A Nintendo, que passou cinco anos entre 2015 e 2020 fora do mercado nacional, diz ter aprendido com os erros do passado e que voltou ao Brasil “pra ficar.”

Em entrevista ao The Enemy, o diretor sênior e gerente geral para a América Latina da Nintendo of America, Bill van Zyll, explica que a empresa está sendo mais metódica na maneira como traz produtos como o recém-lançado Nintendo Switch com tela OLED ao país.

“Na época do Wii e do Wii U, não tínhamos o modelo certo de negócio para o Brasil. Não era sustentável,” diz. “O modelo que estamos construindo agora é sustentável, em parte por estarmos sendo mais cuidadosos – para não repetir os erros do passado. Acreditamos que, dessa forma, voltamos pra ficar a longo prazo.”

Bill van Zyll, da Nintendo of America

Pedro Henrique Lutti Lippe

O executivo cita a necessidade de homologação de produtos pela Anatel, o plug de tomada diferente e o processo da Classificação Indicativa como fatores que tornam o lançamento dos produtos Nintendo mais complexo no Brasil do que em outros países da América Latina. “Tudo isso acrescenta tempo ao processo. Nós estamos tentando trazer os produtos o mais rapidamente possível, mas não queremos tropeçar.”

Durante o Brasil Game Show, a Nintendo revelou que lançará “títulos seletos” de Switch em cartucho no Brasil, com o preço sugerido de R$ 350 cada. A lista inclui clássicos da plataforma como Mario Kart 8 Deluxe e Super Smash Bros. Ultimate, além de lançamentos recentes como Pokémon Legends: Arceus e Splatoon 3.

“Vamos começar com títulos seletos, e construir a partir disso. O plano é continuar trazendo mais produtos e serviços, para colocar o Brasil em linha com o resto da região,” afirma.

Quando questionado sobre a possibilidade dos lançamentos de jogos em cartucho no Brasil ter paridade com os EUA, van Zyll diz que isso foi um pedido do presidente da Nintendo of America. “Foi meu chefe, Doug Bowser, que colocou esse plano na mesa. Em uma reunião recente, ele disse, ‘Ok, vamos lançar jogos em cartucho, mas como fazemos com que eles cheguem lá no mesmo dia [que nos EUA]?’ – temos muitas coisas para trabalhar. Não podemos ter vazamentos, é um processo novo, então é algo que vai demorar um tempo.”

“Mas é o certo a se fazer para os fãs, e é algo que meu chefe quer.”

Ainda que a Nintendo já tenha marcado presença no Brasil em vários pontos de sua história, a atual investida tem uma característica inédita: é a primeira vez que a empresa está traduzindo jogos para o idioma local.

“Nós não apenas traduzimos os jogos, nós os localizamos. É preciso um cuidado especial com a escolha de palavras, para que as emoções, o humor, e tudo mais seja transmitido da maneira correta,” explica van Zyll. “Nós não vamos simplesmente terceirizar uma tradução. Fazemos a localização em grande parte internamente, e isso leva um tempo.”

Nos últimos meses, a Nintendo lançou jogos como Mario Strikers: Battle League e Mario Party Superstars com suporte ao português do Brasil, mas deixou títulos com mais volume de texto, como Xenoblade Chronicles 3, sem a opção de idioma local.

“Temos um comprometimento de aumentar o número de jogos que estão em português do Brasil. Começamos por jogos que têm um público expandido, mas nossa meta é ter todo o nosso conteúdo localizado – só que isso, também, leva tempo,” afirma o executivo, que ainda não confirma se títulos futuros como The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom serão, ou não, contemplados por uma localização nacional.


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