Secret of Mana é uma jóia da Square na geração 16-bits que parecia ter ficado perdida no passado ou em poucos novos episódios da série de muita qualidade e pouco sucesso comercial.

Uma versão medíocre para smartphones e um relançamento na memória do limitadíssimo Super Nintendo miniatura pouco faziam para reviver a memória do clássico até o lançamento deste remake tridimensional, em versões para PlayStation 4, PC e até PS Vita.

Por um lado é muito bom ver um jogo tão divertido chegar a mais plataformas, mas o resultado é pouco empolgante. A cada acerto em algum aspecto o jogo erra em outro, resultando em um game que não é nem melhor nem pior que o original, apenas diferente - mas ainda bem que a essência ficou intacta.

A história continua a mesma do cartucho lançado para SNES em 1993: Randi é um garoto que, por acidente, toma posse de uma lendária espada mágica. O evento é apenas um dos muitos que faz monstros acordarem e atacarem humanos e também atrai a atenção de organizações com intenções pouco nobres. Cabe a Randi se unir a improváveis aliados para resgatar poderes místicos e evitar que o caos reine sobre o mundo.

A mudança mais notável está no visual, que abriu mão dos gráficos 2D e adotou modelos tridimensionais. O tratamento é o mesmo de Adventures of Mana, episódio anterior da série, mas o resultado é questionável.

Em Adventures of Mana o ganho de qualidade foi imenso: o jogo original era de 1991, para o Game Boy, então os personagens e cenários 3D realmente deram muito mais vida e carisma ao game.

Secret of Mana, porém, era um dos títulos mais bonitos da geração 16-bits, um exemplo de belo trabalho em pixel art. A troca foi de pixel art de alta qualidade por gráficos 3D apenas medianos.

De maneira alguma isso tira o brilho dos lindos cenários da aventura, mas talvez pudessem ter optado por polir a arte bidimensional, como aconteceu no saudoso Legend of Mana, do PS1.

Combates de Secret of Mana seguem divertidos e estratégicos (mas poderiam ter melhorado a Inteligência Artificial dos companheiros...)

Caso parecido acontece com trilha e efeitos sonoros, todos remasterizados. Algumas faixas brilha com o acréscimo de instrumentos e fidelidade sonora, enquanto outras soam estranhas e pouco combinam com alguns cenários. Felizmente, existe a opção de usar a trilha original do Super Nintendo, minimizando o problema.

Uma novidade terrível foi a adição de dublagem - apenas em inglês e japonês - para o jogo todo. As interpretações são fanfarronas e exageradas, dando um tom de galhofa à história. Para piorar, os personagens não movimentam a boca quando falam, dando ares muito estranhos a todos os diálogos.

Por outro lado, houve acréscimo de muitas conversas entre os protagonistas Randi, Popoi e Primm que desenvolvem mais as características de cada um e a divertida dinâmica da equipe - aliás, um dos pontos altos de Secret of Mana. Os diálogo são legais e divertidos, em linha com o clima de aventura de toda a jornada, mas são também vítimas das dublagens questionáveis - ah, e também da inexplicável ausência de legendas em português em todo o game.

O combate segue idêntico, com boas doses de estratégia e o curioso multiplayer em tempo real para até três pessoas. Mudou para pior o sistema de configuração do comportamento dos colegas em combate quando controlados pelo computador e, na real, a própria inteligência artificial do jogo é pobre. A Square poderia ter aproveitado a oportunidade para trabalhar melhor esse aspecto, mas deixou passar.

Felizmente, este novo Secret of Mana é um remake no limiar da remasterização, garantindo que muito do conteúdo original esteja intacto, sejam eles erros ou acertos. Caso você tenha deixado passar esta pérola dos RPGs japoneses da geração 16-bits esta é uma opção muito mais acessível para conhecer a aventura de Randi. Caso você já seja um guerreiro de Mana de outras eras, vale preservar as boas lembranças e deixar este remake de lado.

Nota do crítico