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Apple remove Fortnite da App Store; Epic Games entra com ação judicial

Loja do jogo tinha alternativa que burlava as taxas cobradas pela Apple

Por Breno Deolindo 13.08.2020 16H42

Depois de uma provocação bastante direta da Epic Games, a Apple removeu Fortnite da App Store, afirmando que o game vai contra as suas políticas pré-estabelecidas. A última atualização do Battle Royale dava duas opções de pagamento para o jogador, sendo que uma delas burlava a taxa de 30% cobrada pela Maçã acima das transações realizadas no iOS, justificando o banimento.

Como também acontece no Android, a Apple obriga que todos os aplicativos disponibilizados na App Store paguem uma taxa específica acima de qualquer transação realizada. Em declaração ao The Verge, a responsável pelo iOS esclareceu o problema, mas não abriu possibilidade para negociar uma taxa menor para a Epic Games:

"O fato de que suas intenções corporativas agora fazem com que eles pressionem por um acordo especial não muda o fato de que essas regras criam um campo equilibrado de competição para todos os desenvolvedores, e também garantem que a loja é segura para todos usuários. Nós faremos todos esforços para trabalhar com a Epic e resolver essa violação, para que Fortnite possa voltar à App Store", afirma a Apple.

Vale mencionar que, em 2016, a Apple abriu exceção para a Amazon, abaixando a taxa cobrada sobre novas assinaturas do Prime Video de 30% para 15%. O favorecimento à empresa de Jeff Bezos segue até hoje, com descontos na venda e aluguel de filmes comercializados pela Amazon

O posicionamento da Epic Games a respeito da monetização não é tão recente. Em 2018, também ao The Verge, o CEO Tim Sweeney já dizia que as empresas ganhavam bastante dinheiro em outros setores: "Apple, Google e fabricantes de Android ganham lucros bem vastos com a venda de seus dispositivos, e de forma alguma justificam o corte de 30%".

O ideal traz reflexos também em outros âmbitos: Fortnite demorou muito tempo para entrar no catálogo do Google Play, loja oficial do Android, também por motivos de monetização; para compensar, o game poderia ser baixado por outras fontes e jogado normalmente. A Epic Games Store segue preceitos similares, garantindo um retorno maior ao desenvolvedor do que o tradicional Steam.

Para a Apple, entretanto, não há outra alternativa: obedecer as regras estabelecidas, ou ficar fora do iOS como um todo. A Epic parece já estar preparada para o impacto: em seu Twitter, Fortnite anunciou a exibição de um novo curta metragem para hoje, 13 de agosto, às 20h no horário de Brasília.

O filme é intitulado "Nineteen Eighty-Fortnite", um trocadilho com o livro 1984, distopia onde o governo e o chefe de estado Big Brother domina praticamente todas as ações de seus cidadãos. Com o anúncio, a Epic pode fazer um paralelo similar, colocando Apple e Google como o "governo" do livro.

Posteriormente, a desenvolvedora anunciou, também pelo Twitter, que entrará com ação judicial contra a Apple. O processo menciona justamente 1984, pois o livro serviu de referência para uma grande ação de marketing do Macintosh, primeiro computador desenvolvido pela Apple. A premissa era de que o produto chegava para quebrar o monopólio da IBM, representada justamente como o "Big Brother".

O argumento da Epic se desenvolve em torno disso, afirmando que a Apple tornou-se a própria empresa que tenta monopolizar o mercado e controlar suas nuances.

Ainda sob o mesmo escopo, o Spotify já sem envolveu em brigas judiciais com a Maçã por motivos praticamente idênticos, criticando a taxa obrigatória de 30% cobrada acima de assinaturas na plataforma de streaming musical. O caso já está mais avançado e, atualmente, está sendo investigado pela União Europeia.