Super Mario Galaxy é especial por mais de um motivo, mas um deles não é reconhecido o suficiente. Não nos referimos à inovadora mecânica de uso de gravidade em planetas esféricos – mas, sim, da comovente mensagem sobre o luto que o jogo esconde. Trata-se, sem dúvidas, da melhor história de um jogo do bigodudo.

No Observatório que serve como hub do game, há uma biblioteca em que Rosalina lê um livro para um grupo ávido de Lumas. Trata-se da história de origem da princesa que, se você leu até o final, provavelmente lhe deixou em lágrimas.

Imagem de Super Mario Galaxy
Nintendo

A triste origem de Rosalina

Introduzida em Galaxy, Rosalina não demorou para conquistar os fãs. O ar da personagem é místico e um tanto quanto sombrio, mas foi a personalidade altruísta da princesa que cativou os jogadores. 

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Trata-se de uma personalidade chocantemente profunda para um personagem de uma franquia como Mario, que não prioriza narrativa. O mérito dessa boa surpresa cabe à origem nada menos do que triste que o diretor Yoshiaki Koizumi escreveu para a princesa cósmica. 

A história de Rosalina é contada em nove capítulos, que são desbloqueados conforme o jogador avança no game e adquire mais estrelas. 

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A última parte é liberada ao completar Bowser’s Galaxy Reactor, que marca o final do jogo – mas, acredite, vale a pena acessar o arquivo de jogo novamente para ouvir a conclusão do trágico conto. 

O luto de quem fica

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Ao que tudo indica, em um passado distante, Rosalina vivia no Reino do Cogumelo – assim como Peach e o restante da turma. Tudo muda quando a garota encontra uma nave enferrujada habitada por uma pequena estrela rosada – a mesma Luma que acompanha Mario durante o game. 

A estrelinha conta que está esperando por sua mãe, que supostamente virá em um cometa. Rosalina decide se unir à Luma na busca, que leva a dupla para o espaço. Eles se estabelecem em um cometa azul, em que constroem uma casa grande demais para apenas dois habitantes. 

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É no seu novo lar que a princesa tem um sonho repleto de simbolismo. Ela se depara com sua própria mãe humana que, mesmo se afastando, promete estar sempre olhando pela filha, “tal qual o sol durante o dia e a lua durante a noite”. 

A criança questiona o que aconteceria em dias de chuva, quando não se pode ver o sol ou a lua. A figura materna responde: “Então me transformarei em uma estrela por detrás das nuvens e esperarei suas lágrimas secarem”.

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O que até então era uma história infantil se torna um conto dramático e bastante realista. No clímax do livro, Rosalina observa certa colina do seu planeta natal por um telescópio. A garota cai no choro ao rever uma árvore sob a qual “sua mãe dorme”, confirmando que enfrenta o luto pela morte da mãe.  

Renovação

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O desespero de Rosalina diante da saudade de casa – e, além disso, do luto pela perda da mãe – é palpável. Mesmo que breve, a narrativa acerta em cheio ao permitir um encontro do jogador com sua criança interior, ressoando o desamparo da personagem. 

A história da princesa de Mario Galaxy se torna ainda mais poderosa quando a Luma original decide se sacrificar em prol de Rosalina. A estrelinha se choca contra o cometa para dar-lhe uma cauda do cometa, possibilitando que a princesa visite seu planeta natal a cada 100 anos. 

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A mensagem é reforçada no final do game, em que todas as Lumas se sacrificam para impedir um buraco negro que consumiria a galáxia. A explosão resultante reforma o tempo e espaço, dando origem a um novo universo – formado por nova vida. 

Rosalina explica a Mario que a função das Lumas é eventualmente se transformarem em corpos galácticos como cometas e planetas. “Um dia essas estrelas recém nascidas cresceram para se tornarem galáxias”, diz a princesa.  

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Com uma história aparentemente simples escondida dentro do jogo, Koizumi usa Super Mario Galaxy para refletir sobre a existência humana. 

A ótica do diretor é que, por mais que haja morte, o ciclo da existência também é formado pela vida – uma perspectiva otimista e reconfortante sobre o luto. Mais ainda, Koizumi relembra que família não se limita a laços de sangue, de forma que um lar pode ser construído em diferentes lugares. 

Aposto que você não esperava encontrar uma mensagem tão poderosa em um jogo do Mario, não é mesmo?  

LEIA MAIS

Super Mario Galaxy está disponível para Nintendo Wii. Fora isso, é possível jogar o clássico no Switch por meio de Super Mario 3D All-Stars, mas a coletânea deixou de ser distribuída em março de 2021


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