Por qualquer métrica, Pokémon pode ser considerada uma das maiores franquias do entretenimento mundial - e o plano da Pokémon Company, que administra a marca, é fazer com que essa hegemonia continue mesmo depois que todos que são vivos hoje já tiverem partido para uma melhor.

"Pessoalmente, quero que Pokémon continue sendo uma marca sob os holofotes mesmo depois que eu deixar de existir nesse mundo," revelou o COO da Pokémon Company, Takato Utsunomiya, em entrevista coletiva com presença do The Enemy. "Quero que Pokémon seja algo brilhante, que vá muito além da vida de uma única pessoa, e dure por 400, talvez 500 anos."

PH Lutti Lippe

Em meio ao turbilhão de eventos temáticos centrados no Mundial de Pokémon, que aconteceu no início do mês em Yokohama, Japão, o executivo número 2 da marca destacou a apresentação realizada pela Orquestra Sinfônica NHK com interpretações de temas da franquia de monstrinhos.

"Misturamos Pokémon e música clássica - e música clássica, como é consumida hoje, é algo que existe há centenas de anos. Em termos similares, queremos que Pokémon dure dessa maneira também. Então, quando tomamos decisões a respeito da série, precisamos sempre ter essa visão a longo prazo."

Quando executivos da indústria de games falam em "longo prazo," eles raramente estão pensando em períodos maiores do que 10 anos. Mas quando o assunto é Pokémon - uma marca que, de acordo com o License Global, já vendeu mais de 480 milhões de jogos -, séculos parecem ser a métrica utilizada.

Takato Utsunomiya, o chefe nº 2 de Pokémon

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Utsunomiya explicou que Pokémon sempre pensa primeiro em como seus produtos vão conquistar crianças, mas que o público que é fã da franquia contempla todas as idades, inclusive pessoas que são fãs da série desde a infância e hoje trabalham na Pokémon Company.

"As crianças estão sempre na dianteira de novas tecnologias e tendências, então precisamos sempre ficar de olho no que elas estão fazendo," explicou o executivo. "Quando eu era criança, minha mãe não me deixava jogar videogame porque dizia que eles estragariam minha vista. Mas quando ela era criança, meu avô não a deixava ir no cinema - dizia que ali era um lugar escuro, em que coisas suspeitas aconteciam. E eu sempre pensava, 'Vou ser um pai diferente. Não vou agir assim com meus filhos.' Mas hoje, quando vejo meus filhos mexendo no TikTok, também me sinto desafiado da mesma maneira."

"Mas, dentro da Pokémon Company, não podemos desconsiderar uma ideia por preconceito. Se as crianças enxergam valor em algo, precisamos estudar este algo para ver se há uma maneira de aproveitar aquilo para crescer o mundo de Pokémon."

Este empenho em renovar a franquia resulta em produtos como o recém-lançado Pokémon Sleep, que é focado na manutenção da qualidade do sono e já cruzou a marca de 10 milhões de usuários. Segundo Utsunomiya, o amplo escopo de faixas etárias diferentes atingidas por Pokémon é um triunfo que a marca tenta usar a seu favor.

"Como Pokémon começou 27 anos atrás, quem começou a jogar com 10 anos hoje tem 37," analisou o executivo. "Então temos muitas pessoas que foram fãs de Pokémon a vida toda trabalhando em tudo quanto é tipo de empresa, e em várias indústrias. Isso facilita nosso trabalho na busca por colaborações, por combinações com outras marcas que possam gerar produtos inesperados e inovadores de Pokémon."

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Ao final do Mundial de Pokémon, a empresa fez vários anúncios a respeito de mais conteúdo Pokémon, incluindo novas expansões do card game, uma nova animação e atualizações para os videogames. Todos estes, produtos que sempre sofrem críticas dos fãs mais assíduos, mas que continuam quebrando recordes de popularidade ano após ano.

E assim, Pikachu e companhia seguem em um esforço de conquista global que pareceria megalomaníaco vindo da boca de um executivo de qualquer outra empresa, mas que parece razoável na voz de Utsunomiya.

"Nós temos uma frase que citamos como nossa missão na empresa - 'unir o mundo através de Pokémon.' Nós queremos conectar as pessoas usando a marca," revelou Utsunomiya. "E nós somos populares em muitos lugares do mundo. Mas, quando olhamos para a porcentagem de pessoas que são fãs de Pokémon por aí... faltam bilhões de pessoas que ainda não conseguimos atingir. Então nossa meta sempre será alcançar cada vez mais pessoas."

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