Depois do sucesso do simpático Unravel, a produtora Electronic Arts decidiu investir mais em produções de estúdios menores e propostas pouco convencionais a ponto de criar um selo para isso: o EA Originals, revelado durante a E3 2017.

O primeiro game da linha é Fe, que parece traduzir bem as virtudes e desafios do selo. Trata-se de uma aventura de visual provocante e mecânicas fofas, mas que sofre com falta de profundidade e polimento.

O protagonista é um bichinho com traços genéricos, como um focinho de raposa e grandes orelhas redondas - que lembra bastante o Stitch, da Disney.

A princípio, a criatura se comunica com a flora e fauna do ambiente por meio de canto. Ao longo do caminho, é possível aprender outros cantos para interagir com o ambiente, assim como habilidades para explorar áreas diferentes.

Ao final do jogo, tarefa que exige cerca de 5 a 6 horas, o pequeno herói pode escalar árvores, planar como se tivesse asas e cantar para usar flores que serve de trampolim ou abrir caminho por meio de barreiras de cogumelos, só para citar alguns poucos exemplos.

Fe chama atenção de cara pelo visual, com tons escuros e gráficos 'quadrados', como se fossem modelos tridimensionais de poucos polígonos. O estilo é bonito e distinto, mas nem sempre é o mais prático.

A falta de variedade de cores em alguns momentos e o estilo quase sempre igual torna fácil se perder pelo mapa do game, cheio de áreas conectadas. Confesso que em muitas partes eu explorei mais utilizando o prático mapa 2D que o jogo tem como referência na tela do que andando pelo cenário em si.

Cantar é a principal forma de interagir com outras criaturas em Fe

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Falta variedade também nos desafios encontrados pelo caminho. Os padrões de quebra-cabeças se repetem demais, assim como os trechos em o objetivo é ser sorrateiro e não ser avistado por certos inimigos. O encanto da descoberta de todos esses momentos no início da aventura foi substituído por tédio ao final da jornada.

Como incentivo para ir até o final e explorar todos os cantinhos está uma história cativante, ainda que confusa. Fe trata claramente de ecologia e como todos os elementos convivem em equilíbrio - e o quão fácil e perigoso é destruir isso.

Os embates contra inimigos são tensos e muito repetitivos

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As interações entre o protagonista e outras criaturas e plantas é de derreter o coração, especialmente pelos diferentes cantos. Além disso, há dezenas de cristais espalhados pelo cenário que servem para abrir novas habilidades (algumas até que não são essenciais para terminar o jogo) e também pinturas que dão mais pistas sobre o enredo e o mundo onde tudo acontece.

Fe apresenta uma proposta extremamente original e promissora, mas que se perde na execução de muitos elementos. Sorte que se trata de uma experiência curta, que acaba justamente pouco antes de esgotar toda a graça.

É um começo satisfatório para o selo 'indie' da Electronic Arts, mas que ainda pode (e precisa) crescer muito para bater de frente com outras produções.

Fe está disponível para PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch e PC. O teste foi realizado em um PS4 convencional. Clique no nome da plataforma para ver o preço do jogo em sua versão digital.

Nota do crítico