Review: Mortal Kombat 11

Com um banho de nostalgia e muita qualidade técnica, série de luta chega ao auge

Por Claudio Prandoni 26.04.2019 15H09

Depois de um excelente reboot que trouxe Mortal Kombat de volta aos holofotes do mundo dos games, um episódio que expandiu bastante a mitologia da série e dois títulos excelentes de Injustice, a produtora NetherRealm chega ao ápice em Mortal Kombat 11.

Em todos os aspectos técnicos e de conteúdo, MK11 se estabelece como a expressão máxima da franquia, especialmente considerando toda a estrutura criada no reboot.

Ainda assim, é um jogo que também carrega certos excessos e demonstra, de forma consciente, um certo desgaste da fórmula, já preparando o terreno para trilhar novos caminhos no futuro.

Mortal Kombat 11 é lindo, violento, cheio de conteúdo e também extremamente técnico e competitivo. As lutas apresentam um ritmo mais lento do que em MKX, assim como ajustes nos golpes que deixam os duelos mais equilibrados e acirrados.

As barras independentes para comandos especiais de ataque e defesa incentivam o uso dessas habilidades enquanto o Fatal Blow substitui o popular Raio-X de um jeito que também incentiva mais o uso e tem mais potencial para mudar o rumo de alguns combates: quando a barra do lutador chega perto do fim é que o Fatal Blow pode ser utilizado, sendo que apenas um por luta está disponível.

A isso se soma o elaborado sistema de equipamentos e golpes que podem ser equipados, uma clara herança do excelente Injustice 2. As muitas partes diferentes permitem criar visuais variados para o elenco, assim como equipar novos golpes. Para a galera da nostalgia, muitos desses itens também fazem referências a outros personagens e elementos da mitologia de Mortal Kombat.

Crédito: Divulgação

Falando em nostalgia, esse é o mote da história de MK11. De novo, mais ou menos como fez também o reboot da franquia, no jogo que se convencionou chamar de MK9. Enquanto MKX fez a história andar para frente, quebrou paradigmas e explorou áreas inéditas, este novo capítulo promove um encontro entre o presente da série e diversos personagens em suas versões antigas.

Isso abre espaço para fan service aos montes. Em alguns casos é bem divertido, como na dinâmica entre Johnny Cage e sua versão mais nova e arrogante. Em outros, resgata elementos clássicos, como a rivalidade entre Scorpion e Sub-Zero e o flerte entre Liu Kang e Kitana. De maneira geral, é um passeio por uma enorme estrada retrô.

Em tempo: pessoalmente, não gostei muito do final, que mexe bastante com a essência da série. Do jeito que foi feito, senti que tirou demais do mistério e magia do universo de Mortal Kombat, deixando muitas páginas em branco para serem preenchidas. Espero que o futuro prove que não há motivo para preocupação e a NetherRealm consiga surpreender.

Felizmente, o estúdio mantém o alto nível de qualidade nos gráficos, aliados a um capricho cada vez maior na narrativa. O visual é impressionante, especialmente pelos efeitos luz realistas e a incríveis expressões faciais dos personagens, tudo como já visto também em Injustice 2.

Vale pontuar: os Fatalities e golpes continuam extremamente violentos e no limiar do grotesco, jogando sem pudor pela tela cabeças, corações, vísceras e outras partes internas dos lutadores. Mortal Kombat 11 honra bem a tradição da grife.

Tudo isso vale também para a Kripta, reformulada agora como uma aventura com visão em terceira pessoa que oferece um passeio pela ilha de Shang Tsung, o lendário cenário do primeiro MK. Espalhados pela ilha estão diversos baús com itens diversos para ganhar, como skins, equipamentos, artes conceituais e mais.

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Para abrir as caixas é necessário usar moedas virtuais de variados tipos, onde o jogo começa a mostrar um certo inchaço incômodo. A variedade de itens é imensa, mas de pouco valor. Muitos são itens cosméticos para mudar o visual do cartão de perfil nas lutas online.

Além disso, há também itens que podem ser combinados para criar... novos itens! Fiquei com a impressão de uma burocracia excessiva quase sem efeitos práticos relevantes e que pouco empolga, como se buscasse forçar o jogador a lutar muito para conseguir abrir alguns poucos bônus - ou então gastar dinheiro de verdade para desbloquear mais rápido.

Para o público brasileiro, MK11 é também o capítulo com a melhor localização em português. Tudo tem legendas bem traduzidas e o elenco de dublagem dispensa experiências curiosas e nada populares, como aconteceu com MKX que tinha a cantora Pitty no papel de Cassie Cage, e aposta em vozes consagradas de filmes, desenhos e outros games.

Mortal Kombat 11 é um jogo extremamente bem feito e polido no PlayStation 4 e Xbox One, claramente as plataformas principais para as quais o game foi desenvolvido. A qualidade dos gráficos e controles combinam perfeitamente com a história caprichada e repleta de nostalgia e o título ainda vai crescer muito com a chegada de mais lutadores por DLC e um promissor cenário competitivo. O excesso de moedas virtuais e grind para desbloquear conteúdo pode ser cansativo para muitas pessoas, mas certamente não tira o brilho da produção.

O novo jogo da NetherRealm também se revela extremamente consciente da situação atual da série e prepara o terreno para grandes mudanças, especialmente no que se refere à mitologia da franquia, prestando uma grande homenagem a todo o legado criado ao longo de mais de duas décadas.

Nota do crítico