Zidane Tribal pode até ser o protagonista de Final Fantasy IX, mas o tempo que jogadores passam no controle da princesa Garnet Til Alexandros XVII — ou Dagger — como líder da party é consideravelmente grande.

Aliás, durante todo o trecho em que ela é a personagem controlada, o gradual agravamento da trama principal se desenrola de maneira absolutamente primorosa. A esperança, muito aos poucos, sucumbe ao desespero.

Poucos momentos na franquia Final Fantasy são tão pacíficos quanto aquele passeio no bondinho que dá início à jornada de Garnet e Steiner de volta a Alexandria. Trata-se, inclusive, do primeiro reencontro de Garnet com os amigos de Zidane, que, no começo queriam raptá-la.

Antes da turbulência

Chegando a uma estação que oferecia viagens até Treno, Garnet e Steiner conversam entre si e com alguns NPCs ao som da versão mais calma e aconchegante do tema principal do jogo: Melodies of Life.

Quando Marcus e Cinna entram em cena, obviamente, Steiner surta. Ele começa a gritar e pede que a princesa não dê atenção a "criminosos." Ela, entretanto, os enxerga de outra maneira. Afinal, o próprio plano para sequestrá-la havia sido orquestrado por Cid para protegê-la.

É um momento de reconciliação; uma sequência que serve, dentre outras coisas, para mostrar que Garnet havia amadurecido desde o incidente na floresta, quando ainda era uma pessoa ignorante a respeito do mundo fora do castelo. Marcus, inclusive, não demora para perceber isso.

Dentro do bondinho, onde o jogo faz questão de enquadrar os personagens bem de perto, de forma que jogadores possam ver aqueles modelos 3D tão simples em detalhes, Garnet e Marcus discutem os próximos passos que pretendem dar.

O fim da negação

A prioridade de Marcus é salvar Blank, que havia sido petrificado no início do jogo. O principal objetivo de Garnet, por outro lado, é convencer a mãe dela a parar os ataques contra nações vizinhas, já que isso, obviamente, causa sofrimento às populações dos países invadidos.

Chega um momento em que a viagem é interrompida pelo Black Waltz No. 3, uma criatura artificial que já havia sido derrotada pelos personagens antes. Danificado, o inimigo não chega a causar muitos problemas. Na sequência, entretanto, Garnet e Steiner passam por um choque de realidade.

Passada a batalha contra Black Waltz, Marcus diz que Magos Sombros haviam atacado Burmecia e dizimado a população local. Steiner, incapaz de aceitar que a rainha a quem ele servia era a responsável pelos ataques, chega a perguntar aos outros dois quem seria capaz de comandar tamanha atrocidade. Em seguida, Garnet manda ele parar de negar o óbvio.

Garnet, Marcus e Steiner permanecem juntos durante a passagem por Treno, que antecede a chegada a Alexandria, sempre confiantes de que, apesar das dificuldades, eles conseguirão alcançar os próprios objetivos e evitar que o pior aconteça. Steiner, inclusive, começa a questionar, pela primeira vez, a própria falta de senso crítico.

Sem esperança

Finalmente, quando o trio chega a Alexandria, os três são sequestrados. Pouco tempo depois, inclusive, a mãe de Garnet, a Rainha Brahne, permite que Zorn e Thorn executem um ritual de extração das invocações que sempre estiveram dentro da princesa — o que pode levá-la à morte.

É somente após Garnet quase perder a vida que Steiner, assim como a general Beatrix, se volta contra a monarca de Alexandria. Toda a esperança de que a filha faria com que a mãe desistisse da guerra evapora. Não há mais salvação. Brahne realmente quer colocar outras nações de joelhos — então, não importa se ela é a mãe da personagem controlada ou não: ela precisa ser derrotada.

Menos fantástico do que parece

Muitos jogadores podem sentir que Final Fantasy IX é um tanto parado demais nos primeiros minutos ou mesmo nas primeiras horas. É fato que o jogo não começa com uma sequência bombástica de batalhas, como Final Fantasy VII, e assume um tom mais descontraído no início.

Ainda assim, os jogadores mais pacientes tendem a descobrir que, passadas as primeiras horas de calmaria, o que se vê, em seguida, é um mundo arruinado pela sede de poder. Pelo imperialismo. Pelo fascismo, podemos dizer. Algo que precisa ser combatido a todo custo.

Brahne glorifica e até dança para os próprios instrumentos de destruição. Justifica a conquista como manobra preventiva. Coloca a nação de Alexandria acima de todas as outras. Ri enquanto invocações obliteram países inteiros em ataques que remetem, visualmente, às ilustrações dos efeitos de bombas atômicas.

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Toda a jornada de Garnet, indo da estação dos bondinhos até Alexandria, passando pela breve estadia na cidade dos nobres, Treno, marca os últimos minutos que antecedem a descoberta de que só existe uma saída: o confronto direto. Depois disso, a história se mostra cada vez mais dramática, e o mundo se torna cada vez mais arruinado.

Final Fantasy IX está disponível para PS4, Xbox One, Nintendo Switch e PC. As versões dos consoles da Sony e da Microsoft podem ser jogadas também na geração atual.

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