Jogos de corrida são geralmente usados para mostrar o potencial de uma nova geração de consoles por trazerem gráficos “mais reais do que a realidade”. E eu, assim como a maioria dos fãs do automobilismo virtual, fiquei surpreso quando Forza Horizon 5 foi mostrado de sopetão na E3 2021 — afinal as expectativas giravam em torno sobre novos detalhes de Forza Motorsport 8, o jogo da franquia principal que já tinha sido anunciado pela Microsoft.
… E fiquei mais surpreso ainda com a notícia de que o jogo chegaria ainda nesse ano.
Já dando um pouco de spoiler do texto abaixo, acredito que a decisão foi mais do que acertada, afinal, um jogo de mundo aberto exige muito mais de uma máquina do que o ambiente controlado de circuitos fechados. Digo isso pois, em games como esses, os produtores precisam contar com a maluquice de um jogador indo aonde lhe der na telha e em alta velocidade — geralmente levando outros tipos de telhas pelo caminho.
Além disso, convenhamos que games de mundo aberto geralmente abrem mão da beleza para dar ao jogador uma perspectiva única de exploração. No entanto, isso não acontece aqui: você pode ver todas as belezas naturais com um nível de detalhamento impressionante, as cidades são pitorescas e coloridas — sem contar que os carros são maravilhosos, e trazem aquele tempero e picância necessários para desbravar o México.
FH 5 permite conhecer a terra dos luchadores no conforto de casa ao visitar virtualmente praias maravilhosas, vulcões em erupção, tempestades de areia, pirâmides, selvas, cachoeiras, cemitérios de aviões e muitos outros pontos turísticos do país com por gráficos impressionantes.
Seguindo na trajetória de seus predecessores, o jogo permite que você não só crie seu personagem escolhendo desde a cor do cabelo ou roupas estilosas, como também dá opções inclusivas como adoção de próteses para braços e pernas, além da adoção do gênero neutro para se referir ao seu pilotx.
Tudo isso compõe toda a experiência que dá a você um sentimento de pertencimento a esse mundo.
A aventura automobilística traz diversas atividades para você fazer sozinho ou com seus amigos, com uma quantidade de eventos tão enorme que sinto que ser impossível contar tudo o que pode ser feito no jogo.
Só para você ter uma ideia, só a linha de missões que contam como “Narrativa Principal” do jogo é composta por mais de 65 provas. Tudo aqui é superlativo.
Há corridas de rua, na estrada, off-road, drift, arrancadas, contra o relógio... A variedade de carros também é exorbitante e tem para todos os gostos: superesportivos, clássicos, picapes, caminhões, buggies. Tudo feito para explorar ao máximo o potencial do cenário.
Não só isso, a Playground Games consegue criar situações tão diversas ao ponto de criar provas memoráveis de propostas das quais você nunca imaginaria se divertir, como corridas de caminhões transportando Fuscas no meio de uma tempestade ou buggies correndo livres e leves nas dunas de areia.
E vale notar que, mesmo com uma quantidade gigantesca de veículos, Horizon 5 não coloca carros apenas para inflar os seus números. Durante minhas horas de jogo, fiquei satisfeito em pilotar qualquer carro, e até me forcei a experimentar alguns modelos só por diversão.
São dezenas de montadoras como Volkswagen, Ford, Renault, Fiat, Ferrari, Porsche, Nissan e Toyota, em geral todas com variedade muito rica e, como já é de praxe, com carros que realmente são interessantes em algum nível e não contam com versões com pequenas alterações.
Outra coisa que gostei é que, mesmo antes do lançamento, já existe uma grande variedade de pinturas especiais para os carros. É verdade que já tinha visto algumas dessas pinturas em Horizon 4, mas de forma alguma vejo isso como um ponto negativo — afinal, os jogadores que se dedicaram anteriormente vão se sentir recompensados por ver seus desenhos aplicados em uma nova geração de consoles.
Apesar disso, a produtora não reinventou a roda e você vai encontrar os mesmos tipos de desafios que você jogou anteriormente na série.
(Aliás, será que existe possibilidade de reinventar os jogos de corrida? Fica aí o questionamento no ar)
Vale lembrar que esse não é um simulador de corridas e a física nem sempre vai atuar como no mundo real. Forza Horizon 5 faz algumas concessões para passar ao jogador um sentimento de aventura constante.
Basta uma batida mais forte para seu carro alçar voo, viajar algumas centenas de metros, girar no ar, capotar e voltar com as quatro rodas no chão para depois voltar a queimar o asfalto como se nada tivesse acontecido. Mas tudo é válido em nome da diversão.
O sistema de danos é puramente estético e limitado, como sempre foi na série — do contrário as fabricantes ficam irritadas, afinal de contas —, mas mesmo assim sinto que os carros estão ainda mais resistentes do que antes. Isso é ainda mais evidente ao entrar no modo de fotografia para fazer com que todos os danos sejam eliminados automaticamente para que sua foto saia tão perfeita quanto a de influenciadores de Instagram.
Isso, porém, não é nada perto de algo que sinto que não é um problema específico de Forza Horizon 5, ou mesmo de Forza em geral, e sim de todos os jogos de corrida: o comportamento dos carros controlados pelo computador. A dificuldade do jogo não é baseada no desempenho dos veículos ou na habilidade dos pilotos virtuais, mas sim no efeito estilingue, aquele que os carros ganham ou perdem desempenho para “deixar” o jogador ultrapassá-los – coisa que vemos desde os primórdios do gênero.
Eu realmente acreditava que cada piloto teria um comportamento diferente em uma nova geração de consoles. Porém, estava completamente iludido: os adversários controlados pelo computador ainda andam por trilhos, fazem curvas impossíveis de serem feitas na mesma velocidade que eles executam ou até mesmo a velocidade que os seus carros alcançam em retas.
E não foi dessa vez que o Drivatar, o sistema que supostamente deveria simular o comportamento de seus amigos, me convenceu. Conheço essas pessoas e sei a forma que elas jogam, sua agressividade nas pistas e tudo mais. E eu sei que o jogo nem chegou perto de mimetizar o que meus amigos fazem. Pelo menos você vai ficar satisfeito ao ver que você está correndo contra um amigo e não apenas contra um nome aleatório.
Novamente repito que este não é um problema apenas de FH 5, mas sim de todos os jogos de corrida. E é por esse exato motivo que recomendo a você jogar com seus amigos ou até mesmo formar um “comboio” com outros jogadores do servidor. Somente assim você se sentirá desafiado.
Existem outras incongruências como as corridas de arrancada não serem nada emocionantes para quem usa a direção automática – que era para ser uma homenagem ao Need For Speed Underground.
No final das contas Forza Horizon 5 não vai mudar a sua percepção sobre os jogos de corrida. Se você não gosta desse gênero, não será agora que vai mudar de ideia. Pelo ponto positivo, é um título que está disponível no Gamepass e que você pode experimentar e jogar enquanto for assinante do serviço.
Tendo isso em vista eu digo: baixe e jogue Forza Horizon 5. Esse é um jogo divertido e que, se seguir como os outros jogos da série, será atualizado frequentemente com novos conteúdos para que você continue admirando e conhecendo a terra de Roberto Gomes Bolaños com conforto e a centenas de quilômetros por hora.