Lembra de todos aqueles filmes de espionagem sobre a Guerra Fria? Imagine se alguém fizesse uma paródia sobre tudo aquilo com um avatar que é basicamente o James Bond genérico, e ao invés de enfrentar a Rússia ou os EUA, enfrenta os dois lados. Isso é CounterSpy. É uma ideia brilhante e o conceito é bem executado, mas diversos problemas transformam o que devia ser uma das melhores experiências do ano em algo dispensável.

Tudo em CounterSpy respira cultura pop relacionada à Guerra Fria - visual, trilha sonora e gameplay. A história, que serve apenas de pano de fundo para as missões, conta sobre dois superpoderes competindo para lançar o primeiro míssil nuclear na lua. Só com isso é possível entender que a Dynamighty quer celebrar tudo que saiu de bom, e de ruim, da ficção sobre a época. O senso de humor do título está na medida certa e referências feitas a clássicos, especialmente aos filmes de 007, vão arrancar umas risadinhas aqui e ali.

Cada nível é gerado processualmente, o que significa que em nenhum momento uma fase se repete. Toda vez que você jogar, encontrará inimigos e loot em locais diferentes. Isso evita que os jogadores decorem tudo e transformem a experiência em uma festa de speedruns. É uma boa ideia, e deixa claro que tipo de jogo CounterSpy é: um game sobre jogabilidade. Aqui você joga estilo stealth, ou, teoricamente, será punido por falhar neste quesito. "Teoricamente" porque raramente há alguma punição por simplesmente pegar uma arma não-silenciada e matar todo mundo na sala.

A punição, no papel, suegere que o nível de DEFCON do país que você está espionando subirá e eles intensificarão a preparação contra você e o inimigo. Entretanto, se você tiver qualquer tipo de reflexo, consegue eliminar o alvo que está ativando o alarme muito antes do nível de segurança ser aumentado. A dificuldade também não é lá essas coisas, e com um pouco de paciência é possível eliminar as ameaças sem ser visto por ninguém. A combinação destes dois fatores prejudica CounterSpy e joga fora boa parte da atmosfera de espionagem.

Você se sente um espião furtivo que beija mulheres russas na festa enquanto toma champanhe - até perceber que a inteligência artificial não tem nada de esperta e que você pode brincar e ainda terminar a fase sem problemas. Outro fator que contribui para a frustração são os longos carregamentos, que podem variar de acordo com a plataforma. No PS Vita, logo após terminar um nível e ficar animado para ir ao próximo, recebi um longo tempo de carregamento que tirava meu interesse em continuar.

Isso não quer dizer que CounterSpy não pode divertir. As mecânicas em si são bem trabalhadas e os controles funcionam de forma natural. O gameplay, em cima do qual todo o resto é construído, nunca chega a ser frustrante ou não intuitivo, mas assim que o jogador demanda mais, é decepcionado por outros problemas. Além disso, o jogo é muito curto, é possível terminá-lo em menos de duas horas.

CounterSpy tem ótimas ideias, e consegue trabalhar bem algumas delas, mas no final das contas, não obtém sucesso em balancear seus conceitos e execuções.

Nota do crítico