Você acorda na manhã de um sábado qualquer, no final da década de 1990, vai até a sala de estar e encontra um Mega Drive conectado à televisão. Há uma fita instalada no console: a saudosa SEGA Top Ten. Antes mesmo de comer, você já está sentado na frente da televisão olhando para a tela.

Tyris no vilarejo.

São muitas opções, é verdade. Pode parecer até difícil escolher o título ideal para começar o dia. A lista começa com Super Hang-On, passa por Streets of Rage, Super Monaco GP e vai até Flicky, o jogo do pássaro azul que precisa proteger filhotinhos de gatos malvados.

Talvez, em outras circunstâncias, você sentisse maior disposição para arriscar e conhecer algo novo. Desta vez, entretanto, a decisão é segura: se aventurar novamente por um mundo já conhecido. Basta apertar Start em Golden Axe para ver o símbolo da SEGA brilhando e, em seguida, ouvir os tambores que convocam jogadores para a guerra.

Lançado primeiro nas máquinas de fliperama, em 1989, e mais tarde, naquele mesmo ano, para Mega Drive, Golden Axe está entre os jogos mais celebrados na história da SEGA — um épico medieval cheio de elementos mágicos e combates engajantes.

Ax e Gilius juntos.

Dragões que sopram fogo. Gigantes com armaduras extremamente pesadas capazes de nos derrubar com pouquíssimos golpes. Camponeses desesperados que fogem enquanto afastamos caveiras de lares arruinados. Tartarugas enormes o bastante para que sejam confundidas com ilhas. Águias igualmente imponentes que se assemelham a vilarejos.

Já se passaram mais de 30 anos desde o lançamento do Golden Axe original, que é o foco deste texto. Obviamente, muitos jogadores podem olhar para esse clássico da SEGA como algo ultrapassado, mas não é difícil entender a razão pela qual essa franquia conquistou tantos fãs mundialmente.

Muito inspirado nos filmes de Conan estrelados por Arnold Schwarzenegger, com até mesmo efeitos sonoros adaptados diretamente do cinema, Golden Axe apostava muito na ambientação como maneira de prender os jogadores.

Todas as faixas da trilha sonora, ainda que os timbres dos instrumentos fossem limitados pela tecnologia disponível na época, contribuíam para a construção de uma atmosfera legitimamente épica na qual o destino do mundo parecia estar nas mãos dos três guerreiros jogáveis: Ax Battler (o clássico herói musculoso, totalmente inspirado em Conan), Tyris Flare (uma amazona capaz de controlar um imenso dragão) e Gilius Thunderhead (um anão viking capaz de controlar os raios).

Dragão azul em Golden Axe.

Até mesmo a tela de seleção de personagens, em que uma caveira gigante segurava, nas mãos, os três guerreiros, impressionava. Aquele era um sinal de que os jogadores deveriam esperar, em seguida, por todo tipo de perigo, seja deste ou de outro mundo.

Nos combates, esperava-se sempre o momento certo para usar as magias mais poderosas após coletar frascos mágicos adquiridos ao golpear pequenos ladrões. Magia, aliás, foi o motivo que me fez gostar tanto de Tyris, já que, no nível mais alto de magia, ela conseguia invocar um enorme dragão que queimava o campo de batalha inteiro soprando fogo — de longe, o especial mais forte.

O fato de que existiam níveis de magia já era o bastante para instigar a curiosidade. Nem sei quantas horas passei testando cada uma das magias dos três personagens, fossem os terremotos de Ax, os raios invocados por Gilius ou mesmo os fantasmas de fogo da Tyris.

Ao final de cada fase, como em tantos outros games, jogadores eram obrigados a lutar contra chefes com o dobro ou mesmo o triplo do tamanho dos personagens principais. As lutas, aliás, eram bem exigentes com quem não sabia guardar magia.

Tyris invoca o dragão.

Passados os gigantes armados com martelos e os guerreiros com espada e escudo, ainda era necessário lutar contra Death Adder (inimigo final na versão dos fliperamas) e o absurdamente desafiador Death Bringer (inimigo final na versão de Mega Drive, que é mais extensa).

Só de lembrar das caveiras imortais que acompanhavam Death Bringer na luta final da versão de Mega Drive, vem um sentimento forte de raiva. Nossa, como eu detestava essas caveiras... Mas confesso que superar esse desafio final era mais prazeroso do que zerar qualquer outro beat 'em up do período.

Uma maneira de facilitar a vida dos nossos personagens era sempre conquistar montarias o mais cedo possível, fosse aquele lagarto rosa com uma cauda gigante ou os dragões bípedes nas cores azul e vermelha, que eram absolutamente fenomenais.

Golden Axe era essa viagem no tempo que nos levava para longe dos tradicionais mundos urbanos do gênero e nos permitia abraçar a fantasia com um nível de possibilidades surpreendente.

A trilha sonora era absolutamente especial, mesmo em um período com limitações extremas e evidentes de áudio. Os personagens eram suficientemente diversificados. As magias enchiam os olhos de quem jogava. Golden Axe é e sempre será um dos pontos altos na história da SEGA, mesmo que todas as tentativas de ressuscitar a franquia sejam um tanto questionáveis.

Se você quiser jogar em plataformas atuais, saiba que Golden Axe está disponível para consoles PlayStation, Xbox, Nintendo, PC e celulares. No caso dos consoles e computadores, você encontrará o jogo em quase todas as coletâneas do Mega Drive. Nos celulares, é possível baixar o game sozinho.


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