Depois de habitar o planeta boato por algum tempo, e ser desmentida, a notícia de que Daniel Radcliffe vai estrelar a peça Equus foi confirmada pelo próprio ator. Os ensaios começam em janeiro, após o término das filmagens de Harry Potter e a Ordem da Fênix, e a estréia em Londres está prevista para março.

Escrita por Paul Shaffer, Equus estreou em 1974. A peça investiga os motivos que levaram o adolescente Alan Strang a cegar seis cavalos do estábulo onde trabalhava e seu relacionamento com o psiquiatra Martin Dysart. O elenco de estréia teve Peter Firth como Alan Strang e Anthony Hopkins como Martin Dysart e acumulou 1209 apresentações. A adaptação para o cinema teve direção de Sidney Lumet, Richard Burton no papel do psiquiatra e Peter Firth mais uma vez como Strang. Na montagem com Radcliffe como Strang o papel do psiquiatra ficará com Richard Griffiths e a direção com Thea Sharock.

Os primeiros rumores de que Radcliffe assumiria o papel foram negados por conta não só de seu envolvimento com a série Harry Potter, mas, principalmente pela natureza da peça. Apesar do personagem ter dezessete anos, Strang é um papel complexo que tem sido interpretado por atores mais velhos, e que não parecia desejável a um ator de dezesseis anos, astro de uma série infanto-juvenil e cuja família relutou em deixar assumir o papel de Harry Potter com medo do impacto que isso teria em sua vida. O desafio também parecia grande demais para a experiência limitada de Radcliffe como ator.

As primeiras notícias confirmando a presença de Radcliffe em Equus, obviamente, apontaram para a existência de cenas de nudez na peça. Mostrando que tem uma boa idéia de onde está se metendo, Daniel Radcliffe tocou no assunto em sua primeira declaração sobre o trabalho, afirmando que a nudez existe, mas não é o centro da peça. Na verdade a nudez acontece em apenas duas cenas e já houve montagens em que a direção decidiu não usar nudez, talvez para não desviar o foco do público do que realmente importa, a mente de Alan Strang.

A escolha de Equus para sua estréia no teatro é uma decisão corajosa de Radcliffe que confirma sua opção pela carreira de ator e seu objetivo de não ficar marcado pelo papel que lhe deu fama. É, também, uma decisão arriscada. Uma boa performance vai lhe garantir o respeito dos britânicos, onde o trabalho no palco ainda é visto como essencial a quem se diz ator. O sucesso também lhe garantirá uma carreira fora de Harry Potter, onde há apenas mais dois filmes no horizonte após o capítulo que está sendo produzido no momento, A Ordem da Fênix.

Uma interpretação fraca em Equus será, por outro lado, um desastre para a carreira de Daniel Radcliffe e o desafio ainda parece grande demais para a experiência do jovem. É difícil pensar, no entanto, que o exigente Richard Griffiths, que acaba de ser premiado com um Tony por The History Boys, aceitaria trabalhar com o garoto apenas por simpatia. Griffiths, que interpreta o Tio Válter em Harry Potter, conhece Radcliffe desde os onze anos e certamente recusaria participar da montagem se não acreditasse que o garoto tem chance de sair inteiro da empreitada.

Antes de Harry Potter, Daniel Radcliffe trabalhou em David Copperfield e em O Alfaiate do Panamá. Fora da série ele trabalhou em December Boys, ainda inédito. Seu companheiro de elenco Rupert Grint também trabalhou fora de Harry Potter em Driving Lessons. Entre o trio principal da série a única ainda sem trabalho fora de Harry Potter é Emma Watson. Alfonso Cuarón, no entanto, deixou bem claro que gostaria de trabalhar com ela fora da série.