Dragon Ball Xenoverse 2 | Crítica

Continuação melhora o “universo expandido” de DB, mas ainda fica abaixo da média

Por Bruno Silva 31.10.2016 13H03

No universo de Dragon Ball, sempre há uma ameaça maior à espreita da Terra, e sempre há um poder maior a ser obtido para combatê-la. É com a filosofia do "mais e melhor" que Dragon Ball Xenoverse 2 chega, repetindo a proposta de um universo expandido para a saga de Akira Toriyama.

Com uma mitologia em franca expansão capitaneada por Dragon Ball Super, auxiliada pela formação de uma nova equipe criativa dentro da editora Shueisha inteiramente dedicada à franquia, Dragon Ball Xenoverse 2 se encaixa nessa estratégia com o objetivo de fan service que norteia quase todos os jogos de anime.

Para aliar o lado comercial ao criativo, a proposta é a mesma do jogo passado: uma força do tempo precisa (novamente) enfrentar forças do mal que (novamente) querem distorcer a linha temporal dos acontecimentos de Dragon Ball. Cabe a você, então, revisitar vários momentos marcantes do anime, desde a luta entre Raditz contra Goku e Piccolo, para garantir que nada mude.

Via de regra, todas as sagas que envolvem viagens temporais em Dragon Ball, costumam ser boas e, apesar de sua simplicidade e falta de momentos originais marcantes, o mesmo pode ser dito da campanha de Xenoverse 2, que cumpre com seu papel de reviver os momentos marcantes do anime/mangá sob uma estrutura que serve ao jogo em si.

Assim como o primeiro jogo, há uma cidade que serve de base para a Patrulha do Tempo e abriga pontos de partida de missões, quests paralelas, compras de itens, treinamento, entre outros - todas com um grau considerável de repetição e reciclagem em relação ao primeiro game.

O céu resplandece ao meu redor

Neste ponto, Conton City é muito superior à Toki Toki do primeiro game. Ela é maior, mais organizada e, ainda assim, não sofre tanto com loadings longos entre suas várias partes - uma das vantagens de ter deixado para trás a geração do PlayStation 3 e do Xbox 360. Passar de uma missão para o hub, entretanto, ainda demora um pouco.

É em Conton que você pode treinar com diversos personagens da saga para obter mais golpes. Ainda que este processo seja um tanto repetitivo - lute contra seu mestre e obtenha a técnica - eu me diverti um bocado tendo personagens como Kuririn, Yamcha ou Piccolo como mestres, ou até mesmo Vegeta me ajudando a atingir o nível super saiyajin.

Você pode escolher entre cinco espécies diferentes para o seu personagem: humano, saiyajin, majin (estas três com opção de gênero), namekuseijin e a raça de Freeza. Cada uma delas tem suas fraquezas e forças, e, outras vantagens a serem obtidas em pontos específicos de Conton - um majin, por exemplo, pode fazer com que Majin Buu tenha uma família maior, obtendo assim mais itens; um saiyajin consegue missões extras com Vegeta na casa de Bulma e por aí vai.

As opções de customização também melhoraram sensivelmente em relação ao primeiro jogo, tanto na hora de criar o personagem como na criação de roupas. Os seus equipamentos ainda afetam os atributos, mas, felizmente, há um novo tipo de item chamado QQ Bang, que se sobrepõe às modificações das roupas e, basicamente, permite que você tenha os atributos desejados vestindo o que quiser.

Posso pressentir o perigo e o caos

As batalhas de Dragon Ball Xenoverse 2 não se diferem muito das do primeiro game, o que é um pouco decepcionante, dada a oportunidade de se corrigir os pontos fracos entre um jogo e outro. A câmera continua um desastre, enlouquecendo a cada lock-on de inimigos que se movimentam rápido e nunca se firmando apropriadamente em combates próximos.

O combate em si é rápido e seu ritmo condiz com a pegada frenética das lutas de Dragon Ball Z, com novas técnicas que o ajudam a se aproximar mais rápido do oponente, mas, novamente, não há muita profundidade. Uma vez que se aprende a desviar e a encaixar combinações de ataques simples e especiais, sempre de olho em qual barra é gasta - algo que acontece com poucas horas de gameplay e é auxiliado por um inúmeros tutoriais - não há muito desafio, independentemente do inimigo.

Em termos de visuais, o maior aprimoramento de Xenoverse 2 em relação ao primeiro game se deve, em sua maior parte, ao fato de o jogo ter se focado nos aparelhos de atual geração. As animações ficam na média dos jogos de anime, embora seja inexplicável a ausência de 60 quadros por segundos nos consoles. As cenas de corte são mais elaboradas do que as de Cavaleiros do Zodíaco: Alma dos Soldados, por exemplo, mas passam longe do primor de Naruto Shippuden Ultimate Ninja Storm 4.

Meu compromisso é sempre vencer

Falando nestes dois jogos, é evidente o quanto a dublagem em português faz falta para um jogo destes. A cada momento clássico do anime que eu revisitava como um Patrulheiro do Tempo, minha imaginação tentava encaixar as vozes de Wendel Bezerra (Goku), Alfredo Rollo (Vegeta), Luis Antônio Lobue (Piccolo) ou Tânia Gaidarji (Bulma) nas falas de seus respectivos personagens. Tanto Alma dos Soldados quanto UNS4 provaram o quanto uma localização em português valoriza a experiência como um todo.

A experiência multiplayer de Xenoverse 2 também foi melhorada em relação a seu antecessor, com missões podendo ser feitas online e um netcode mais estável. Offline, também há mais opções, com lutas contra o computador, contra outro jogador ou em treino.

Dragon Ball Xenoverse 2 amplia a ideia de seu antecessor em praticamente todos os quesitos e até ajuda a firmar uma noção de universo expandido no cânone de Dragon Ball, mas ainda não é o jogo definitivo da saga de Goku e cia. Com um pouco mais de capricho, sobretudo nos combates e na câmera, entretanto, o próximo pode ser.

Dragon Ball Xenoverse 2 está disponível para PlayStation 4, Xbox One e PC (Steam, Nuuvem). O jogo foi testado em um PlayStation 4. Clique no nome das plataformas para conferir o preço do jogo em suas versões digitais.

Nota do crítico