Zelda: Você pode não ter percebido, mas Tingle é um cretino

Não há dúvidas que Tingle corresponde a um dos personagens mais esquisitos de Zelda. Recorrente na franquia, o cartógrafo aparece ao longo das eras como alguém que acredita piamente que é uma fada capaz de utilizar magia – duas coisas que não são verdade. 

Porém, você pode não ter percebido, mas por trás da fachada carismática e bobalhona do personagem há um verdadeiro cretino – algo que comprovamos em The Wind Waker.

No jogo de GameCube, encontramos Tingle pela primeira vez em uma prisão. O povo de Windfall Island o deteve por ter roubado uma Picto Box – aparato similar ao que usamos no jogo para tirar fotografias. 

Ao ver Link entrando pela porta, Tingle implora para que seja solto – e, caso obedeça, o jogador pode explorar a cela do prisioneiro. Ali, há um túnel acessível por um buraco na parede e, ao atravessá-lo, chegamos a uma sala repleta de crânios. 

O local parece um verdadeiro cemitério, algo evidenciado pela lápide que se encontra ao centro da sala. Fica claro depois que, diante do que descobrimos sobre o personagem, que este já era um sinal da verdadeira natureza do Tingle. 

Após ser solto, o cartógrafo passa a ser encontrado no que egocentricamente chama de Tingle Island: uma ilhota formada por um pequeno trecho de terra e uma torre de madeira no formato de totem, cujo topo corresponde a uma cabeça gigante de Tingle. 

A desnecessariamente grande cabeça de madeira gira constantemente e funciona como farol ao escurecer. É apenas quando subimos as escadas da e alcançamos o mezanino da torre, contudo, que descobrimos a verdade cruel por trás de seu funcionamento: a geringonça é movida à base de trabalho braçal. 

Dois homens vestidos com roupas similares a Tingle empurram um aparelho de madeira fixo à coluna ao centro do mezanino, fazendo o topo da torre girar. Vestidos com roupas bizarras similares à de Tingle, as duas figuras resmungam – com razão – o quão pesado é o trabalho. 

Ao conversar com eles, Link descobre que se trata de Ankle, irmão de Tingle, e um homem misterioso chamado David Jr. 

Caso adquira a figura de David na Nintendo Gallery, o jogador descobre que, no passado, ele era um explorador que desbravou o Grande Oceano em busca de conquistar o tesouro do Navio Fantasma. Contudo, um dia ele foi surpreendido por um furacão e seu navio naufragou. Ao despertar, ele se viu na praia de Tingle Tower. 

David conta que se assustou com o que viu ao abrir os olhos: alguém havia vestido ele com aquele uniforme bizarro. O explorador então descobre que esse alguém se tratava de Tingle, que o forçou a trabalhar na geringonça. 

David é mantido como prisioneiro da ilha desde então. 

Ou seja: sim, Tingle mantém o próprio irmão e um total desconhecido em trabalho escravo para girar uma torre de madeira excêntrica construída em sua homenagem. 

Além disso, uma estatueta da Nintendo Gallery revela que a torre foi construída por um segundo irmão do cartógrafo – Knuckle. O mais assustador? O jovem teria feito a enorme construção quando possuía apenas 10 anos de idade. 

Teria Knuckle sido forçado por Tingle a levantar uma enorme construção de madeira quando ainda era criança? A esse ponto, este é um cenário bem provável. 

Para piorar a situação, aparentemente Tingle tem uma personalidade abusiva. Em um de seus diálogos, David Jr. implora para que Link fique mais um pouco, pois Tingle – que descreve como “o cara maluco de verde” – se torna “fora de controle” quando o jogador deixa a ilha. 

Nos dias em que Link visita o local, além disso, Tingle fica de “bom humor” e trata os dois prisioneiros melhor, como explica Ankle. 

Então, sim, à primeira vista Tingle pode parecer apenas um personagem excêntrico adicionado ao jogo para servir como alívio cômico. Porém, no fim, ele não passa de um grande babaca egocêntrico e sem coração. 

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The Legend of Zelda: Wind Waker está disponível para Nintendo GameCube. Um remake do jogo, Wind Waker HD, pode ser jogado no WiiU. 

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