Ubisoft: RH ignorava denúncias de assédio, diz advogada
Mais de 3 mil funcionários dizem ter presenciado ou sofrido casos de assédio sexual e moral
A Ubisoft foi alvo de novas queixas de assédio institucional nesta quinta-feira (15). A publicadora, abalada em 2020 por múltiplas revelações de comportamentos sexistas e violentos de executivos, foi denunciada formalmente por dois ex-empregados da sede em Montreal.
A nova queixa mira a Ubisoft como empresa, mas também 10 funcionários e ex-funcionários do grupo, incluindo o CEO Yves Guillemot e a ex-diretora de Recursos Humanos, Cécile Cornet, que se demitiu após o escândalo.
De acordo com a advogada que atende as duas vítimas da nova queixa, o RH da Ubisoft ignorou e não reagiu repetidamente a denúncias de assédio encaminhadas ao setor por funcionários.
"Parece que o recursos humanos da Ubisoft integrava o esquema de assédio sexual na política da empresa, inclusive em procedimentos de recrutamento, perguntando a candidatos sobre a sua resistência a esse tipo de comportamento", relatou a advogada Maude Beckers.
De acordo com reportagem do Huffington Post, a queixa também atinge o segundo em comando da Ubisoft, Serge Hascoet e o ex-vice-presidente Tommy François, demitidos no ano passado. O CEO Yves Guillemot não é citado diretamente nos testemunhos, mas integra a queixa por ser o responsável pela empresa, incluindo a política de RH. O executivo ainda permanece no cargo após as denúncias.
Contactada pela AFP, a Ubisoft não respondeu à queixa. A empresa abriu mais de 120 investigações internas e demitiu 25 funcionários após as denúncias. O número é limitado, considerando que mais de 3 mil empregados da empresa alegaram ter presenciado ou sofrido alguma má conduta no trabalho em um inquérito interno.
"Estamos lidando com pessoas que sentem uma total impunidade. Mesmo que a Ubisoft tenha reconhecido os fatos, podemos ver que não houve qualquer mudança desde então", disse um dos queixosos a AFP (com informações do Huffington Post).
As acusações contra a Ubisoft tomaram força no fim de junho de 2020, com diversas denúncias de abuso de poder, assédio moral e assédio sexual contra diversos membros do alto escalão da companhia, incluindo o ex-diretor de Assassin's Creed Valhalla, Ashraf Ismail, até o chefe criativo da companhia, Serge Hascoet, entre muitos outros.