Já pensou se o mago Merlin fosse mulher? E Gandalf, por que jamais se casou? Estas são algumas das questões que Terry Pratchett tenta esclarecer em Direitos iguais rituais iguais, o mais novo livro da série Discworld editado no Brasil pela Conrad.

Trata-se de uma história sobre sexo. Bem! Na verdade, é uma história sobre magia, mas também tem um pouco de sexo. Claro que não no sentido literal da coisa! Tudo começa quando Drum Billet, um velho mago preste a morrer, busca um sucessor. No entanto, ele só pode repassar seus poderes mágicos a alguém que seja o oitavo filho de um oitavo filho. Em uma pequena vila, há um recém-nascido que se encaixa perfeitamente nesta estranha descrição. Todavia o velho mago, após repassar seus poderes, descobre tarde demais, que não se trata de um menino, e sim, de uma menina!

Algum problema nisso? Muitos! Todo mundo sabe que uma mulher não pode ser maga. Ora, pois! Uma maga é, na verdade, uma bruxa. Seria algo tão estranho quanto um homem ser um bruxo. Afinal, varões só podem ser feiticeiros!

Essa discrepância acontece porque existe magia e... magia!

De um lado, temos a magia emotiva, natural das mulheres e baseada na intuição. Do outro, a racional dos homens, cheia de conceitos, métodos e cálculos. E não se iluda: os dois tipos não convivem em harmonia.

Agora com oito anos de idade, o bebê, transformou-se em uma linda menina de cabelos castanhos. Eskarina, como foi batizada, estava sendo iniciada nas práticas da bruxaria pela Vovó Cera do Tempo. Esk mostra-se uma boa aprendiz de bruxa, pois aprende com rapidez a utilizar os vários tipos de ervas e preparar as poções mágicas. A magia, porém, começa a brotar nela sem controle, causando grandes estragos. Para evitar uma catástrofe ainda maior, sua avó leva-a para a Universidade Invisível, o único lugar onde poderá aprender a lidar com seus poderes. Acontece que, lá, para ser aceita, Esk terá que vencer o machismo dos magos.

Direitos iguais rituais iguais é considerado pelos críticos ingleses um dos melhores livros da série Discworld. Há algum exagero, eu diria. Se comparado aos dois primeiros - A cor da magia e A luz fantástica -, este terceiro volume deixa a desejar. Mesmo assim, é uma boa leitura. Afinal, o sarcasmo e ironia de Pratchett permeiam todas as suas páginas. A história cativará sobretudo as mulheres, pois aborda um tema tão caro a elas, a luta por igualdade dos sexos. Já os homens apreciarão muito mais se derem asas a seu lado feminino.

Neste livro, como ficou evidente, Rincewind dá lugar a Esk como protagonista. No entanto, os fãs do mago picareta pode ficar sossegados. Ele voltará em Sourcery, o quinto volume. E a Conrad já confirmou que continuará publicando Discworld no Brasil.

Infelizmente, nem tudo é perfeito. O preço merece ressalvas. O primeiro livro custa R$ 25,00, o segundo R$30,00, e este R$32,00. Se o aumento continuar, nem quero saber o valor do último.

Em todo caso, a Conrad está de parabéns pelo bom trabalho, sobretudo de tradução. Como Terry Pratchett usa e abusa de trocadilhos, principalmente com os nomes de personagens e lugares, os encarregados pela versão têm que suar a camisa. A editora, porém, tem contornado, com méritos, estas dificuldades.

Direitos iguais rituais iguais - Terry Pratchett
Editora Conrad - 221 páginas
R$32,00 - Compre aqui

Leia também as resenhas dos outros livros de Terry Pratchett:

13/02/2002 Discworld: A luz fantástica [compre aqui]
07/12/2001 Discworld: A cor da magia [compre aqui]
30/04/2001 Belas Maldições - O apocalipse nunca foi tão divertido