Overwatch é familiar em vários aspectos. A visão em primeira pessoa remete a blockbusters como Call of Duty e Battlefield e as animações parecem uma mescla do estilo gráfico da Blizzard com o visual da Pixar. Ainda assim, quando foi apresentado na BlizzCon 2014, o novo jogo da gigante que criou World of Warcraft parecia algo novo em folha.

"Nós não fazemos jogos casuais, mas queremos que o maior número de pessoas possível consiga jogar nossos produtos". Essa frase foi dita por Jeff Kaplan, diretor de Overwatch, durante o painel do game para imprensa e resume bem a proposta (e a curva de aprendizado) do título. Ele funciona de forma simples e didática, sem precisar encher a tela com tutoriais e sinalizações pelo cenário. É fácil de entender os objetivos da partida, como selecionar os personagens e usar as habilidades disponíveis da melhor maneira. Isso não quer dizer que o jogo não seja complexo. Na verdade, é o oposto. Overwatch foi feito sob medida para se tornar um título de e-sport instantâneo.

Olhar uma partida à distância evidencia uma mistura de gêneros em diversos níveis, independente do modo jogado. Os dois apresentados na BlizCon (soma de pontos e defesa de carga) permitem que os elementos de MOBA, FPS e tower defense apareçam com harmonia. O mesmo acontece com os personagens, que mantém o estereótipo tradicional das classes em shooters (tank, sniper, etc), mas adicionam algumas camadas de habilidades e movimentação que o tornam mais interessantes que o comum. Hanzo anda pelas paredes e usa uma besta tecnológica; Tracer usa pistolas duplas e se teleporta. Soa corriqueiro, mas ao colocar as mãos e praticar, a novidade fica clara.

Além das familiaridades já citadas, Overwatch é inegavelmente parecido com Team Fortress - o que não deixa de ser um elogio. As mecânicas, o humor e o funcionamento das partidas são bem semelhantes ao título da Valve. E por mais que pareça uma cópia no primeiro instante, bastam alguns minutos de jogatina para perceber que o game vai muito além disso. Ele é um conglomerado das experiências que Blizzard teve nos últimos anos em seus maiores jogos, fortalecido pela popularização do gênero de tiro - de onde a empresa tenta extrair o que há de melhor.

O design de Overwatch é cativante, os traços dos cenários e dos personagens atrairão um público variado. Acima disso tudo, esse é um título que mostra uma mudança drástica e necessária na trajetória recente da Blizzard. Ao invés de se manter na zona de conforto de World of Warcraft, Diablo ou Starcraft, a desenvolvedora decidiu entrar na seara mais disputada (e desgastada) da indústria de games. Esse fato é bom não só para os jogadores, que terão uma companhia diferenciada colocando sua visão em um gênero que precisa de mudanças, mas para a indústria em si, pois agora o jogo mudou.

Overwatch terá o beta liberado para o público em 2015 e, por enquanto, está anunciado só para PC.