Hitman - Episódio 1 | Crítica
Pontapé da nova saga do Agente 47 tem conceito interessante, mas ainda está incompleta
Mesmo sendo fruto de decisões internas que levaram em conta principalmente os pontos fortes dos games anteriores junto aos fãs, o novo Hitman será, inevitavelmente, julgado por se aproveitar das tendências de seu tempo - com razão. A nova entrada da franquia do Agente 47 chamou a atenção por seu lançamento em episódios. Coincidência ou não, a medida é tomada em uma época na qual cada vez mais os jogos de alto orçamento chegam às lojas com conteúdo por vir.
Dentro da linha do tempo da série desenvolvida pela Io-Interactive, entretanto, a decisão faz todo o sentido. Agindo com o pragmatismo do Agente 47, o estúdio pegou o que deu certo nos dois games anteriores - Blood Money e Absolution - e juntou em um jogo só. Do primeiro, de 2006, vem a estrutura aberta que permite múltiplos caminhos para um único objetivo, um dos pontos mais fortes da franquia. Do segundo, vem os Contratos, o modo multiplayer que permite a criação de missões marcando qualquer alvo existente em uma fase.
Conceitualmente, a ideia dá certo - e muito. O novo Hitman é um campo aberto à experimentação que, de tantas opções à disposição do jogador, chega a ser irritante ao lembrá-lo das possibilidades em inúmeros tutoriais. Servindo de prelúdio para todos os games da saga, as primeiras missões contidas neste capítulo inicial mostram os testes do Agente 47 para entrar na organização ultrassecreta ICA, reencenando missões famosas de seus antecessores.
Este único mapa funciona como um “ensaio” no qual você aprende que não existe jeito certo de matar um alvo: pode ser com um tiro, com um explosivo, com veneno, com um cordão, com um afogamento na privada, derrubando um bote em sua cabeça - o que a sua imaginação e os elementos a sua disposição lhe permitirem. O novo Hitman é provavelmente o melhor ponto de entrada para quem quer conhecer a série, não apenas por sua posição na cronologia, mas também por seu didatismo.
Na passarela, o Agente 47
A verdadeira face de Hitman se revela em seu primeiro mapa, situado em um desfile de moda da marca Sanguine, em Paris, um mapa gigantesco e repleto de salas, calabouços, quartos escondidos, passagens, jardins e, principalmente, pessoas. No modo campanha, seu objetivo é matar os organizadores do evento - e líderes da corporação de espionagem IAGO - Viktor Novikov e Dalia Margolis, mas esta é apenas uma missão. O que importa, ao menos na visão da Io-Interactive, é o que vem em seguida.
O modo de Contratos, no qual você pode escolher até cinco alvos para assassinato, é elevado à décima potência pela imensidão e detalhe do mapa de Paris, com uma multidão disponível para se tornar objetivo do que você criar. Quase como um “Super Mario Maker do mal”, o game permite não apenas que você escolha quem deve ser morto, como também inclui objetivos secundários como quais roupas usar como disfarce e quais métodos de assassinato se utilizar.
O problema do (pouco) conteúdo
Mesmo com um conceito interessante e que faz total sentido dentro da proposta da franquia, Hitman ainda padece do mal que aflige a todos os games divididos em partes: a falta de conteúdo. O game promete uma história cheia de conspirações e reviravoltas, mas o pouco que foi revelado neste primeiro capítulo deixa apenas um gancho e suas missões, embora exijam tempo e paciência, são poucas.
Até mesmo o modo de Contratos, que deveria ser o responsável por dar fôlego ao game até a chegada do segundo capítulo (e do segundo mapa) pode se tornar repetitivo já que, quanto mais se joga, mais se conhece os atalhos do cenário e, como há três mapas à disposição - dos quais dois, pequenos, servem para o tutorial -, o jogo pode ficar maçante rapidamente.
No fim das contas, o novo Hitman será tão bom quanto o conteúdo de sua comunidade e, pelo menos nas semanas iniciais, o jogo é válido apenas se o que te interessa é brincar com a liberdade oferecida pela criação de missões no mapa, especialmente com a promessa de conteúdo extra como os Alvos Elusivos, que só aparecem em uma janela de tempo, sendo que só há como tentar a missão uma vez - se você matou, matou, se não, eles fogem para sempre.
Se você está interessado em conferir a nova saga do Agente 47, entretanto, é melhor esperar mais um pouco, ao menos até a chegada dos próximos capítulos. Vamos ficar de olho, mas, embora seja promissor e tenha ótimo desempenho, o novo Hitman chega às mãos dos jogadores como um jogo incompleto.
Hitman está disponível para PlayStation 4, Xbox One e PC. O game foi testado em um PlayStation 4. Confira a página do game no Steam clicando aqui.