A Valve repensou toda a questão das contas Prime no Counter-Strike: Global Offensive e voltou atrás sobre como deveria ser o CS:GO gratuito. Em comunicado emitido nesta quinta-feira (3), foi explicado que não é mais possível obter o status Prime jogando e adquirindo experiência, apenas pagando um valor estipulado para cada região, de acordo com a própria moeda - No Brasil o preço é R$ 84. A decisão pegou muitos de surpresa e veio apenas para escancarar a grande derrota que a empresa sofreu.
A decisão de tornar o jogo totalmente gratuito passou a valer em 6 de dezembro de 2018. A partir daquele dia histórico, bastava o usuário ter uma conta na Steam - que também não é paga - para baixar o CS:GO e se divertir. Inicialmente todas as contas grátis vinham sem o selo Prime, porém ele podia ser adquirido apenas jogando e conseguindo experiência o bastante para atingir o level 21 - ou comprando.
Talvez os mais favorecidos não pensem tanto nisso, mas o fato de um jogo tão famoso e amado ser gratuito, tira um pouco do peso elitista que os jogos e os próprios esportes eletrônicos têm sobre si. Falando do Brasil, sabemos o quão difícil é ter um computador que aguente os jogos da atualidade, cada vez mais pesados. Além disso, as pessoas ainda precisam se preocupar em comprar os games e também periféricos de qualidade como mouse, mousepad, teclado, headset, monitores com taxa de Hz maior e mais para ter uma experiência melhor e mais completa. Em plena pandemia, são gastos inviáveis para a maioria da população.
Ao mesmo tempo que a gratuidade oferece este pequenino benefício social, ela também vem junto de uma grande insegurança. Com o CS:GO gratis, o que impedirá de pessoas mal-intencionadas criarem uma infinidade de contas para fazerem o que bem entenderem e, assim que forem banidas, partirem pra próxima? Sem o devido cuidado, há uma grande possibilidade de ser criado um ciclo infinito de trapaceiros, smurfs e jogadores tóxicos de todo o tipo, que gozam de impunidade.
Dito isto, é importante mencionar dois pontos de atenção:
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1 - O tal looping infinito mencionado anteriormente, não é impossível de ser detido - ao menos freado a ponto de não estragar a experiência de quem joga limpo. Existem exemplos de jogos gratuitos, como o League of Legends (LoL), que o fato de não ter uma taxa de compra não é um problema. Isso nem mesmo é discutido na comunidade do MOBA.
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2 - No exato dia que a Valve anunciou que o CS seria grátis, os fãs demonstraram uma preocupação gigantesca e levantaram incansavelmente toda esta problemática do looping. Ou seja, a possibilidade de tudo isso acontecer nunca foi algo obscuro, pouco provável ou mesmo pouco discutido.
No final das contas, você, jogador de CS:GO assim como eu, sabe bem o que aconteceu... O ciclo que falamos se enraizou no game de uma forma absurda e o banimento de contas foi banalizado para muitos, tornando-se um mero contratempo. A situação se tornou tão insustentável, que nem mesmo pegar o tal level 21 era um fardo, pois foram criados BOTs que jogam sozinhos e pegam experiência e level sem dar qualquer trabalho ao usuário, além de outras práticas ilegais visando caminhos mais fáceis rumo ao selo Prime na conta. Há quem fizesse este tipo de coisa como um negócio rentável, pegando Prime de forma ilegal e vendendo estas contas por um preço abaixo do cobrado pela própria Valve - que na época dava a opção de compra do Prime sem precisar chegar ao level 21. Quem não tinha boas intenções sabia exatamente o caminho mais prático e rápido para colocar todas as suas contas como Prime.
No comunicado desta quinta, a Valve mencionou o seguinte:
"Junto com toda a jogabilidade que disponibilizamos gratuitamente, novos jogadores tiveram acesso a drops, classificações, grupos de habilidades e um caminho gratuito para a combinação de partidas Prime. Infelizmente, com o tempo, esses benefícios tornaram-se um incentivo para que infratores prejudiquem a experiência de jogadores novos e existentes."
É mesmo, Valve?! Quem diria… Talvez só toda a sua comunidade.
Voltar atrás com a decisão tomada no passado, apenas escancara como a Valve foi sumariamente derrotada por pessoas que não tem qualquer apreço pelo código de conduta do CS:GO. Não consigo enxergar isso de outra forma senão "não aguentamos a situação e não tínhamos capacidade para lidar com ela. Por isso, simplesmente desistimos".
Preciso deixar claro que o problema não está na ação de voltar atrás em si. O que eu espero de decisões que dão errado é justamente que elas sejam revertidas. Mas juntando todo o histórico da Valve, as constantes polêmicas que o cenário profissional passa sem que ela mova um dedo, os pedidos nunca ouvidos da comunidade e as inúmeras ações completamente contestadas e, no mínimo estranhas, não dá para simplesmente ignorar mais um derrota, agora com atestado e tudo.
O pouco que temos para nos apegar agora é: Talvez gastar R$ 84 por cada conta criada para usar hack, coloque um freio nessas pessoas em algum momento. Após tanto sofrerem nas mãos de quem joga sujo, hoje quem joga limpo comemora este fato. Pessoalmente ainda penso um pouco no lado social mencionado anteriormente, mas como culpar os órfãos da Valve sempre deixados de lado?
Em meio a tantos desacertos da Valve, a discussão de "Será que o CS:GO acaba?" segue em pauta na comunidade. A resposta para isto é um sonoro não. O CS:GO não vai acabar e inclusive seguirá forte. Mas só não acabará por conta da própria comunidade, sempre apaixonada e pronta para fazer de tudo para alavancar o jogo. Se dependesse da Valve, a pergunta hoje seria outra. Algo perto de "Lembra quando existia CS:GO?".