Tomb Raider. Doom. X-COM. Mortal Kombat. Ninja Gaiden.

A indústria de games está repleta de exemplos de franquias que conseguiram se renovar e revitalizar durante as décadas, seja por meio de criação de novas narrativas, mecânicas de jogo ou simples atualização e refinação de seus sistemas para jogos modernos.

Por outro lado, há um verdadeiro cemitério de reboots de games clássicos que simplesmente não deram certo.

Isso não quer dizer, necessariamente, que o reboot tenha sido ruim por si só, mas que, por algum motivo ou outro, ele simplesmente não tenha encontrado uma forma de trazer de volta o sucesso de uma das grandes franquias da indústria

… Embora, convenhamos, vários desses games sejam realmente muito ruins.

Sonic the Hedgehog (2006)

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Lançado para: PlayStation 3/Xbox 360

O jogo que deveria retornar o nome de Sonic ao topo da indústria acabou tornando-se o símbolo da situação disfuncional dos jogos do mascote da Sega.

Com uma história bizarra, gameplay repetitivo e bugado e otimização terrível (as telas de loading ganharam infâmia quase sem precedentes), não há praticamente nada a dizer de positivo sobre Sonic 2006.

(Sem falar que o clímax do jogo envolve um beijo entre Sonic e uma princesa humana)

Para piorar, durante o desenvolvimento do game, Yuji Naka, cocriador do personagem, deixou a Sega para fundar seu próprio estúdio.

Desde então, Sonic passou a ficar em segundo plano na indústria, embora Sonic Mania possa ter finalmente virado o jogo para a franquia.

Divulgação/Sega

DmC: Devil May Cry (2013)

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Lançado para: PC/PlayStation 3/Xbox 360/PlayStation 4/Xbox One

Após Devil May Cry 4, a Capcom decidiu entregar as rédeas da franquia ao estúdio britânico Ninja Theory, que no passado havia trabalhado em games como Heavenly Sword e Enslaved: Journey to the West (e futuramente em Hellblade: Senua’s Sacrifice).

O estúdio acabou criando um reboot da série, retrabalhando toda a narrativa ao redor de Dante, Vergil e sua luta contra Mundus, além do visual inteiro do game.

O público fã da série não reagiu muito bem às mudanças, para se dizer o mínimo, e apesar de ter seus defensores espalhados pelo mundo - incluindo neste próprio site -, o jogo teve vendas abaixo do esperado pela publisher japonesa.

No fim das contas, o game até chegou a receber uma remasterização para PS4 e Xbox One, mas a Capcom decidiu por voltar para a série principal com o aclamado Devil May Cry V - embora o diretor Hideaki Itsuno tenha elogiado o título da Ninja Theory.

Divulgação/Capcom

Prince of Persia (2008)

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Lançado para: PC/PlayStation 3/Xbox 360

Após o sucesso da trilogia The Sands of Time - em si um caso de reboot de sucesso -, a Ubisoft decidiu fazer um (novo) reinício da série, com um game intitulado simplesmente “Prince of Persia”.

Embora o game tenha um bom número de defensores, e boa recepção crítica, o game não conquistou o grande público após controvérsias como o fato de que é impossível morrer e os quebra-cabeças e desafios de plataforma fossem significativamente mais simples do que seus predecessores.

Anos depois, a Ubisoft publicou The Forgotten Sands, jogo que se passava no mesmo universo de Sands of Time, e que também buscou chamar a atenção do público junto à adaptação cinematográfica da franquia, estrelada por Jake Gyllenhaal.

Divulgação/Ubisoft

Medal of Honor (2010)

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Lançado para: PC/PlayStation 3/Xbox 360

Nos fim dos anos 1990 e início dos anos 2000, Medal of Honor era o grande nome entre os jogos de tiro de Segunda Guerra, com clássicos como Underground e Allied Assault.

Com o passar dos anos, porém, Call of Duty começou a se impor no mercado, até finalmente transformar o mundo dos shooters com Modern Warfare, levando o combate para tempos contemporâneos.

Sendo assim, a EA tentou correr atrás da nova onda e lançou Medal of Honor de 2010, que tem inspiração em combates e batalhas da Guerra do Afeganistão, mas que não encontrou o nível de sucesso de seu principal rival.

O game até vendeu bem o suficiente para render uma sequência, Medal of Honor: Warfighter, de 2013, mas depois disso a franquia entrou em um estado de hibernação que continua até hoje.

Divulgação/Electronic Arts

Golden Axe: Beast Rider

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Lançado para: PlayStation 3/Xbox 360

Golden Axe é, até hoje, considerado uma das grandes séries da era dos beat ‘em ups nos arcades, com jogos repletos de pancadaria com espadas, machados e magia.

Mais de uma década após seu declínio de popularidade, a Sega tentou revitalizar a série com Golden Axe: Beast Rider, em uma reimaginação com conteúdo “maduro” com a amazona Tyris Flare como protagonista.

(E por “maduro” entenda-se: sangue e peitos)

Divulgação/Sega

SimCity (2013)

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Lançado para: PC

SimCity foi um jogo tão ruim que matou seu estúdio.

Procurando trazer a franquia de volta uma década após SimCity 4, a principal ideia do novo game seria a ênfase em seu componente online, exigindo que o jogador sempre estivesse online para acessar suas cidades, e regiões metropolitanas que poderiam ser construídas com seus amigos.

Esta mecânica acabou por semear o próprio fracasso do jogo, já que o lançamento de SimCity ficou totalmente marcado por problemas nos servidores da EA - o que, por tabela, tornava o jogo impossível de ser jogado.

Mesmo após os problemas de conexão serem resolvidos, as impressões de SimCity só continuaram a piorar, já que os jogadores tiveram a chance de ver todas as limitações técnicas do game, mesmo comparado com seus predecessores feitos há mais de uma década.

Em 2015, a EA fechou o estúdio Maxis Emeryville, responsável pelo jogo, e a Maxis - um dos grandes bastiões para o mundo dos jogos de PC - agora trabalha em conjunto com a divisão mobile da empresa.

Divulgação/Electronic Arts

Bomberman: Act Zero (2006)

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Lançado para: Xbox 360

Em uma das decisões mais incompreensíveis já feitas na história da indústria de games, a Hudson Soft. decidiu que a era do Xbox 360 era o momento perfeito para transformar o clássico Bomberman em uma franquia “sombria”.

O mais esquisito é que, além da mudança de estética, as mecânicas de Act Zero eram essencialmente as mesmas dos jogos clássicos da série, exceto que implementadas de forma terrível em um game mal otimizado e profundamente genérico.

Aprendendo com os erros, tanto a Hudson quanto, posteriormente, a Konami decidiram trazer de volta o visual clássico para os games seguintes.

Divulgação/Hudson Soft

Mirror’s Edge Catalyst (2016)

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Lançado para: PC/PS4/Xbox One

Por anos, o público pediu que a Electronic Arts desenvolvesse um novo Mirror’s Edge, que apesar de não ser um enorme sucesso de vendas, recebeu críticas positivas e formou um grupo de fãs significativo.

Finalmente, em 2016, a EA atendeu os pedidos do público, trazendo Mirror’s Edge Catalyst, um reboot do game original que colocava a protagonista Faith Connors em um mundo aberto de telhados e arranha-céus espelhados.

A reação ao produto final foi relativamente tépida.

Embora o jogo mantivesse as excelentes mecânicas de movimentação e parkour, e que o mundo aberto potencializou estes elementos, a narrativa central do game é extremamente fraca, e o conteúdo de missões paralelas foi considerado repetitivo.
As vendas do jogo não foram nada de especial, o que combinado com a recepção mediana da crítica provavelmente significa que não veremos um novo Mirror’s Edge tão cedo.

Divulgação/Electronic Arts

Final Fight: Streetwise (2006)

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Lançado para: PS2/Xbox

Outra tentativa de trazer um beat ‘em up clássico para uma nova geração de plataformas, Final Fight: Streetwise é um jogo de pancadaria 3D em que o jogador controla o irmão de Cody, Kyle Traves.

O resultado final é um jogo com combate entediante, repetitivo e pouco inspirado em ambientes feios e confusos, pontuados por minigames desnecessários e sem graça.

Fracasso entre crítica e público, Final Fight tem hibernado nos vastos túneis subterrâneos de propriedades intelectuais da Capcom desde então.

Divulgação/Capcom

Wolfenstein (2009)

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Lançado para: PC/PlayStation 3/Xbox 360

A franquia Wolfenstein tem o curioso histórico de três reboots seguidos, que também são sequências entre si para a narrativa da série.

Return to Castle Wolfenstein, de 2001, e The New Order, de 2014, foram amplamente elogiados pela crítica e público no seu lançamento. Entre eles, porém, também foi lançado Wolfenstein, de 2009, que não alcançou o mesmo sucesso de seu predecessor e sucessor.

Embora não tenha recebido o mesmo ódio de alguns títulos já listados, o game da Raven Software também não chegou a empolgar muita gente.

Ainda assim, muitos dos personagens, conceitos e narrativa do game foram utilizados e reaproveitados pela MachineGames em The New Order.

Divulgação/Activision

Dungeon Keeper (2014)

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Lançado para: iOS/Android

Dungeon Keeper é considerado um dos títulos mais consagrados entre os jogos de PC dos anos 1990, um clássico da saudosa Bullfrog Productions, cuja reputação foi basicamente o que manteve Peter Molyneux tão revelante até o início desta década.

O Dungeon Keeper de 2014, lançado para plataformas mobile, é considerado um dos caça-níqueis mais infames criados para estes dispositivos, um jogo que cobrava por basicamente cada aspecto da construção do seu calabouço, forçando o usuário ou a comprar itens via gemas (adquiridas principalmente via microtransações) ou esperar horas e mais horas para cavar mais um pedaço de seu território.

O game foi absolutamente desprezado, com David Jenkins, do jornal britânico Metro, resumindo a impressão geral do jogo: “Uma perversão doentia sobre o mero conceito de videogames.”

Divulgação/Electronic Arts

Turok (2008)

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Lançado para: PC/PS3/Xbox 360

Turok: Dinosaur Hunter e Turok 2: Seeds of Evil são jogos lembrados até hoje pela sua variedade de armas e inimigos inventivos, que iam de dinossauros, alienígenas, a dinossauros modificados por alienígenas.

O Turok de 2008, por sua vez, é um shooter relativamente genérico e sem sal, embora ainda dê a oportunidade ao jogador de metralhar criaturas pré-históricas.

Divulgação/Disney Interactive

Thief (2014)

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Lançado para: PC/PS4/Xbox One

A série Thief é considerada uma das grandes progenitoras do gênero de furtividade, inspirando franquias como Hitman e Splinter Cell.

Os jogos originais da franquia eram adorados por seus mapas enormes e cheios de segredos, mecânicas e equipamento variado e inteligência artificial complexa.

O Thief de 2014, por sua vez, não trazia nem um elemento particularmente especial ou que o tornasse diferente de tantos outros jogos do gênero, além não trazer nem muitos elementos que tornaram a série consagrada, com mapas menores e sem a mesma inventividade de seus predecessores.

Divulgação/Square Enix

Bionic Commando (2009)

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Entre 2008 e 2009, a Capcom lançou dois jogos da série Bionic Commando. O primeiro, Rearmed, é uma reinvenção do clássico do NES para a nova era, e foi bem elogiado pela crítica.

O Bionic Commando de 2009, por sua vez, é mais conhecido pela reviravolta bizarra de sua narrativa, mas de resto o game não trouxe nada de muito mais interessante ao gênero de jogos de ação.

Não só isso, o jogo vendeu apenas 27 mil cópias nos EUA na sua primeira semana, sendo um fracasso comercial.

Divulgação/Capcom

Need for Speed (2015)

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Lançado para: PC/PS4/Xbox One

Uma das franquias de corrida mais conceituadas da indústria, Need for Speed precisava se renovar, após a recepção mediana de Most Wanted (em si uma espécie de reboot) e Rivals.

Sendo assim, a EA e a Ghost Games tentaram reinventar a franquia com um jogo que lembrava títulos anteriores da série, como Underground, mas sem o seu charme. Não só isso, o fato do jogo ser sempre online não ajudava com sua estabilidade.

No fim, o jogo não conseguiu conquistar o público, e a série Need for Speed ainda procura um game que o leve de volta ao topo da indústria.

Divulgação/Electronic Arts