Desde o ano de 2020, o Summer Game Fest, evento criado por Geoff Keighley, vem se tornando uma alternativa à E3 para a indústria, mídia e consumidores. As últimas semanas ficaram marcadas, dentre outras razões, pela terceira edição do evento, que mostrou mais de 26 jogos na live principal.
Apesar disso, um burburinho vem tomando conta dos grupos gamers no Discord, Facebook e outras redes sociais com o assunto principal falando sobre como o evento de 2022 não foi tão empolgante. Muitos esperavam God of War: Ragnarok, Persona 6, Mortal Kombat 12 e outros grandes nomes. Nenhum deles se tornou realidade.
De fato, em 2022, o Summer Game Fest teve a faca e o queijo nas mãos para mostrar a própria força. Afinal, não existia "concorrência", por assim dizer. Não havia uma E3 para dividir os holofotes. Era hora de mostrar a importância do evento para a comunidade. Algo que, de certa forma, aconteceu, mas não completamente.
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Antes de seguir adiante, é importante trazer transparência para este artigo opinativo. O The Enemy é um parceiro do Summer Game Fest e está entre os veículos que participam da eleição dos jogos do ano no The Games Awards, também de Geoff Keighley.
Onde tudo começou
Em 2020, o SGF foi um evento relativamente conturbado. Espalhadas ao longo de meses, diferentes apresentações tinham como objetivo trazer diversos anúncios ao longo do ano para tentar acabar com a concentração que acontecia ao longo da história desse mercado.
Vale lembrar que o Summer Game Fest nasceu após um racha entre a E3 e Keighley. Lá em 2019, a E3 foi envolvida em uma série de escândalos que iam desde vazamento de dados de jornalistas até a saída da Sony da E3 e outros casos que aconteceram nos bastidores da feira. Em 2020, Keighley voou “solo”.
Foram eventos para mostrar jogos como Tony Hawk's Pro Skater 1+2, Star Wars: Squadrons, Crash 4 e League of Legends: Spirit Blossom. Também vimos o primeiro gameplay de League of Legends: Wild Rift. E foi na primeira edição do SGF que ficamos sabendo da existência da Unreal Engine 5.
Entretanto, olhando, agora, com certo distanciamento histórico, o primeira Summer Game Fest foi uma tentativa para Keighley usar a própria influência adquirida ao longo de anos de The Game Awards para uma tentativa de seguir sozinho na divulgação dos títulos. E, por esse ponto de vista, foi muito positivo.
A E3 2020 foi cancelada por conta do avanço da Covid-19, porém, as produtoras continuaram com seus eventos na janela de junho. A Sony fez um evento para mostrar os games de PlayStation 5 em 11 de junho, quando apresentou Gran Turismo 7, Marvel’s Spider-Man: Miles Morales e o design do console.
A Microsoft fez o Xbox Games Showcase no dia 23 de junho e trouxe Halo Infinite, Stalker 2 e um novo Fable. Já a Nintendo quase deixou a peteca cair e fez um Direct Mini em julho. A Electronic Arts fez o EA Play em 18 de junho e a Ubisoft trouxe seu evento em julho.
Tudo dava a impressão de que a E3 e até mesmo a Summer Game Fest eram dispensáveis. O que ninguém pensava era que a pandemia de Covid-19 ainda estava longe de acabar…
Ganhando gás
Em 2021, o mundo ainda estava convalescendo com os problemas acarretados com a pandemia. Porém, o mercado de games estava crescendo. Afinal, com mais pessoas em casa, há mais tempo para os jogos. O Summer Game Fest voltou mais robusto e com muitas novidades, porém, sem algo bombástico.
O evento teve uma grande adesão de empresas como 2k, Activision, Bandai Namco, EA — que não fez o EA Play —, Ubisoft, Warner Bros. Games, Mihoyo (antigo nome da Hoyoverse), PlayStation e muitas outras empresas.
Na ocasião, foram revelados Tiny Tina's Wonderlands, Metal Slug Tactics, Death Stranding Director's Cut e Tales of Arise.
A E3, por outro lado, tentou se adaptar ao trazer estúdios e publishers parceiros com eventos na mesma janela em que deveria acontecer o evento físico. Porém, efetivamente, a temporada do ano passado trouxe muitos eventos das próprias empresas e a “E3” acabou se tornando apenas um nome para a "temporada de anúncios".
A Nintendo, por exemplo, fez o próprio evento — coisa que tinha deixado passar em 2020 —, Xbox e Bethesda também fizeram o próprio show e assim fizeram também Square Enix, Capcom e Ubisoft. Foi uma temporada recheada com diversos anúncios.
Os títulos do período iam desde Starfield, a continuação de The Legend of Zelda: Breath of The Wild, Avatar: Frontiers of Pandora e Mario + Rabbids: Sparks of Hope até Forza Horizon 5.
A Sony foi uma ausência bastante sentida nessa janela e só foi fazer um State of Play dedicado a empresas parceiras em julho, quando trouxe detalhes de Deathloop, Sifu e jogos indies como Hunter's Arena.
E em 2022?
Com tudo isso dito, é difícil não concordar que o Summer Game Fest de 2022 trouxe resultados superiores aos que vimos no passado. Call of Duty: Modern Warfare II (que em anos passados seria mostrado em uma conferência de uma grande fabricante), Street Fighter 6, The Callisto Protocol e Marvel’s Midnight Suns são alguns exemplos de jogos AAA que enriqueceram o evento.
Somado a isso, tivemos bons eventos posteriores ao da transmissão do próprio Summer Game Fest, como o evento conjunto de Xbox e Bethesda (com duas apresentações), além da transmissão da própria Capcom. Tal qual a E3 anteriormente, muitas pessoas se referiram ao Summer Game Fest como se fosse a temporada de anúncios em si em um ano até que bem forte.
Indiscutivelmente, o ano de 2022 está mais enxuto do que foram eventos passados. Contudo, com a ausência da E3, o evento de Keighley certamente está mais relevante do que foi um dia.
Keighley ainda não tem a mesma força que já foi da E3, mas está no caminho certo. Vamos ver, em 2023, caso a E3 realmente volte, como vai ser essa disputa.