A homenagem que 007 Legends propõe aos 50 anos da clássica série de Ian Fleming é ótima: uma visita às mais importantes missões do agente secreto inglês nos cinemas, de Liçença para MatarOperação Skyfall. Infelizmente, a execução da Eurocom fez com que todo o potencial do projeto ficasse somente no campo das ideias. Nem a aparição de alguns personagens icônicos ou o razoável multiplayer local salva o jogo do fracasso total, tornado-o um dos piores games da história de James Bond nos videogames.

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O game começa com uma sequência do último filme da série,Operação Skyfall, estrelado por Daniel Craig - o rosto do agente em todas as missões. Após ser atingido por um tiro, o personagem cai num rio e a partir daí começa uma viagem no tempo que levará o jogador a missões de filmes como 007 Contra Goldfinger, A Serviço de Sua Majestade, Permissão para Matar, Contra o Foguete da Morte e Um Novo Dia Para Morrer. Praticamente todos os momentos clássicos estão lá, mas nenhum deles é construído de uma maneira digna, que ao menos possa relembrar a sensação, por exemplo, de combater o grotesco Jaws, de Contra o Foguete da Morte - esta, a última e mais decepcionante missão do game, pois não segue a risca o fim do filme.

Os famigerados "Quick Time Events" (QTE) aparecem a todo instante quando a luta é corpo a corpo, como se a preguiça dos desenvolvedores já não estivesse escancarada nos inúmeros bugs e falhas de colisão ao longo das quase doze horas de jornada. Tudo é repetido exaustivamente, os combates, a construção das fases e até mesmo a luta com os "chefes", se é que algum inimigo pode ser assim chamado. Além da inclusão de missões que não existem nos filmes - uma das soluções para alongar a pobre narrativa do game - a Eurocom também incluiu algumas fases com veículos, todas tão dispensáveis quanto qualquer QTE.

Toda a tecnologia gráfica e a mecânica de tiros de 007 Legends vem diretamente da franquia Call of Duty, já que ambos os jogos são publicados pela Activison. Para os minimamente iniciados, isso não se torna um grande atrativo; líder de mercado, o motor gráfico usado não tem uma evolução significativa há anos. Rostos com pouquíssima ou nenhuma expressão, falta de sincronia labial e inimigos genéricos são regra. Se fosse um game com menos grife e expectativa, talvez os tiroteios trouxessem alguma diversão. O problema é que com isso há uma descaracterização total do conceito de ser um agente secreto - James Bond deixa de lado a discrição para ser um soldado espalhafatoso.

Isso ocorre não só pela mecânica de stealth terrível aplicada pela Eurocom, mas também porque é muito mais fácil matar todos com uma metralhadora. A inteligência dos combatentes é tão fraca que não há necessidade de se esgueirar pelas sombras ou se esconder nas caixas, que sequer servem como uma cobertura decente. Sem contar os pobres mini-games que as bugingangas de Bond proporcionam ao jogador, e o dispensável sistema de evolução de armas. A salvação de Legends é seu nostálgico multiplayer local, com um splitscreen para quatro jogadores, idêntico ao de Goldeneye Reloaded, também produzido pela Eurocom - o que não é o suficiente para salvá-lo do fracasso.

007 Legends é inspirado em uma homenagem honesta, mas com uma execução pífia. Nem mesmo a data do lançamento foi bem pensada, pois ainda que Call of Duty e Medal of Honor não passem por seus melhores momentos, não há como combater estas franquias com um jogo deste. O que surgiu como uma boa ideia e um sopro de nostalgia para os antigos fãs da série, se revela mais um game licenciado e oportunista, sem traço de identidade ou o mínimo de diversão.

Nota do crítico