Hitman - Episódio 2 | Crítica
Saga do Agente 47 começa a justificar seu formato episódico
Que diferença estes dois meses fizeram ao novo Hitman. Embora este período signifique pouco para a campanha, que avança pouco em seu segundo episódio, o game - ou melhor, a plataforma na qual usuários criam suas próprias missões e compartilham - é praticamente outro em relação ao que foi lançado em 11 de março. No texto do capítulo inicial, escrevi que o jogo seria tão bom quanto o conteúdo produzido por sua comunidade e, baseado no que está disponível atualmente, é fácil perceber porque a Io-Interactive foi tão confiante neste modelo.
Mas, primeiro, vamos ao que interessa: Sapienza, o fictício local italiano que serve de nova arena para a criação de missões, e também onde se passa a segunda missão da campanha. Sai de cena o ambiente constantemente vigiado de Paris, entra uma pacata cidade na beira da praia, com direito a pracinha, comércio local e, claro, uma gigantesca e centenária mansão localizada em seu centro.
É lá que se encontram os alvos do Agente 47: Silvio Caruso, dono do local e biólogo a serviço da criação de um vírus letal e personalizado para cada DNA individual, e Francesa De Santis, sua assistente e a única além dele capaz de liderar o projeto. Debaixo da mansão, encontra-se um megalaboratório dedicado à elaboração de uma amostra do vírus, que também precisa ser destruída.
Benvenuto, 47
De muitas maneiras, os desafios de Sapienza são invertidos em relação a Paris: enquanto na primeira missão do game o Agente 47 podia contar, de certa forma, com o anonimato de uma festa repleta de convidados, aqui o disfarce social é quase inexistente, já que há menos gente no cenário - e, como elas se conhecem, é mais difícil permanecer anônimo com uniformes específicos - e Caruso fica de tocaia em um local extremamente bem protegido. O didático sistema de Oportunidades, que revela maneiras de se aproximar do alvo, facilita as coisas novamente - talvez, até demais.
Se entrar e sair da mansão não apresenta tanta dificuldade, o jogo não cansa de surpreender na variedade de maneiras de assassinato, cada uma com um mini-enredo que a envolve. Seja como o instrutor de golfe que dá aulas a Caruso (e tem um romance secreto com De Santis), seja maquinando macabras alucinações envolvendo os antepassados do biólogo italiano, Hitman sempre exibe seu arsenal de assinatos com criatividade.
A parte mais interessante de Sapienza está na quantidade de camadas presente no nível. A mansão parisiense já continha um alto nível de liberdade e complexidade com seus diversos cômodos, caminhos e ambientes escondidos, e esta mesma lógica se aplica ao casarão de Caruso em uma fase que vai, literalmente, se afunilando até o laboratório secreto onde se esconde o protótipo do vírus que precisa ser destruído, em uma sequência de ação furtiva que já vale a missão inteira.
Minha maior reclamação fica por conta da campanha, que desde o começo não se revela ser o forte do game e, com dois episódios passados, continua sem dar muitas pistas de onde vai. O máximo que temos é uma cutscene ao final da missão, envolvendo o mesmo personagem que já havia aparecido no vídeo que encerra o primeiro capítulo.
Contratos, muitos contratos
Enquanto o segundo mapa dá uma tão necessária variedade de cenário ao novo Hitman, o que não falta agora é conteúdo. A prolífica comunidade que vem abastecendo os games do Agente 47 desde Hitman: Absolution não decepcionou e, em menos de dois meses, criou uma tonelada de missões, muitas delas com dificuldade e criatividade invejáveis.
A Io-Interactive também colocou a mão na massa, com mais de dez fases de Agravamento (sequências com cinco alvos em dificuldade crescente) em Paris e duas em Sapienza. Já os prometidos Alvos Elusivos, que só podem ser tentados uma única vez em uma reduzida janela de tempo, ainda não deram as caras.
Se você não se interessa por este modo, entretanto, o novo Hitman ainda não oferece muito conteúdo de interesse, com uma campanha com boas, mas poucas missões, e sem muito andamento na história. No que diz respeito à ideia de se criar um playground repleto de possibilidades de assassinatos - uma das principais propostas do estúdio -, o novo game já começou a justificar seu formato episódico.
Hitman está disponível para PlayStation 4, Xbox One e PC (Steam). O game foi testado em um PlayStation 4. Clique no nome das plataformas para ver o preço em suas lojas digitais.