Policiais corruptos e brutais brotam como chuchu na televisão e no cinema, mas como a indústria dos games já está meio feia na foto, decidiram pegá-la como bode expiatório. O comissário de polícia de Nova York, Raymond Kelly, veio a público anunciar seu repúdio a True Crime: New York City.

No novo título que a Activision lança em novembro para GameCube, PlayStation 2 e Xbox, o NYPD foi transformado em um departamento fictício, PDNY. Nele, o jogador assume o lugar de Marcus Reed, ex-bandido transformado em tira que empreende uma caçada contra o assassino de seu mentor. Quebrar regras é seu lema. Ok, assaltar criminosos não é tão usual assim, mas que policial de ficção não invade propriedades sem mandado?

Kelly se sentiu lesado e convocou o sindicato da categoria a boicotar o jogo. Isso é um ultraje. Acho que o jogo desrespeita todos os oficiais e também foi feito com extremo mau gosto, reclamou ao Daily News no último fim de semana.

A coisa começou a esquentar quando foi anunciado que dois ex-policiais, Bill Clark e Tom Walker, colaboraram com suas experiências durante o desenvolvimento de True Crime. A prática é recorrente na indústria do entretenimento, para dar mais verossimilhança aos produtos - e Clark já serviu como produtor executivo da telessérie Nova York Contra o Crime. O comissário Kelly critica: Isso não é nada apropriado. [Ser policial] é um trabalho duro, um trabalho perigoso, e isso [a consultoria] prejudica o que os oficiais de polícia tentam fazer. Estou triste em saber que ex-membros do departamento estão envolvidos com este jogo.

Patrick Lynch, presidente da Patrolmens Benevolent Association, também mira em Clark - O policial que trabalhou neste jogo deveria se olhar no espelho. Assim ele torna o trabalho mais difícil para todo mundo - e defende que os atores de Hollywood que emprestaram suas vozes aos personagens deveriam devolver seus cachês. Ouvido pelo mesmo jornal, Clark disse: É só um jogo, não um vídeo de treinamento do NYPD. O sindicato deveria parar de se preocupar com videogames e conseguir que policiais ganhem mais do que um salário inicial de 25 mil dólares por ano.