Starfield é, sem dúvidas, um dos jogos mais megalomaníacos lançados nos últimos tempos e, depois de algumas dezenas de horas com o jogo da Bethesda, o The Enemy está pronto para passar as primeiras impressões do exclusivo de Xbox Series e PC que realmente leva o jogador ao espaço. O review completo do jogo virá em breve, quando completarmos as tais "mais de 80 horas" e tivermos visto o jogo por completo.

História nada apelativa

É claro, precisamos conversar, principalmente, sobre as promessas de Microsoft e Bethesda sobre o game, vendido como o supra sumo para fãs de ficção científica, que poderiam se deleitar com uma exploração espacial quase sem limites e... infelizmente, não é 100% o que nos adiantaram.

imagem de gameplay de starfield
Bethesda

Sem me estender muito sobre história e evitando spoilers, o início do game mostra o jogador no papel de um minerador novato, que entra em contato com um artefato misterioso, este lhe concede visões bem abstratas do espaço.

Para ser sincero, nada "pega" muito bem o jogador. Do nada, o protagonista acorda, depois de desmaiar com a visão, com os personagens perguntando se nos lembramos quem somos e essa é a desculpa para a tela de personalização aparecer.

A proposta de Starfield é termos nossa própria história para contar, isso funciona, mas não deixa de fazer o esqueleto de jogos da Bethesda parecer datado.

imagem de gameplay de starfield
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Em The Elder Scrolls 5: Skyrim, por exemplo, começamos como um ninguém e nos tornamos um escolhido, o "dragonborn", já em Fallout, saímos dos Vaults com total indiferença sobre o mundo lá fora e é isso, o mundo é nosso.

Em Starfield, cria-se a impressão de que a história não acerta nem no começo de uma grande jornada e nem na indiferença. Ao recolher o artefato, o personagem que encomendou o trabalho, Barret, aparece, membro da Constelação, que pede ao jogador que pegue sua nave e vá até o quartel general da organização. Com menos de 20 minutos de jogo já temos nossa própria nave e, por mais apelativo que pareça, não faz o menor sentido.

Exploração em menus

Mais um choque vem ao descobrirmos como funciona a tal “jornada espacial”. Nos trailers, showcase e etc, deu-se a entender que o jogador poderia decolar com uma nave espacial e ir, quase literalmente, para qualquer canto da galáxia, mas não é bem assim.

imagem de gameplay de starfield
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A liberdade é muita em Starfield, mas não é "pegar a nave e sair voando". Basicamente, é tudo feito em menus. É possível viajar entre uma parte do trajeto e outra, encontrar novidades no espaço como estações espaciais, naves inimigas, escombros e etc, mas é tudo majoritariamente regido por cliques em menus. Uma certa decepção para quem esperava poder explorar o espaço de ponta a ponta. planetas em menus não deixa de incomodar.

Personagens e combate roubam a cena

A jornada ao lado da organização Constelação leva o jogador a muitos planetas diferentes e apresenta personagens distintos, desde Sarah Morgan, líder da organização, até Sam Coe, o tal cowboy do espaço, que anda sempre acompanhado de sua filhinha Cora.

imagem de gameplay de starfield
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Mesmo sem ter sido apresentado a todos que podem fazer parte da minha tripulação, já tenho diversas histórias para contar dos diálogos e background riquíssimos que cada um tem, fator que chega a compensar a minha indiferença com a história principal.

O combate do jogo também merece elogios. Com uma variedade interessante de armas e quase infinitas maneiras de personalizar cada uma, cada armamento encontrado parece único e é até difícil escolher um favorito.

imagem de gameplay de starfield
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Comecei querendo ser o Han Solo, só usando pistolas, mas aí encontrei meu primeiro fuzil automático e passei a querer ser o "Rambo do espaço", depois disso, uma escopeta que atirava munição explosiva, armas corpo a corpo que envenenavam os inimigos e mais.

Cada arma também tem um tipo diferente de munição e propriedades, à medida em que inimigos começam a ficar mais desafiadores, é mais fácil e mais inteligente usar armas específicas contra cada um e, com algumas horas de gameplay, sair pulando em gravidade mais baixa, usar mochila com propulsores e trocar de armas rapidamente faz, realmente, o jogador se sentir quase um super-herói. A inteligência artificial também não dá moleza, os oponentes sabem como se esconder nos mapas, onde procurar cobertura e até quando dar a volta e tentar te pegar pelos flancos.

Isso aliado ao menu de habilidades realmente coloca na mão do jogador a decisão de qual a melhor maneira de jogar Starfield. Ao aumentar de nível pode-se escolher uma habilidade para adquirir ou melhorar, para melhorar uma skill, antes, é necessário cumprir certos objetivos e, a partir disso, é possível escolher ser realmente um soldado focado em armas e resistência, tentar resolver tudo na conversa ou mesmo ser um grande cientista ou o melhor piloto de naves de todos os universos.

As missões de história se resumem, em sua grande maioria, a ir a um planeta novo, com complicações no caminho ou não, ser apresentado a um NPC inédito, resolver alguma situação que pode envolver combate ou não e por aí vai. Pode parecer simples, e é, o esqueleto já popular de jogos da Bethesda está aqui e fortemente presente, mas mapas são bem elaborados e existem diversas opções para lidar com muitos problemas, desde intimidação — que, no espaço, remete à pirataria espacial — persuasão, usar o personagem companheiro para responder, pagar créditos e etc.

imagem de gameplay de starfield
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Aqui, mais um ponto para a Bethesda que, mais do que nunca, agora faz os companheiros participarem mais das aventuras, com diálogos diferentes de acordo com quem está junto do jogador. Membros de facções piratas chegam a conhecer Barret, enquanto andar com Sam Coe na cidade fundada pela sua família pode abrir certas portas.

Já que estamos falando dos companions, os membros da tripulação são os personagens com os quais podemos, obviamente, dividir cargas, sejam itens importantes ou apenas sucata encontrada em missões para vender depois — até porque o menu datado e capacidade super limitada dificultam muito o trabalho dos lixeiros do espaço.

imagem de gameplay de starfield
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Além disso, os tripulantes também são os personagens com os quais podemos desenvolver algum tipo de relacionamento, ao completar missões com eles do lado ou mesmo utilizar escolhas de diálogo que os agrada, o jogador desbloqueia novos diálogos que podem ser agradáveis, revelar histórias sinistras ou mesmo alguns tipos de flerte para desenvolvimento de relação amorosa.

O "late game" de Starfield

Passando disso para as outras atividades do jogo, onde mora o real conteúdo que a Bethesda falou ao comentar sobre Starfield, onde os jogadores podem se perder e passar centenas de horas.

Até o momento, eu visitei algumas galáxias de Starfield devido aos objetivos das missões principais, mas, bem longe de onde estão os planetas iniciais, há outros tão distantes e que demandam nível tão alto para a exploração que chegam a despertar a curiosidade.

imagem de gameplay de starfield
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Não apenas isso, a maioria dos planetas possui uma boa quantidade de itens de flora e vida selvagem, que podem gerar materiais importantes para pesquisas e até upgrades de armadura, arma, naves e entrepostos, e, para tal, precisam ser encontrados e escaneados, ou seja, quem quiser encontrar de tudo, é bom se preparar para uma longa jornada.

Criação de entrepostos e personalização de naves também podem fazer muita gente investir horas. Afinal, entrepostos são bases avançadas que podem ser construídos em planetas em diversas condições, com upgrades é possível até criar bases em territórios extremos como muito frio, muito quente, atmosfera tóxica e por aí vai. A partir disso, é possível designar personagens já recrutados para a tripulação para os entrepostos e deixar na mão deles toda a administração, por exemplo.

imagem de gameplay de starfield
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É possível também ter sua própria frota de naves e designar membros para cada uma delas, personalizá-las tanto em forma quanto em potencial. Não apenas isso, pilotar uma nave espacial é a experiência máxima para fãs de ficção científica, já que é necessário direcionar energia para setores específicos, aumentar escudos em casos de combate, aumentar motores para manobras complicadas ou mesmo desligar tudo para evitar ser detectado, por exemplo.

Como um fã de ficção científica, espaço, naves e etc, até agora, sou uma pessoa muito contente com o resultado final de Starfield, embora existam, sim, pontos que podem até ser considerados certas decepções.

Porém, o jogo realmente explora a maestria da Bethesda com a criação de universos, diferentes sistemas e é clara a dedicação e o carinho na elaboração de uma franquia inédita da empresa após tantos The Elder Scrolls e Fallouts.


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Starfield
  • Lançamento

    01.09.2023

  • Publicadora

    Microsoft

  • Desenvolvedora

    Bethesda Game Studios

  • Censura

    16 anos

  • Gênero

    RPG/Ação

  • Testado em

    Xbox Series X

  • Plataformas

    Xbox Series S Xbox Series X PC

Nota do crítico