À medida que o sucesso de simuladores cresce, discute-se o emprego de leis da vida real no simulacro virtual. Já houve polêmicas sobre o aumento de estupros num game tipo The Sims, por exemplo. Agora, no Japão, um caso envolvendo o jogo Lineage II coloca a dúvida: como culpar um ladrão que rouba coisas que não existem?

De acordo com uma reportagem do jornal Mainichi Daily News, a polícia da prefeitura de Kagawa prendeu um estudante de intercâmbio chinês que tomava itens de personagens derrotados, para depois vendê-los em sites de leilão. Segundo a empresa NC Japan, que opera o Lineage II, funciona assim: por meio de um mecanismo parasitário, o hacker cria um personagem que automaticamente derrota outros; os jogadores atacados ficam impedidos de continuar a jogar depois do assalto.

Itens como armas, proteção e créditos chegam a custar, nos leilões online, de 2.300 a 8.000 yen (de 50 a 175 reais). O arrematador deposita o valor na conta do estudante chinês (a polícia acredita que o parasita seja utilizado por muitas outras pessoas na China) e toma posse dos itens em local e hora acertados dentro do jogo. Sensacional.

Mas e aí? A polícia de Kagawa investiga como e quando o mecanismo foi criado, mas o processo contra o estudante não deve ir à frente, já que as leis japoneses não vigoram sobre vendas de itens de jogos online. Segundo Masakatsu Morii, professor da Universidade de Kobe ouvido pelo jornal, é a empresa operadora do jogo que deve tomar medidas contra a fraude. Akio Kokubu, vice-presidente da Internet Association Japan, completa: Enquanto houver pessoas ávidas para comprar os itens na internet, o abuso não cessará.