Ano de Copa do Mundo é tempo da Eletronic Arts lançar dois FIFA. Nas últimas edições, o jogo oficial da competição tem sido uma oportunidade de testar tendências e novos conceitos. O sistema de pênalti começou no game da Copa da África do Sul, por exemplo. Apesar dessas inovações, o título se diferenciava pouco, era como uma mão de tinta a mais nos gráficos do jogo anterior. FIFA Copa do Mundo 2014 não segue esse padrão.

O jogo da Copa no Brasil deixa as experimentações de lado e aposta no visual, na experiência de estar dentro do evento. E para conseguir deixar o maior número de pessoas com essa sensação, a EA decidiu aumentar a velocidade das partidas, algo que tornou o tornou mais acessível - quanto mais rápido, mais gols, logo, mais diversão. Colorido como nunca, essa edição supera o estigma de ser apenas um DLC, um material adicional de FIFA 14. A complexidade de seus modos e o trabalho de apresentação em cada um dos menus torna o jogo a celebração à Copa que deve ser.

Cores e sons do Brasil

FIFA Copa do Mundo 2014 só existe para PlayStation 3 e Xbox 360. A decisão é uma medida estratégica, calcada pelos recursos disponíveis para o desenvolvimento do jogo. A parte ruim disso é não poder desfrutar dos belos gráficos do PlayStation 4 e Xbox One - ainda mais quando nota-se um trabalho louvável na parte visual do game. Os menus são cheios de referências ao Brasil, às cidades-sede e ao momento pelo qual a competição passa. Por outro lado, não há evolução notável nos jogadores ou estádios, está tudo igual à FIFA 14.

 

O cuidado da EA com o título fica evidente nos modos de jogo. Tratados como "exclusivos", todos eles são baseados em modelos pré-estabelecidos em outros jogos da franquia. O ineditismo fica para a ambientação, a melhor feita em qualquer edição da série. Seja no clássico Copa do Mundo FIFA (competição) ou no Caminho para a Copa do Mundo (eliminatórias e competição) é latente o trabalho meticuloso que a equipe de desenvolvimento teve.

Ao convocar a seleção do país escolhido, por exemplo, um vasto número de jogadores é disponibilizado; os treinos entre jogos deixam de ser um simples passatempo e se tornam essenciais para a evolução dos jogadores; a mudança de desempenho dos atletas influencia diretamente na evolução do time. E todos esses fatores, combinados à autêntica apresentação digna de Copa do Mundo, envolve quem está jogando de uma maneira única. A frustração da eliminação virtual é, por alguns instantes, equivalente à real, tamanha a imersão causada pelo pacote oferecido.

Pedras no caminho para o Rio

Além da aceleração notória na jogabilidade, FIFA Copa do Mundo 2014 guarda outras diferenças em relação ao antecessor. Nenhuma delas são muito perceptíveis, mas importantes. Novas animações na hora do chute, trombadas mais reais e um jogo corpo-a-corpo mais rápido e de fácil recuperação (melhor adição, que deve se manter em FIFA 15). Essas alterações, no entanto, não o fazem do jogo algo novo neste quesito - os defeitos também foram mantidos. Inúmeras vezes pode-se notar jogadores colidindo de forma errada, por exemplo.

O modo online é outro problema. É complicado encontrar parceiros para jogar, às vezes leva mais de um minuto para conseguir um adversário. Por isso, fica a apreensão pela longevidade do jogo. Se com meses de antecedência não é fácil encontrar pessoas, o que dizer quando a competição acabar. Esperar 'patch' para correção de outros problemas, como colisões e sincronia de troféus, parece algo ainda mais sonhador, pois nem FIFA 14 conseguiu algo parecido.

A provável vida curta e os recorrentes defeitos na jogabilidade jogam contra esse novo FIFA. Tivesse um preço mais acessível, condizente com a "popularização" proposta pela EA, talvez isso não contasse tanto. Não foi o caso, R$ 200 ainda o coloca em um alto patamar de investimento. Mesmo assim, não existem problemas que impeçam que a experiência completa oferecida seja aproveitada. Entre os jogos de competições oficiais da FIFA, Brasil 2014 é o melhor. Para os fãs do gênero, não há receita melhor para aumentar a expectativa.

Nota do crítico