias, que agora viraram uma página de rede social, muito parecida com o Twitter. É uma mudança visualmente mais agradável, mas muito repetitiva, e isso acaba sendo até triste. Em alguns casos, aparecem cinco fotos seguidas falando do Treinador do Mês de ligas diferentes, e todos esses treinadores estão na mesma pose e muitas vezes com o mesmo visual.

Isso significa que a criação de personagens aleatórias que temos nos jogadores de base é, realmente, só para jogadores. Assim, treinadores genéricos não têm faces únicas e usam somente as predefinições do jogo.

Por outro lado, a adição de Fabrizio Romano mandando o seu tradicional Here We Go para as grandes transferências do mundo do futebol, já faz valer essa mudança.

Como acabei de comentar, tivemos uma mudança na criação aleatória dos jogadores da base. Foi adicionada uma IA para acabar com aquela sensação que os jogadores de base não eram crianças, e sim adultos. 

Mas isso fez com que os jogadores da base fiquem horrendos. Como eles também diminuíram a faixa etária dos jogadores, podendo contratar crianças de 14 anos, acontecem alguns momentos divertidos como estar jogando o campeonato da base e ter um jogador minúsculo contra outro gigantesco.

Tenho a teoria de que quanto mais feio o personagem consegue ser criado, melhor é o sistema de criação deles. Aqui no EA FC 25 temos exatamente isso. Uma customização parruda e que te possibilita fazer algumas aberrações como essas jovens promessas.

Divulgação / EA Sports

Porém, essa IA promete também envelhecer esses jogadores com o tempo, mas isso não tira alguns traços estranhos do rosto deles, só deixa menos esquisito.

Já que falei sobre a categoria de base, preciso falar também das mudanças dos Planos de Desenvolvimento, que é onde você pode trocar a posição dos jogadores ou então melhorar alguns status específicos. Essa mudança é estranha mas tem seu propósito.

Ela claramente ficou mais realista, pois dificultou o que era muito comum: transformar todos jogadores em cinco estrelas de finta e de perna ruim. Com essa dificuldade, achar jovens promessas que possuem esse talento de forma natural torna tudo mais gratificante.

Outro ponto que precisava de mudança, mas o que recebemos é uma falsa novidade, são as entrevistas. 

Temos uma variedade de perguntas maior, mas, no fim, as respostas são iguais e continuam só servindo com o propósito de incentivar o jogador, apesar de agora haver quatro opções e não três.

Além de não terem mudado praticamente nada nas cutscenes, existem diversas perguntas que tentam puxar dados dos jogadores, mas alguns não fazem sentido nenhum.

Falando nas cutscenes, essa é a minha próxima crítica. Tivemos pouquíssimas adições nesse quesito, seja na hora que você contrata um jogador novo, na negociação, ou então no pré e pós jogo. 

Isso é desmotivador para realizar algumas ações, como a compra e venda dos seus jogadores. Fica muito maçante visitar o mesmo restaurante repetidas vezes, ou então ver a mesma sala de escritório.

ULTIMATE TEAM 

Divulgação / EA Sports

A maioria das mudanças no modo são para a qualidade de vida do jogador, seja a extinção das cartas de contrato, ou então ter um armazenamento de duplicatas para usar nas montagens de elenco.

Mas a pior mudança do UT fica para a do Division Rivals: antes você precisava somente de sete vitórias por semana para conseguir a melhor recompensa possível; agora você precisa ganhar quase o dobro para realizar o mesmo feito.

Enquanto isso, a diminuição de jogos na famosa Weekend League é boa, mas vem acompanhada da redução de partidas disponíveis para jogar e se qualificar a ela, o que vai acabar afastando uma parcela de players de participar.

A grande mudança fica para a adição do FC IQ, que mudou completamente a forma de fazer as táticas do seu time. O primeiro contato com a nova mecânica é extremamente confuso, mas com o tempo você vai se entendendo melhor e conseguindo usá-la da melhor forma possível.

Isso é positivo, pois imagino que isso irá abrir novas oportunidades para a jogabilidade, e pode ser que não veremos mais todos jogadores usando a mesma formação o tempo inteiro. Mas como estamos falando de um modo competitivo, só resta esperar para ver.

JOGABILIDADE

O que nos leva à jogabilidade do EAFC 25: é um tópico muito difícil de já se cravar algo, visto que, a qualquer momento, podemos ter alguma atualização que vai mudar totalmente o rumo das coisas.

Com menos de uma semana do jogo lançado, a jogabilidade é boa, mas vai esbarrarnos clichês de todos os lançamentos: o jogo é mais cadenciado, passes são mais difíceis, finalizações estão mais complicadas, e tudo isso muda se a gente falar de Ultimate Team, principalmente quando os jogadores começarem a descobrir as jogadas “bugadas”.

O online e o offline do jogo possuem jogabilidades diferentes, até porque a CPU não fica usando chute trivelado ou então algum tipo de passe que, competitivamente falando, está muito forte. Porém, isso não é uma reclamação, estamos falando de um jogo competitivo e que obviamente existe um meta a ser seguido.

De forma geral, o EA FC 25 é só um bom jogo de futebol, mas ainda senti que muitas das adições podem ser melhoradas — pra isso, entretanto, nos resta esperar o EA FC 26.

Claro que essa é minha visão de um jogo que ainda não obteve nenhuma atualização grande, e onde claramente não tive tempo de explorar 10 temporadas seguidas com o meu Wrexham rumo à Orelhuda.

Como todo EA FC, só o tempo irá dizer, com certeza, se o game foi bom ou ruim.

 

Nota do crítico