O paradoxo chinês - abertura de mercado maciça e cerceamento político bravo - se reflete no mundo dos games. A comunidade de jogadores no país cresce exponencialmente e o Partido Comunista quer tirar proveito disso.

De acordo com a Interfax China, a desenvolvedora chinesa de games PowerNet Technology está criando um RPG de guerra e estratégia chamado Anti-Japan War Online com o apoio da China Communist Youth League (Liga da Juventude Comunista da China). A idéia é incutir na cabeça da molecada idéias patrióticas contra o Japão - aproveitando que os títulos do gênero sempre colocam dois times, ou nações, ou raças, ou planetas, para lutar um contra o outro.

No jogo, que relembra a invasão da China pelo Japão na Segunda Guerra Mundial, pode-se escolher entre dezessete personagens chineses no combate. E só. A diferença para outros modelos de guerra é que não dá pra optar por um dos lados. Só dá pra jogar com os chineses e, segundo o jornal inglês The Guardian, os desenhistas fizeram os japoneses bem mais feios. Nossos projetistas odeiam o Japão, então eles querem fazer um jogo bem provocativo, mas a equipe de criação tentou manter baixo o índice de violência, disse um gerente do projeto, Liu Junfeng.

Anti-Japan War Online atualmente está na sua versão beta e deve ser lançado no final do ano - só não espere que saia no vizinho. Autoridades do Japão não se pronunciaram sobre o assunto. É difícil dizer se os consumidores (exigentes, como todo público globalizado) encamparão a idéia de ter só dezessete pessoas de um lado pra jogar, quando similares dos grandes estúdios fornecem milhares de opções diversas.

Aliás, pouco importa que o Japão tenha, durante a efeméride dos sessenta anos da explosão da bomba atômica, pedido desculpas formais e oficiais pela invasão. A Juventude Comunista informa que trabalhará no futuro em novos títulos para ajudar a educar jovens jogadores e gerar um espírito nacional.