Opinião: Tears of the Kingdom é o momento certo para tornar a Zelda jogável

Se não for possível jogar com a princesa, esta será uma grande oportunidade perdida.

Por Helena Nogueira 10.05.2023 07H30

Não é de hoje que os fãs pedem que seja possível jogar com a Zelda

Salva uma única exceção em que é jogável na franquia principal, a princesa é feita de refém desde os primórdios da franquia — um clichê enferrujado que, até mesmo em Super Mario, já começou a ser deixado para trás.

Reprodução: Nintendo

Caso, de fato, Tears of the Kingdom dê continuidade à promessa de ressignificar a franquia, este é o momento certo para tornar a Zelda jogável. 

Por que queremos a Zelda jogável?

Em retrospecto, a comunidade pede por uma protagonista feminina jogável há mais de uma década. Como esquecer, por exemplo, a reação dos fãs à demo de Twilight Princess da E3 2005, quando teorizou-se que Link seria uma mulher no game.

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Durante a cena cinematográfica em que uma horda de Bokoblins ataca a Fonte de Ordona, Link é ferido e permanece desacordado enquanto seus amigos são raptados. 

Bastou a imagem do herói de olhos fechados, com cílios compridos e delineado em proeminência, para os jogadores se animarem com a possibilidade de uma protagonista feminina em Zelda. 

Reprodução: Nintendo

Afinal, Link foi concebido em 1986 por Miyamoto e Tezuka como um personagem “neutro”, marcado pela nulidade de sua personalidade e traços, de forma que atuasse como vínculo direto do jogador com o game. 

Sendo assim, a impossibilidade de jogar com uma mulher se torna uma limitação bastante questionável, não é mesmo? 

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Tão interessante quanto ver um Link de gênero flexível seria, de fato, poder jogar com a personagem que dá nome à franquia. 

E não estamos falando aqui dos trechos jogáveis da princesa na série Smash Bros., Warriors, nos obscuros jogos de CDI ou da Zelda fantasma que faz dupla com Link em alguns momentos de Spirit Tracks — apesar de que o último corresponde ao único bom exemplo da lista.

Reprodução: Nintendo

Estamos falando de uma mudança mais substancial, que dê agência à personagem e que adicione dinamismo à franquia. 

Por que a mudança não aconteceu em Breath of the Wild?

Reprodução: Nintendo

Por certo tempo, acreditamos que, enfim, a mudança viria em Breath of the Wild. Em 2014, mais uma vez, os fãs deixaram a apresentação da Nintendo na E3 com a expectativa de que o jogador poderia escolher o gênero de Link no próximo game — que, até então, era conhecido como “ZeldaU”.

Isso porque, no teaser mostrado na feira, o Link que batalha um Guardian teria traços “femininos” que chamaram a atenção dos jogadores. 

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A teoria logo tomou grandes proporções na Internet, até que foi desmentida por Eiji Aonuma. Em entrevista à revista TIME, em 2016, o produtor da franquia afirmou que Link é “definitivamente um homem” em Breath of the Wild, mas pontuou que o intuito do design foi ressaltar os traços andrógenos do personagem. 

“Na época de Ocarina of Time, eu queria que Link fosse neutro em termos de gênero”, revelou Aonuma. “Eu queria que o jogador pensasse: 'Talvez Link seja um menino ou uma menina.' (...) Sempre pensei que, tanto para os jogadores femininos quanto para os masculinos, queria que todos pudessem se relacionar com Link.”

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“Durante o desenvolvimento de Twilight Princess, segui um caminho diferente e criei uma versão de Link que era mais masculina. Mas, depois disso, voltei para a prancheta e decidi que Link deveria ser um personagem neutro em termos de gênero. Foi, então, que criei a versão do herói em Breath of the Wild. Em relação a gênero, Link é definitivamente um homem, mas quis criar um personagem com que qualquer pessoa pudesse se relacionar”, argumentou o produtor. 

No fim, em paralelo às mecânicas de mundo aberto que revolucionaram a indústria, Breath of the Wild é formado também por um protagonista de traços bem definidos e uma Zelda que retrocedeu no tempo para ser resumida à princesa que precisa ser resgatada. 

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É importante pontuar que, sim, a Zelda de Breath of the Wild possui traços de personalidade bastante interessantes: ela é a exploradora que liderou as escavações das Divine Beasts e Guardians, além de ser capaz de conter a Calamidade de Ganon por mais de um século. 

Contudo, não chegamos a ver a princesa realizando esses feitos fascinantes — apenas ouvimos sobre eles. Quando a protagonista está em tela, na verdade, vemos apenas parte de sua personalidade, aquela que se mostra frustrada e sensibilizada pela incapacidade de despertar o poder da deusa em si. 

Zelda será jogável em Tears of the Kingdom?

Reprodução: Nintendo

Com o anúncio da sequência de Breath of the Wild, em 2019, foi difícil não ficar se animar com a possibilidade da Zelda, enfim, ser jogável. A princesa, com um novo corte de cabelo, aparecia ao lado de Link enquanto eles exploravam uma caverna repleta de ruínas. 

Não durou. A esperança de um jogo com Zelda jogável foi abalada pelo trailer seguinte, mostrado na E3 2021, que começa com a personagem caindo em um abismo. 

Reprodução: Nintendo

Depois disso, a princesa ainda apareceu com o visual de exploradora em artes oficiais do game — e, nas mãos, ela carregava o Sheikah Slate. Considerando que, ao que tudo indica, o novo game adicionará cavernas e túneis subterrâneos, uma possibilidade é que a personagem use os poderes do aparato para conseguir escapar para a superfície sozinha. 

Afinal, sabemos que, em algum ponto, Zelda consegue sair do subterrâneo, algo ressaltado pelo último trailer de Tears of the Kingdom lançado até o momento de publicação desta matéria. O vídeo também inclui, sim, o pedido da princesa para que Link a encontre, mas, mesmo que ela tenha de ser resgatada novamente, quem sabe o game não intercala a aventura do herói com trechos jogáveis com a princesa? 

Reprodução: Nintendo

Caso contrário, estamos falando, sim, de uma grande oportunidade perdida. Tears of the Kingdom é o momento certo para introduzir essa mudança, pois, após Breath of the Wild, o desenvolvimento tem uma base sólida para continuar a ressignificar os principais conceitos da franquia. 

Temos uma encarnação da deusa Hylia poderosa o suficiente para deter a Calamidade, sozinha, por cem anos. Uma exploradora pioneira responsável pela maior descoberta de seu tempo. Sendo assim, não faltam motivos para torná-la jogável, não é mesmo?  

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